Orientações para um voto consciente: Critérios para a escolha dos candidatos

A partir dos princípios e valores da Ética e da Doutrina Social da Igreja podem ser estabelecidas algumas orientações:

1. Para escolhermos um candidato devemos examinar suas idéias, os valores que ele defende e também sua vida. Devemos conhecê-los para saber se são pessoas decentes, que têm uma história passada de compromisso com os princípios que diz defender;

2. Devemos também examinar seus projetos, e se estes se encontram de acordo com o partido ao qual o candidato está filiado. Ao votarmos em um candidato, estamos votando não só em uma pessoa, mas também em um partido e, no caso das eleições proporcionais, ajudando a eleger outros candidatos do mesmo partido;

3. Devemos procurar votar em candidatos cujas propostas defendam a dignidade da pessoa e da vida, desde a concepção até a morte, sobretudo dos mais pobres;

4. A defesa da vida deve traduzir-se em projetos que ajudem a construir a Cultura da Paz, através da inclusão social e da proteção das pessoas contra as diversas formas de violência;

5. Muitos projetos podem ajudar a diminuir o desemprego e a exclusão social. O estado deve conduzir uma política econômica que favoreça o desenvolvimento e gere emprego e distribuição de renda. Deve também criar e manter programas para apoiar as famílias de baixa renda, promover atividades comunitárias e cooperativas, programas para combater e exclusão digital, etc...

6. O compromisso dos candidatos com a questão ecológica é fundamental, e deve traduzir-se no apoio à formulação de políticas de desenvolvimento sustentável que respeitem a natureza, fonte de vida para nós e para as gerações futuras, assim como no respeito à biodiversidade;

7. As propostas que se colocam em defesa da vida e a favor do estabelecimento de uma Cultura de paz devem também incluir o cuidado da infância e da adolescência e o combate a prostituição, a pornografia e a exploração do trabalho infantil. Deve também promover uma educação escolar de qualidade, assim como programas que ajudem a evitar o abandono escolar;

8. Do mesmo modo devem incluir a defesa da dignidade e dos direitos dos idosos, bem como facilitar para todos, o atendimento à saúde e o acesso a remédios;

9. Os candidatos devem também estar comprometidos com o respeito ao principio de subsidiariedade, incentivando, respeitando e estabelecendo parcerias com as organizações não-estatais que promovam o bem publico, a inclusão social e a luta contra todas as formas de discriminação;

10. Do mesmo modo devem também estar comprometidos com a construção de uma sociedade plural, onde os direitos humanos sejam respeitados, o que inclui a defesa da liberdade de educação e a promoção da formação integral do ser humano, inclusive em sua dimensão religiosa;

11. Devem também estar comprometidos com a luta contra as formas de corrupção e de mau uso do dinheiro publico, promovendo uma campanha eleitoral que não envolva tanto o uso de verbas indevidas como o uso da maquina administrativa. Devem em suas propostas administrativas e legislativas apoiar formas de administração transparentes, que contemplem o reforço dos mecanismos de controle social dos gastos públicos e do estabelecimento das prioridades no emprego dos recursos disponíveis.

Este conjunto de 11 pontos supra-apresentados, embora fundamentais, naturalmente não esgotam os critérios éticos. As Comunidades locais podem complementar esta lista de acordo com a realidade em que vivem e as lutas em que se encontram envolvidas.

Uma observação deve ser feita em torno a um ponto que exige muita atenção. Alguns candidatos fazem campanha enfocando questões de bioética de modo quase exclusiva. Embora os valores que estes candidatos defendam neste campo sejam importantes, encontram-se muitas vezes em contradição com as opções e compromissos que estes mesmos candidatos têm em relação aos direitos humanos, à economia, à vida social e política e de modo especial às necessidades dos pobres. A defesa de alguns valores importantes pode ser feita por estes candidatos para iludir e esconder compromissos e práticas que estão, na verdade, a serviço da cultura da morte. A defesa da cultura da vida exige que os valores da bioética não sejam separados dos valores da ética social. Afinal, está na totalidade destes valores à expressão clara de pessoa, comunidade e bem comum, eixo da Doutrina Social da Igreja.

Retirado da Cartilha: Eleições 2010, o chão e o horizonte. CNBB

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