As “fases” da Páscoa

Você sabe que a lua, a cada mês, passa por quatro fases: lua nova, quarto crescente, lua cheia e quarto minguante. Você sabe também (será que sabe?) que, tanto para os judeus como para os cristãos, a data da Páscoa depende de uma das fases da lua, isto é, da lua cheia de abril. Se, para nós, abril corresponde à estação do outono, no hemisfério norte, abril é tempo de primavera, a estação da renovação da vida. Quando o povo de Israel foi libertado do Egito e celebrou a primeira Páscoa, era primavera. Quando Jesus foi crucificado e morto, e em seguida ressuscitou, era primavera. Tanto para Israel quanto para Jesus, a Páscoa foi o início de uma VIDA NOVA!

Para nós, cristãos, a Páscoa é o ponto alto da nossa Liturgia e deve ser – e será – também o ponto alto da nossa vida. Como, porém, tudo é medido pelo tempo, também a Páscoa – como a lua – tem suas “fases”. Vou enumerá-las aqui para que você celebre bem a Páscoa deste ano e a Páscoa da sua vida.

A Páscoa de Israel – Como acenei acima, foi instituída por Deus, através de Moisés, para comemorar a libertação do povo hebreu da escravidão do Egito. Você encontra uma descrição minuciosa desse rito no Livro do Êxodo. Em síntese, na noite da libertação, os judeus, por famílias ou por grupos de famílias, deviam matar um cordeiro, assá-lo e depois comê-lo, em pé, com o cajado na mão, prontos para partir. O cordeiro era consumido junto com ervas amargas que lembravam as amarguras da escravidão. O pão era sem fermento porque, pela pressa da fuga, não tivera tempo de levedar. Os judeus deviam também marcar com o sangue do cordeiro imolado as portas de suas casas, pois, naquela noite, o anjo exterminador haveria de “passar” (páscoa significa “passagem”) e matar todos os primogênitos do Egito, inclusive o do faraó; o anjo pouparia as casas dos hebreus que estivessem assinaladas pelo sangue do cordeiro. Assim foi feito. Celebrada a ceia pascal naquela noite, os hebreus fugiram e ficaram livres da escravidão do faraó. Assim, a Páscoa não significou somente a “passagem” do anjo exterminador, mas também a “passagem” do povo de Deus da escravidão para a liberdade. Através dos séculos até hoje, os judeus celebram a Páscoa para recordar as maravilhas que o Senhor fez por eles ao libertá-los da escravidão e ao conduzi-los até a terra prometida. Esta, em síntese, é a primeira “fase” da Páscoa, a Páscoa dos judeus.

A Páscoa de Jesus – Teve dois momentos: a última ceia e a crucifixão, morte e ressurreição do Senhor, momentos que nós, cristãos, celebramos e revivemos no tríduo pascal, a começar da quinta-feira santa à tardinha até o domingo de Páscoa. Jesus é o novo Moisés que conduz toda a humanidade (não só o povo hebreu), da terra da escravidão do pecado e da morte para a terra da graça e da vida eterna. Jesus é de fato o grande Libertador. Não só, Jesus é também o novo cordeiro pascal imolado na cruz, cujo sangue nos livrou do pecado e nos comunica a vida (Eucaristia). O momento alto da vida de Jesus foi o Calvário: pregado na cruz, Ele ofereceu ao Pai por nós todo o seu amor, entregou voluntariamente sua vida; ressuscitando, venceu a morte, derrotou o pecado e o diabo, e abriu para nós o caminho da vida eterna. Esta foi a Páscoa de Jesus, isto é, sua “passagem” da morte para a vida, proporcionando também para nós a “passagem” do pecado para a graça, da escravidão para a liberdade dos filhos de Deus, da morte para a vida eterna. Na última ceia, Jesus antecipou, sob a forma de um rito a ser renovado perpetuamente (a Missa), os acontecimentos do Calvário. No ritual da última ceia, Jesus era o cordeiro pascal que haveria de ser imolado na sexta-feira santa. Desse modo, a Páscoa de Jesus foi ritualmente condensada na última ceia a ser perpetuada através dos séculos pela celebração da Eucaristia. Cada vez que se celebra a Eucaristia se celebra a Páscoa do Senhor… e a nossa Páscoa também.

A Páscoa do cristão/ã (I) – É o Batismo. Como ensina São Paulo, pelo Batismo, somos tornados semelhantes a Jesus Cristo em sua morte e em sua ressurreição. Com Cristo, somos sepultados na morte; com Cristo, ressuscitamos para a vida eterna. É a nossa libertação. Jesus ensinou a Nicodemos que “quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus”. O Batismo nos liberta da escravidão do pecado, do diabo e da morte e nos introduz na terra prometida da vida com Deus. É a nossa “passagem”, a nossa Páscoa. Por isso, a celebração do tríduo pascal é um convite a retornarmos ao momento do nosso Batismo quando fomos lavados por Cristo e tornados filhos/as e Deus. É de fato verdade que o Batismo é a Páscoa do cristão.

A Páscoa do cristão/ã (II) – O Batismo se desdobra ao longo de toda a vida do cristão. A morte ao pecado e a ressurreição para a vida divina deve ser o contínuo esforço do cristão. A vida cristã não é outra coisa senão o seguimento de Cristo até a cruz e a ressurreição. A vida divina acolhida em nós pelo Batismo se alimenta da Palavra de Deus, da fé, esperança e caridade, dos Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, da oração, da renúncia ao mal sob todas as formas que ele assume em cada um de nós e na sociedade como um todo. A vida cristã deve ser uma contínua Páscoa, isto é, “passagem” do pecado para a graça, da morte para a vida, da renúncia ao diabo para o seguimento de Jesus.

A Páscoa do cristão/ã (III) – O Batismo, pelo qual morremos com Cristo e com Cristo ressuscitamos, assume forma concreta no momento da nossa morte e da nossa ressurreição: a morte, em qualquer momento do tempo; a ressurreição, no fim dos tempos, como prometeu Jesus. A nossa morte e a nossa ressurreição tornarão plena a Páscoa em nós, pois provocarão a “passagem” definitiva para a vida eterna. Então, seremos semelhantes a Cristo Ressuscitado! Ele é a Páscoa definitiva, e nós, com Ele, participaremos da sua Páscoa para sempre.

Como você vê, a Páscoa é um acontecimento “complexo”, ou como disse no início, a Páscoa tem “fases”: o que em Jesus foi um processo de alguns dias, em nós será um processo longo tanto quanto Deus permitir e terá seu acabamento no dia do grande Retorno do Senhor na glória. Naquele grande Dia, a Páscoa desembocará na glória e estaremos para sempre com o Senhor.

Por tudo isso você vê que o fato fundamental da sua vida, depois do nascimento, é o seu Batismo, a primeira fase da “sua” Páscoa. A Páscoa dura toda a vida. Portanto, a vida cristã consiste em viver o próprio Batismo, ou seja, consiste na “passagem” diária da morte para a vida divina. Não é questão de multiplicar práticas religiosas, mas de viver com intensidade e com fidelidade a “sua” Páscoa.

Dom Hilário Moser
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Alegria Pascal

Lendo os Evangelhos, constatamos que Jesus, após a sua ressurreição, apareceu diversas vezes e em diversas ocasiões a muitas pessoas, demonstrando, assim, seu imenso amor para com elas e para conosco. Cumpriu o que havia prometido. O número de vezes em que Cristo ressuscitado apareceu, contudo, e a quem apareceu, não é essencial para crermos e aceitarmos a sua ressurreição.

Crer que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos e que também nós ressuscitaremos com Ele, é exigência fundamental para a nossa vida cristã e para a nossa fé (cf. Cor 15, 14). A celebração da Páscoa é ocasião favorável para fortalecer a nossa fé na ressurreição do Senhor Jesus, acreditando naqueles que O viram ressuscitado (cf. Mc 16, 14).

A presença do Ressuscitado entre nós torna-O ainda mais próximo de nós, caminhando conosco, falando conosco, animando e sustentando cada passo nosso, enfim, fazendo arder nosso coração com Sua Palavra e Seu amor pelas estradas da vida. Assim sendo, Sua ressurreição colocou-O mais perto de nós, mais presente em nossa vida.

“Ouvistes o que eu vos disse: ‘Eu vou, mas voltarei a vós’” (Jo 14, 28). Com efeito, “a partida de Jesus inaugura um modo totalmente novo e maior da Sua presença. Com a sua morte, Jesus entra no amor do Pai. A Sua morte é um ato de amor. O amor, porém, é imortal. Por isso, a Sua partida transforma-se numa nova vida, numa forma de presença mais profunda que não acaba mais” (Bento XVI – 22.3.2008).

Já não há mais lágrimas de luto e de separação. Agora é tempo pascal, é tempo de viver a alegria, desfrutando ao máximo a presença viva do Ressuscitado.

É impossível imaginar a intensidade da alegria experimentada e sentida pelos Apóstolos no Domingo da Páscoa. A transformação no coração daqueles homens tímidos e desanimados, incrédulos e desesperançados, é indescritível. Agora não mais duvidam das promessas do Mestre. Agora entendem. Tinha de sofrer! Tinha de ressuscitar!

Ressurreição é vida nova. Não procuremos entre os mortos Aquele que se chama Vida. Com Cristo ressuscitado nasceu o “ser humano novo”, revestido de ressurreição. Cristo é a causa da nossa ressurreição, primícias dos que morreram (cf. 1 Cor 15, 20). Se Cristo ressuscitou, ressuscitaremos também nós, membros de Seu Corpo glorioso. Por isso, vivemos já ressuscitados na fé e na esperança. Pelo Batismo somos testemunhas qualificadas da ressurreição. Vale a pena ir dizer ao mundo que Cristo está vivo.

A Ressurreição de Jesus é verdadeiro movimento de amor, entusiasmo incontido de fé, sinfonia de amor divino, envio aos corações mais endurecidos.

A partir da sua ressurreição, temos certeza de que Cristo está no meio de nós, vive em nós, está na Igreja, na Palavra e na Eucaristia. Está em cada ser humano.

Cabe a cada um de nós encontrá-Lo, fazer experiência da Sua presença, entrar no Seu Coração ressuscitado, para viver sem cessar a alegria pascal.

Votos de uma feliz e santa Páscoa!

Dom Nelson Westrupp
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Maldito o homem que confia em outro homem!

Num primeiro momento, esta passagem de Jeremias 17, 5a parece um apelo à desconfiança mútua e um lema a não amizade entre os homens, mas não é bem assim. Na verdade, é o maior hino da amizade possível. Mas como?

Continuemos com a passagem:"Maldito o homem que confia em outro homem, que da carne faz seu apoio e cujo coração vive distante de Deus" (Jer 17, 5) Ora, talvez agora as coisas tornem-se claras. O problema não está nos homens, uma vez que Deus a tudo criou e tudo que fez é bom (Gn 1, 10b, 18, 21b, 31a), como também nos ensia Agostinho no Livro VII das Confissões: sendo Deus bom, como pode o mal provir Dele? Assim, a continuação da passagem esclarece que o problema está no fato de elegermos o homem como "apoio" e não Deus.

A verdadeira amizade é regada no Amor de Deus, que é fonte de toda sorte de bençãos e graças. Ora, se os amigos são uma benção, devem sê-lo por emanarem de Deus e não porque nós assim o que quisemos. Não é nossa eleição que defina a bondade no coração do homem, mas a escolha pelo autor de toda bondade. Deste modo, quando Jeremias amaldiçoa os homens que confiam em outros homens, ele está amaldiçoando aqueles que por si mesmos são autosuficientes e cheios de si, esquecendo que é Deus o rochedo seguro: É inútil vigiar ou guardar a casa se não for o Senhor a sentinela (Salmo 126). A benção episcopal começa com a seguinte invocação: A nossa proteção está no Nome do Senhor! Que fez o Céu e a Terra! e assim deve ser! Os homens confiam nos homens quando reconhecem neles o espelho de Deus, mas nunca põe na carne seu apoio, pois assim ficarão com o coração longe de Deus. Por isso, essa frase de Jeremias elogia os verdadeiros amigos que sabem que na amizade o sustentáculo legítimo e verdadeiro é Deus, uma vez que o que une os corações amantes - já que os amigos se amam - é o único e verdadeiro Amor, Deus.

Deus é o selo, a aliança, a força, o apoio, o amparo, o alento em meio a desilusão dos homens. Se eles falham, Quem nos sustenta nunca falha, logo, a amizade não se arruina, mas reforçasse no Amor de Deus e vence as limitações. O verdadeiro amor de amigo nada espera e tudo suporta - como canta São Paulo em I Cor 13 -, espera e, mais do que isso, tudo dá sem nada esperar. A espera na retribuição gera desalento e mostra que ainda colocamos nos homens nossa confiança. Se amamos como Deus, tudo doamos em entrega total e esperamos de Deus o verdadeiro "prêmio", que é estar junto Dele, junto com quem amamos - nossos amigos.

Maldito o homem que põe em outro homem sua confiança, pois será feliz aquele que a todos ama em Deus, sem nada esperar. Isso pode parecer forte e até louco, mas Deus merece nosso amor mesmo que Ele não fizesse nada em troca. Pense nisso. Espero que você possa caminhar na vida cristã até os cumes do verdadeiro amor que TUDO SUPORTA, TUDO ESPERA E TUDO DOA!!! SEJAMOS VERDADEIROS AMIGOS!

"Amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e chega ao conhecimento perfeito, pois quem ama, conhece a Deus!" I Jo 4, 7-8

Luis Felipe
Retirado do Site do Santuário São Francisco de Assis - DF

Onde está a felicidade

Jesus está diante de uma multidão imensa! Esperam dEle a sua doutrina salvadora, que dará sentido às suas vidas. Então Jesus subiu ao monte e começou a ensinar-lhes (Mt 5, 1-12).

É esta a ocasião que Jesus aproveita para traçar uma imagem profunda do verdadeiro discípulo.

Trata-se do Evangelho das bem-aventuranças que constitui um resumo do Sermão da Montanha e de todo o Evangelho de Jesus Cristo.

“Bem-aventurado” significa feliz, ditoso, e em cada uma das Bem-Aventuranças, Jesus começa por prometer a felicidade e por indicar os meios para consegui-la. Por que Jesus começa falando da felicidade? Porque em todos os homens há uma tendência irresistível para serem felizes; esse é o fim que têm em vista em todos os seus atos; mas muitas vezes buscam a felicidade no lugar em que ela não se encontra, em que só acharão tristeza.

“Jesus começou a ensiná-los: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus” (Mt 5, 2-3).

A atitude fundamental exigida para participar do Reino dos Céus é a pobreza em espírito. Pobre em espírito é todo aquele que tem a atitude de confiança da criança em relação a seus pais. Pobre em espírito é quem coloca toda a sua confiança no Senhor. É o que não coloca sua segurança nos bens materiais, na glória e na fama, mas em Deus. O cristão considera-se diante de Deus como um filho pequeno que não tem nada em propriedade; tudo é de Deus, seu Pai e a Ele o deve. A pobreza em espírito, quer dizer, a pobreza cristã, exige o desprendimento dos bens materiais e austeridade no uso deles.

O espírito de pobreza, a fome de justiça, a misericórdia, a pureza de coração, o suportar injúrias por causa do Evangelho são aspectos de uma única atitude da alma: o abandono em Deus, a confiança absoluta e incondicional no Senhor.

Em geral o homem antigo, mesmo no povo de Israel, procurava a riqueza, o gozo, a estima, o poder, e considerava tudo isso como a fonte de toda a felicidade. Jesus traça um caminho diferente. Exalta e abençoa a pobreza, a doçura, a misericórdia, a pureza, a humildade.

Com as Bem-aventuranças, o pensamento fundamental que Jesus queria inculcar nos ouvintes era este: só o servir a Deus torna o homem feliz.

O conjunto de todas as Bem-aventuranças traça, pois, um único ideal: o da santidade. Ao escutarmos hoje novamente essas palavras do Senhor, reavivamos em nós esse ideal como eixo de toda a nossa vida. Como nos diz o Apóstolo S. Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4, 3). Chama cada um à santidade e a cada um pede amor: a jovens e velhos, a solteiros e casados, aos que têm saúde e aos enfermos, a cultos e ignorantes; trabalhem onde trabalharem, estejam onde estiverem.

Sejam quais forem as circunstâncias por que atravessemos na vida, temos que sentir-nos convidados a viver em plenitude a vida cristã. Não pode haver desculpas, não podemos dizer a Deus: “Esperai, Senhor, que se solucione este problema, que me recupere desta doença, que deixe de ser caluniado ou perseguido…, e então começarei de verdade a buscar a santidade”. Seria um triste engano não aproveitarmos precisamente essas circunstâncias duras para nos unirmos mais a Deus.

“Bem-aventurados sois vós quando vos injuriarem e perseguirem…Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus” (Mt 5, 11-12). Assim como nenhuma coisa da terra nos pode proporcionar a felicidade que todos procuramos, assim nada nos pode tirá-la se estivermos unidos a Deus. A nossa felicidade e a nossa plenitude procedem de Deus. Peçamos ao Senhor que transforme as nossas almas, operando uma mudança radical nos nossos critérios sobre a felicidade e a infelicidade.

Seremos necessariamente felizes se estivermos abertos aos caminhos de Deus em nossas vidas. Quando os homens, para encontrarem a felicidade, experimentam caminhos diferentes da vontade de Deus, diferentes daquele que o Mestre nos traçou, no fim só encontram solidão e tristeza. Longe do Senhor, só se colhem frutos amargos e, de uma forma ou de outra, acaba-se como o filho pródigo enquanto esteve longe da casa paterna: comendo bolotas e cuidando de porcos (Lc 15, 11-32).

São felizes aqueles que seguem o Senhor, aqueles que lhe pedem e fomentam dentro de si o desejo de santidade.

Quando nos falta alegria, com certeza, é porque não procuramos a Deus de verdade, no trabalho, naqueles que nos rodeiam, nas dificuldades. Não será, talvez, porque ainda não estamos inteiramente desprendidos? “Alegre-se o coração dos que procuram o Senhor”!

Mons. José Maria Pereira
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Semana de vitórias e derrotas

Que a vida e a fé não giram em torno do sucesso atesta-o a semana que nós, católicos, há séculos chamamos de Semana Santa.

Começa no festivo e vitorioso Domingo de Ramos com direito a mantos estendidos no chão, aclamações ao futuro rei dos judeus e uma entrada triunfal; passa pela Quinta-Feira de ceia fraterna, depois angústia e solidão; avança pela Sexta-Feira de apupos e ofensas, pancadas, cusparada, tortura, sangue, cruz e derrota pesada; atravessa o Sábado no túmulo e se conclui no Domingo de vitória. Oito dias para repensarmos nossa própria trajetória.

Os ainda iludidos com a fama, o dinheiro, os primeiros lugares, os tapinhas nas costas, os grandes públicos, os elogios na mídia, o sucesso de pregação, sucesso de votos e de vendas farão bem em refletir sobre o que houve com Jesus no curto espaço de uma semana. Boa parte do povo mudou de lado, os manipuladores do povo venceram, os inimigos os derrotaram, a stablishment o silenciou. Pronto! O futuro rei estava no seu devido lugar: na cova, que era onde já deveria estar de há muito…

Acontece que ele ressuscitou. Os inimigos garantem desde então que foi trama. Querem-no morto para sempre, mas sua memória está viva e nós, crentes em Jesus, afirmamos que ele está vivo. Quem venceu perdeu e quem perdeu venceu!

Das muitas lições de Jesus naqueles dias de ganhos e de perdas, fica a lembrança de que o efêmero às vezes nos põe no pedestal e o mesmo efêmero nos tira de lá. E não adianta contar com a torcida porque esta, como num estádio, às vezes torce contra! Depois volta a torcer a favor, sobretudo se voltamos a vencer.

Não há pessoa ou pequeno grupo que não tenha sofrido revés. Nem tudo sai como prevíamos, nem tudo é sucesso, nem todo sucesso dura, mas também nem toda dor ou perda é para sempre. Somos cavaleiros do antes, do durante e do depois. Embora creiamos em Jesus e sustentemos que ele é o esperado Messias, sua trajetória permanece um mistério. Paulo sugere que os efésios cresçam querendo entender largura, cumprimento, altura e profundidade destes acontecimentos. (Ef 3,18). Uma coisa é a semana, outra a reflexão. Derrotado é quem não sabe nem perder nem vencer. Jesus soube!

Padre José Fernandes de Oliveira
Retirado do Site da Comunidade Shalom

O poder do Sangue de Cristo

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue?

Queres conhecer o poder do sangue de Cristo? Voltemos às figuras que o profetizaram e recordemos a narrativa do Antigo Testamento: Imolai, disse Moisés, um cordeiro de um ano e marcai as portas com o seu sangue (cf. Ex 12,6-7). Que dizes, Moisés? O sangue de um cordeiro tem poder para libertar o homem dotado de razão? É claro que não, responde ele, não porque é sangue, mas por ser figura do sangue do Senhor. Se agora o inimigo, ao invés do sangue simbólico aspergido nas portas, vir brilhar nos lábios dos fiéis, portas do templo dedicado a Cristo, o sangue verdadeiro, fugirá ainda mais para longe.

Queres compreender mais profundamente o poder deste sangue? Repara de onde começou a correr e de que fonte brotou. Começou a brotar da própria cruz, e a sua origem foi o lado do Senhor. Estando Jesus já morto e ainda pregado na cruz, diz o evangelista, um soldado aproximou-se, feriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saiu água e sangue: a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, traspassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício.

De seu lado saiu sangue e água (Jo 19,34). Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação no Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa.

Por esta razão, a Sagrada Escritura, falando do primeiro homem, usa a expressão osso dos meus ossos e carne da minha carne (Gn 2,23), que São Paulo refere, aludindo ao lado de Cristo. Pois assim como Deus formou a mulher do lado do homem, também Cristo, de seu lado, nos deu a água e o sangue para que surgisse a Igreja. E assim como Deus abriu o lado de Adão enquanto ele dormia, também Cristo nos deu a água e o sangue durante o sono de sua morte.

Vede como Cristo se uniu à sua esposa, vede com que alimento nos sacia. Do mesmo alimento nos faz nascer e nos nutre. Assim como a mulher, impulsionada pelo amor natural, alimenta com o próprio leite e o próprio sangue o filho que deu à luz, também Cristo alimenta sempre com o seu sangue aqueles a quem deu o novo nascimento.

Das Catequeses de São João Crisóstomo

Ressuscitou

Domingo da Ressurreição - Páscoa

Aleluia! Cristo ressuscitou verdadeiramente! Venceu a morte e despojou o império das trevas, sendo vitorioso e dando-nos também a vitória. Ele venceu e também somos vencedores com Ele. Meu irmão, minha irmã, Jesus despojou o império das trevas. Somos vitoriosos porque Deus nos deu a vitória em Jesus Cristo, Seu Filho Unigênito. E isto não pelos nossos méritos, mas sim pela Sua graça.

Cante bem alto o festivo ‘Aleluia’. Pois chegou para nós o dia sem ocaso. O sol brilha para nós apontando-nos o caminho da eternidade. Aliás, Deus sempre nos conduz em triunfo, para que nós espalhemos o odor do conhecimento de Deus por todo lugar por onde andarmos.

Por Cristo e em Cristo somos mais que vencedores, porque através d’Ele passamos do fracasso e da derrota para a fortaleza, a vitória e o triunfo. Passamos da morte para a vida! Tudo isso Deus o fez por amor.

Pode Deus ficar em uma cruz? Sim, Ele morreu lá, por amor a mim e a você. Pode Deus permanecer em um túmulo? Não, Ele ressuscitou para que você e eu sejamos vitoriosos.

Caríssimo, se somos vitoriosos, porque guardamos – para nós – os maus momentos? Por que os abraçamos? Por que os mantemos conosco? Os maus momentos, maus hábitos, egoísmo, mentiras, fanatismos, deslizes e falhas, por que os mantemos conosco? Precisamos deixar todo este lixo aos pés da Cruz! Podemos fazer isso porque Deus quer! Ele quer que façamos isto, porque sabe que não podemos viver como Ele. Só Ele é Santo. A Cruz e o túmulo vazio nos santifica. Devemos deixar os maus momentos na Cruz e caminhar com Ele em vitória, pois Jesus não ficou no túmulo. A pedra foi removida. Deus faz mais que perdoar os pecados, Ele os remove.

Devemos deixar os nossos maus momentos na Cruz e também os momentos ruins dos nossos irmãos que chegam até nós. Devemos amá-los. Se amamos a Deus, amamos os nossos irmãos. Como podemos nos aproximar de Deus e pedir o Seu perdão, se nós não perdoamos os nossos irmãos?

Coisas do passado sempre são trazidas ao presente. Como alguns têm boa memória para os erros dos irmãos e péssima memória para a mudança deles! Pare de se prender aos erros do passado. Olhe para o fruto que pode brotar no coração do seu irmão. Assim como você ressuscitou com Cristo e é nova criatura, também o seu irmão é em Cristo e com Cristo uma nova criatura!

Reze e peça a Deus que apague as minhas e as suas transgressões, bem como as do meu e seu irmão.

Abandone seus pecados antes que eles te contaminem totalmente. Abandone o rancor, antes que ele o incite à raiva e contenda. Entregue a Deus sua ansiedade antes que ela o iniba de caminhar com fé. Dê a Deus os seus momentos ruins. Se você deixar com Deus os seus momentos ruins, só sobrará bons momentos e então Cristo terá ressuscitado em você. E, se Cristo ressuscitou em você, já não é você que vive, mas é Cristo que vive no seu corpo e, se Cristo vive em você, tudo em você é santo, porque está envolvido pela luz d’Aquele que verdadeiramente ressuscitou.

Retirado do Site da Canção Nova

Reportagem sobre Via Sacra 2011 no Santuário Nossa Senhora de Fátima

Sábado Santo com Maria!

“O sábado está localizado entre a sexta-feira e o domingo, entre a memória da paixão e a da ressurreição. Maria o preenche, porque nesse dia, o Sábado Santo, toda a fé da Igreja está recolhida nela. Em seu grande coração recolhia-se toda a vida do corpo místico, do qual, sob a cruz, ela fora chamada a ser a mãe espiritual. Enquanto a fé se escurecia em todos, ela, a primeira alma fiel, permaneceu sozinha mantendo viva a chama, imóvel na escuridão da fé. Mais uma vez, a Igreja se identificou com ela. Mais do que Francisco, naquele dia ela carregou em seus ombros todo o edifício da Igreja. É essa a razão pela qual o Sábado torna-se o dia de Nossa Senhora”(A. Bergamini).

“Um grande silêncio reina hoje na terra; um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei dorme. A terra tremeu e acalmou-se porque Deus adormeceu na carne e foi acordar os que dormiam desde séculos… Ele vai procurar Adão, nosso primeiro Pai, como uma ovelha perdida”. Deus se ausenta e silencia, mas vai ao “sheol” ressuscitar os mortos, os justos, os que morreram na sua vontade. Para nós que cremos, quando vivemos a crise, a prova e a aparente ausência de Deus, na verdade, ele está a nos salvar de nós mesmos e de nossos pecados. Desce Deus aos nossos sepulcros para aí ressuscitar o que em nós está morto. Assim constatamos que também os nossos sofrimentos, como os próprios acontecimentos da nossa história não são uma tragédia, por mais incompreensíveis que sejam. Passado a prova vemos as marcas do amor e da ressurreição de Cristo. O mundo em que vivemos não quer “um Cristo com uma cruz”, mas apenas um “Cristo em quem se pode crer conforme as circunstâncias”. No filme Paixão de Cristo – nos lembrava Dom José Antônio, arcebispo de Fortaleza – são comoventes as palavras colocadas na boca de Jesus quando, em meio aos sofrimentos e dores, diz a ela: “Mãe, é assim que faço novas todas as coisas!” Eis a vitória no aparente fracasso. A última palavra não é a da morte, mas a da vida, da ressurreição e da misericórdia.

Neste dia de silêncio a Igreja não pode esquecer que a Sexta-feira Santa e o Sábado Santo constituíram a crise mais forte da fé e da esperança dos apóstolos. Diante da cruz, houve um desabamento de fé e de esperança: “Nós esperávamos que fosse ele o libertador de Israel” (cf. Lc 24,1ss). Nesses dois dias, apenas uma criatura, a mais próxima do Senhor, Maria, sua mãe, acreditou e esperou. Quando o Senhor desce à mansão dos mortos no Sábado Santo, vivemos o silêncio na terra. Pode nos parecer que estamos sozinhos, abandonados, que nosso Deus morreu para sempre, e que foi deitado também para a corrupção. Mas Não! Não estamos no vazio, na tristeza, na solidão interminável. O próprio Senhor disse aos discípulos: “Por um breve momento vocês ficarão tristes, não mais me verão, mas logo eu vos verei de novo! E esta alegria ninguém pode roubar de vós” (cf. Jo 16,16-22).

A cruz de Cristo transformou a maldição do sofrimento e do abandono em vitória e redenção. A cruz, símbolo da ignomínia, transformou-se em árvore da vida! Isto foi antecipado na vida de Nossa senhora pelos méritos do próprio Cristo. Ela nos foi dada como Mãe e nós a ela, como filhos (cf. Jo 19,26). É Maria que nos ensina a viver este dia, cheios de esperança no Senhor que vence a morte e ressuscita. “Na escuridão do Sábado Santo, a fé era para Maria, certeza de esperança e força para caminhar para a manhã da Páscoa” (Bento XVI, Spe Salvi, 50).

Aprendemos com Maria que a ausência e o silêncio de Deus são preenchidos de fé, ternura e esperança na ressurreição. O mundo vive um “sábado contínuo”. O “Deus” dos que saíram da esperança da fé, morreu como um fracassado para sempre. Não é isto o que constitui o “niilismo moderno ou o existencialismo ateu?” O filósofo Nietsche quis transformar o “Sábado Santo da esperança” no “sábado da desesperança”. O norte da vida é apenas o “Pensar e o produzir”, o “comer e beber”, isto nos basta hoje. Amanhã morreremos! Afinal de contas, “Deus está morto!”. O que eles não sabem e não experimentaram é que não se entende o mistério do Sábado Santo pelo fazer ou saber, ou pelas alocubrações do pensamento, mas pela memória, pela gratidão, pela oração, fé e esperança. A fé é a resposta do homem ao silêncio de Deus. Unidos à Santíssima Virgem Maria, escutamos o Senhor nos dizer neste dia, ao entrar na nossa sepultura, o mesmo que disse a Adão quando desce para ir buscá-lo na mansão dos mortos: “Eu sou teu Deus, e por causa de ti me tornei teu filho. Levanta-te, tu que dormes, pois não te criei para que fiques prisioneiro do inferno. Levanta-te dentre os mortos, eu sou a vida dos mortos”(CIC 635).

“A Igreja no mundo vive a sua paixão, prolongando a de Cristo, e não afrouxa o seu cotidiano, sofrido caminho ao encontro do Senhor. Então, a sexta-feira se transforma em sábado, e sábado de Maria, fermentado pela expectativa da ressurreição. Com ela, a alegria de viver e a coragem de esperar são reencontradas. (…) No mundo desorientado, ela é a estrela” (A. Bergamini). Mãe, quis o Senhor fazer novas todas as coisas através da oferta do Seu Filho, Jesus Cristo. Tu estavas nos seus maravilhosos desígnios, para com os quais não voltaste atrás. Tua fidelidade na alegria, na prova e na dor, através de uma fé inabalável, foi canal da nossa salvação, da incomparável obra nova nas nossas vidas. Ajuda-nos a viver e a proclamar essa feliz verdade ao coração do homem, especialmente neste “dia de Sábado” que, é tristeza e morte para muitos, mas esperança de vida ressuscitada para quem permanece nas promessas do Senhor.

Antonio Marcos
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Belissimo Esposo

O vinagre na esponja - Hmais alguém ao pé da cruz

As diferentes narrativas da crucifixão de Nosso Senhor que nos são oferecidas pelos evangelhos, revelam igualmente diferentes nuances dessa trama impressionante. Lucas (23, 46) e Marcos (15, 37) destacam o grito triunfal de Cristo perante a morte. O evangelista João (19, 25-26), por sua vez, esclarece que ao pé da cruz estavam Nossa Senhora, Maria de Cléofas, Maria Madalena e o “o discípulo que Jesus amava”.

Mas é através de São Mateus (27, 45-50) que podemos perceber algo normalmente olvidado pelos comentaristas da Paixão: um personagem. Um personagem que, nas narrativas sinóticas, embora não omitido, encontra-se camuflado, quase imperceptível. Ele chega a ser confundido com um malfeitor, quando na verdade faz um gesto de consolação.

Como os outros evangelistas, Mateus indica que, por ocasião da crucifixão de Jesus, houve trevas em Jerusalém do meio dia até as três horas da tarde. Naquelas circunstâncias, era normal que a multidão se dispersasse, deixando os arredores do Calvário numa sombria calma. Ali permaneceram apenas os que tinham algum interesse no caso, como os soldados romanos, obrigados a guardar o condenado e certificar-se de sua morte.

Jesus exprimiu sua imensa dor interior mediante um grito: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”. Para mim, esta é a fala de Jesus na cruz que melhor descreve o seu sentimento. Neste momento, “alguns dos que tinham ficado ali” comentaram entre si sobre o significado daquelas palavras, concluindo que Jesus chamava pelo profeta Elias.

Mas um deles, num gesto incontido, “imediatamente saiu correndo, pegou uma esponja, embebeu-a em vinagre e, fixando-a numa vara, dava-lhe de beber” (v. 48). Ao contrário do que os outros evangelistas dão a entender, Mateus posta a atitude desse desconhecido como um gesto de compaixão. De fato, esse “vinagre” era uma bebida levemente ácida de que usavam os soldados romanos. “Dava-lhe de beber”, neste caso, não tem a intenção de aumentar o sofrimento, mas de aliviar a dor de Jesus. Isso fica mais evidente pela reação dos soldados: “Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo” (v. 49). E como se reprovassem a atitude daquele homem.

Sim, havia mais alguém ao pé da cruz além de João, Maria e as outras mulheres. Um personagem anônimo que, ao ouvir o grito de Jesus, não ficou especulando sobre o seu significado, mas num ímpeto de compaixão, “saiu correndo” para agir com amor. Sim, havia mais alguém ao pé da cruz. Alguém que não se conteve em si. Ele como que abre um espaço na cena da crucifixão, para que ali se fixem todos os que querem consolar o Senhor e reparar a indiferença e a ingratidão dos homens.

Nas celebrações que atualizam a redenção, quero permanecer como ele. Encontrar um lugarzinho, ainda que escuro e sombrio, de onde possa estar atento às divinas queixas de Jesus e aliviar sua sede de salvar almas.

Ronaldo José de Sousa
Retirado do Site da Comunidade Shalom

A força que emana da Cruz

Para esse dia tão especial que estamos vivendo, dia em que o Senhor ofertou-se ao Pai em nosso lugar na Cruz, resolvi escrever algo que vinha ao meu coração nos últimos dias da Quaresma. A Cruz, a força que emana da Cruz do Senhor. Confesso que desde o momento da minha experiência pessoal com Jesus, isso lá no meu seminário de vida no Espírito, tenho tido uma admiração que aumenta a cada dia pela Cruz do Senhor.

Quando falo de Cruz não me refiro ao objeto e sim ao que aconteceu há mais de dois mil anos atrás e que hoje é atualizado em nossas vidas. Falo do Sacrifício do Filho único do Pai no lenho da Cruz. Falo da maior prova de amor que o Senhor nos deu. Falo da vitória de Jesus sobre todo o mal, sobre todo e qualquer pecado. Falo da vitória do amor sobre o desamor, sobre o ódio e tudo que nos afasta da nossa verdadeira felicidade que é Deus.

A Cruz nos desafia a desprender-nos de nosso apego ao “Eu” e nos arrancar do constante giro em torno de nós mesmos, para sermos solidários com todos os seres humanos. Quando estendemos nossos braços no gesto da Cruz, sentimos essa abertura e solidariedade. Não nos guardamos para nós mesmos, permitimos que as outras pessoas se aproximem de nós, aceitamos que nos atinjam e nos machuquem. No gesto da Cruz estamos desprotegidos.

Diante da morte de Jesus na Cruz, precisamos refletir constantemente sobre os rastros que queremos imprimir a este mundo, rastros de amor ou de ódio, rastros de misericórdia ou de brutalidade, indiferença, rastros de cuidados ou de dispersão. Os madeiros transversais da Cruz mostram que nossa vida se estende para dentro do âmbito de vida de outras pessoas.

A Cruz é a marca eterna que Deus imprimiu neste mundo, para mostrar a todos os seres humanos que o amor de Deus vence todo ódio, que a força de Deus é mais forte do que todo poder humano que tem constantemente a pretenção de ser a autoridade última. Quando o mundo fica abandonado a si mesmo, ele tem a tendência de comportar-se como se fosse absoluto, de tornar-se brutal e cruel. A Cruz quer nos lembrar de que a presença amorosa e sanadora de Deus nos cerca por todas as partes, que não estamos abandonados e entregues a nós mesmos e a pessoas que querem exercer seu poder sobre nós, mas que podemos experimentar em meio ao mundo secularizado o amor de Deus.

A Cruz é simultaneamente um símbolo de que estamos sob a proteção de um Deus que é amor e cuida de nós a cada instante de nossa vida. A Cruz nos mostra que estamos sob a proteção de Deus, que Deus coloca sobre nós suas mãos que abençoam e que nos renovam a cada momento.

Nesse dia onde o mundo para diante da Cruz de Cristo, vamos meditar e deixar que essa força tão potente que emana da Cruz possa nos transformar. Possa nos converter, mudar os rumos do nosso coração. Paremos, contemplemos e adoremos o Crucificado que está suspenso no madeiro. Ele é o motivo da nossa esperança. Nele, somente nele, colocamos a nossa confiança.

Vanilton Lima
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Jesus, esmagado pelos nossos pecados

Jesus veio ao mundo para tirar os pecados da humanidade, por isso, Ele morreu na cruz, para arrancar o pecado do mundo, arrancar as ervas daninhas que matam o jardim da nossa alma. Há teologias que dizem que Jesus veio para trazer o bem-estar para o mundo; mas não, Ele veio para tirar o pecado do mundo. Estava anunciado havia mais de mil anos que Ele viria. João Batista anunciou Jesus, ele poderia usar o que os salmistas diziam, mas não. Em São João 1,29, ele anunciou Jesus: "Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo". O anjo disse o mesmo para José: "Ele vai salvar o seu povo dos seus pecados".

O Senhor foi esmagado por causa da nossa iniquidade. Não existe nada neste mundo pior que o pecado. Jesus morreu por nós, por causa dos nossos pecados. É preciso que, nesta Semana Santa, façamos esta reflexão. O Senhor morreu para que saíssemos da escuridão da morte e nos limpássemos de todos os pecados. O Senhor deixou o explendor do céu para experimentar o vale de lágrimas da terra. Nós temos de experimentar o amor de Deus. Depois que Jesus desceu do céu, por amor a cada um de nós, e sofreu tudo que Ele sofreu, ninguém tem o direito de duvidar do Seu amor. Se ainda fosse possível sofrer mais como homem, Jesus teria sofrido para provar o Seu amor.

"Tende consciência de que fostes resgatados da vida fútil herdada de vossos pais, não por coisas perecíveis, como a prata ou o ouro, mas pelo precioso sangue de Cristo, cordeiro sem defeito e sem mancha" (São Pedro 1,18-19).

Nós fomos resgatados da morte pelo preço valioso da vida do Cordeiro de Deus. A nossa salvação custou a vida d'Ele. Quanto vale a sua vida? Você vai me dizer que não tem preço. Deus deu a vida de Seu único Filho para nos salvar. A nossa salvação custou a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Deus não quer perder nenhum de nós.

"Haverá mais alegria no céu por um pecador que se converta do que por 99 justos que fazem penitência". Sinta como você é precioso para Deus! Quantas pessoas acham que a sua vida não presta! Meu irmão, você é precioso para Deus, sua alma tem valor infinito para Ele. Peça perdão pelas vezes em que você se desvalorizou, pois você é muito precioso aos olhos do Altíssimo. Se você não valesse nada, o Filho de Deus não teria descido do céu para salvá-lo.

O Catecismo da Igreja Católica revela que Deus poderia ter salvo a humanidade de outra maneira, mas Ele o fez de forma que ninguém duvide de Seu amor. O segundo motivo pelo qual o Senhor fez do sofrimento a matéria-prima da salvação é porque Ele queria que entendêssemos o sofrimento. O salário do pecado é a morte. A consequência do pecado é a dor, a lágrima, o desespero e a morte.

No plano de Deus não haveria sofrimento para ninguém, porque Ele nos criou para a vida. Foi por inveja do demônio que a morte entrou no mundo. Ele injetou a morte com o veneno do pecado. A humanidade prefere ouvir a voz do demônio a ouvir a voz de Deus. A morte entrou no mundo, porque o pecado separa o homem de Deus Pai. O pecado da humanidade desorganiza tudo. A causa última de todo o sofrimento é o pecado. "Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Foi para isso que o Senhor veio ao mundo.

Vergonha não é você contar o seu pecado para o padre, vergonha é você pecar. Não deixe a confissão para amanhã, porque amanhã pode não dar tempo. A primeira coisa que Jesus fez depois que Ele ressuscitou foi instituir o sacramento da confissão. Cristo Ressuscitado quis dar o perdão por intermédio da Igreja. Cristo não salvou simplesmente a humanidade, Ele depositou o remédio da salvação no coração da Igreja. Quem não ouve a Igreja não ouve o Pai. Quem crê e é batizado será salvo!

Felipe Aquino
Retirado do Blog da Canção Nova

“Se só buscas a Cristo em Sua glória, então não és digno de Sua cruz”

A belíssima frase que entitula este artigo é atribuída a São Padre Pio de Pietrelcina, o santo capuchinho que durante 50 anos viveu estigmatizado elevando a todos com seus conselhos e milagres, especialmente através do Sacramento da Confissão. Ninguém mais abalizado que ele para afirmar algo tão verdadeiro e tão moderno.

Sabemos como o Senhor esvaziou-se de sua divindade e fez-se pequeno, fez-se homem, fez-se pobre de todos os bens do céu para tornar-nos ricos de sua riqueza, como diz Paulo em Coríntios. Sabemos, também, quantos milagres ele realizou, quantos mortos ressuscitou, quantas vezes a natureza terrestre e angélica se prostrou, em obediência, a seus pés através do mar, dos ventos, das curas, dos exorcismos.

Naturalmente, todos desejamos seguir Jesus, ser como ele, viver a vida dele, com os seus pensamentos, seus sentimentos, seu amor ao Pai e aos homens. Esse desejo santo, contudo, tende a estar mais atento aos milagres e prodígios do que à paixão e à cruz. Queremos, certamente, ser como Jesus é: o Deus das maravilhas, o Filho do homem enquanto amado e seguido por muitos que, em seu tempo, iam atrás dele fosse onde fosse... exceto à cruz.

Mesmo seus discípulos mais fiéis, aqueles a quem escolhera e chamara pelo nome, com eleição eterna e eterno afeto, mesmo esses o abandonaram na cruz, com exceção de João. É que muitos naquela época, como muitos hoje, buscam o Senhor pelo que ele lhes pode dar e não pelo que eles podem “dar” ao Senhor. Buscam o Senhor em sua glória, mas fogem em sua cruz.

Para entendermos bem esse mistério de troca de amor, é preciso saber que o Senhor assumiu nossa humanidade e jamais irá separar-se dela. Jesus, para sempre e sempre, é Deus e homem. É também, cabeça da Igreja, isso é, nossa cabeça, aquele a quem seguimos. Isso, somado ao milagre cotidiano da Eucaristia, significa que o Senhor que se fez carne, partilha conosco toda nossa vida: sofrimentos e alegrias, dores e felicidade.

A partilha entre os que se amam jamais é unilateral. É exatamente porque Jesus nos ama que partilha conosco sua glória: as curas, os milagres, as ressurreições no corpo e na alma, na Igreja, na sociedade, na natureza. A maior e mais nobre das partilhas, porém, a partilha de sua paixão e cruz é o fundamento mesmo de seu amor por nós e do nosso por ele.

Ao encarnar-se, assumiu para si nossa maior podridão, nossa mais poderosa fonte de sofrimento e causa de nossa morte: o pecado. Sem jamais ter pecado, tomou sobre si, em sua paixão e cruz, todo o sofrimento e morte que o pecado havia feito entrar no mundo. O resultado foi sua morte na cruz e sua ressurreição.

Nós, como corpo de Cristo, somos chamados a amá-lo e ser corpo de seu corpo, alma de sua alma, esposa, Igreja. O amor consiste em estar presente tanto na gloria quanto na dor. É verdade que nossos atos de amor a Cristo não acrescentam nada à sua cruz. Entretanto, acrescentam – e muito – à nossa salvação e à do mundo. É nesse sentido que São Paulo diz: “Suporto em minha carne o sofrimento que faltou à cruz de Cristo”.

Em nossa vida, não precisamos buscar sofrimentos, não é verdade? Eles simplesmente nos alcançam de todas as formas, como consequência do pecado que marcou toda a criação. A grande boa nova é que podemos, pela cruz de Cristo, nos libertar desse sofrimento exatamente como ele mesmo se libertou: escolhendo livremente sofrer a dor que se nos apresenta não mais sozinhos, mas com ele e com o Pai e tomando, com ele, nossa cruz. Mas atenção: o sofrimento só se transforma em cruz em três condições: primeira, que transformemos a dor que nos atinge em dor livremente escolhida e acolhida por nós por amor a Cristo e à humanidade; segunda: que o unamos à cruz de Cristo, que vence o pecado, a dor e a morte; terceira, que o transformemos em ato de amor a ele e aos homens que ainda não o conhecem, isto é, que o amam e obedecem.

O mais lindo nessa história toda é que, ao buscarmos Cristo não somente em sua glória, mas também em sua cruz, seremos dignos dela e dele. Ou seja, viveremos uma vida de entrega de amor a Cristo por amor ao homem. O belo, porém, é que ao abraçar a cruz de Cristo através de nossos sofrimentos de cada dia, do menorzinho ao maior de todos, estaremos caminhando ... para a sua glória.

Isso mesmo! O caminho para a glória de Cristo e do céu é a cruz. É unir-se a ele através do amor, abraçando por amor o sofrimento que ele abraçou em sua paixão. Não há outro caminho para a glória. E não há glória autêntica que não seja a de Cristo. É por isso que, com razão, o santo diz: se só busca a Cristo em sua glória, então, não és digno de sua cruz. O contrário também é verdadeiro: se buscas a Cristo em sua cruz, serás digno de sua glória.

Maria Emmir Nogueira
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Com Maria aos pés da cruz

O Evangelho de João (Jo 19,25) relata que no momento da crucificação de Jesus, Maria sua mãe estava aos pés da cruz. Ela certamente olhava para aquela cena dolorosa com todo seu amor, só conseguia ver seu filho, o Filho de Deus se consumindo de amor por toda a humanidade.

Mudando o foco para Jesus, o que Ele estaria vendo? Qual seria a imagem que Jesus estaria vendo do alto da cruz?

Seu olhar não é atraído por uma mulher desmaiada, ou totalmente descontrolada como poderia ocorrer com uma mãe presenciando o filho se esvaindo aos poucos diante dela. O que chama a atenção de Jesus é ver sua mãe de pé diante da cruz.

Maria está lá, esmagada pela dor, mas de pé, ela não desfalece. Está pronta a carregar com o Filho todo o peso do sofrimento que lhe fora reservado. Ela compreende e compartilha o sofrimento do Filho. Se tivéssemos olhos espirituais com certeza ao olhar para Jesus crucificado veríamos que junto dele estava Maria. Contemplamos aí dois martírios, o primeiro e mais contundente o de Jesus, e o segundo um martírio diferente, mas também contundente, Maria sendo martirizada na alma.

Arnoldo de Chartres escreve que por ocasião do grande sacrifício do Cordeiro imaculado, que morria por nós na cruz, poderíamos ter visto dois altares: um no Calvário, no corpo de Jesus, outro no Coração de Maria. Enquanto o Filho sacrificava seu corpo pela morte, Maria sacrificava sua alma pela compaixão.

Maria poderia ter tentado evitar que a situação chegasse a tal ponto se na ocasião da condenação e sentença de Jesus ela tivesse intercedido junto a Pilatos. Porém, ela sabia que a hora anunciada por Jesus havia chegado. A hora da cruz, da redenção, da libertação, da salvação, a hora da vitória.

A atitude de Maria indica que é decisivo ficar perto da cruz de Jesus, o importante é acreditar e apropriar-se do Seu sofrimento.

É o poder que emana da cruz que nos possibilita carregar a nossa cruz. Maria nos ensina como se comportar diante da cruz, pois sem cruz não há salvação. A salvação passa pela cruz.

O nosso lugar é junto de Maria aos pés da cruz. Assim como o discípulo que Ele amava. È preciso estar perto da cruz de Jesus e de pé, ou seja, pronto para receber toda a força emanada da cruz. É esta força que permitirá carregar nossas cruzes. Aos pés da cruz nos abastecemos do seu amor, e mantemos sempre presente e vivo o quanto valemos para Deus, que somente Ele poderia pagar o alto preço fixado por cada um de nós.

Por isso, o que estamos esperando? Maria nos aguarda a cada dia diante da cruz de Jesus para juntos contemplar não a incompreensão dos homens, e onde ela pode chegar, nem a vitória da morte, nem tão pouco apenas um gesto de loucura sem sentido, mas para contemplar que a vitória é possível, que nada pode ser dado de antemão como perdido, que abraçando a cruz de Cristo conseguiremos levar a nossa cruz até o fim.

Diác. Mario Antonio Caterina
Retirado do Site da Comunidade Shalom

Semana Santa - A Plenitude do Amor

Irmãos caríssimos, o Senhor definiu a plenitude do amor com que devemos amar-nos uns aos outros, quando disse: Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Daqui se concluiu o que o mesmo evangelista João diz em sua epístola: Jesus deu a sua vida por nós. Portanto, também devemos dar a vida pelos irmãos (1Jo 3,16), amando-nos verdadeiramente uns aos outros, como ele nos amou até dar a sua vida por nós.

É certamente a mesma coisa que se lê nos Provérbios de Salomão: Quando te sentares à mesa de um poderoso, olha com atenção o que te é oferecido; e estende a tua mão, sabendo que também deves preparar coisas semelhantes (Pr 23,1-2 Vulg.)

Ora, a mesa do poderoso é a mesa em que se recebe o corpo e o sangue daquele que deu a sua vida por nós. Sentar-se à mesa significa aproximar-se com humildade. Olhar com atenção o que é oferecido, é tomar consciência da grandeza desta graça. E estender a mão sabendo que também se devem preparar coisas semelhantes, significa o que já disse antes: assim como Cristo deu a sua vida por nós, também devemos dar a nossa vida pelos irmãos. É o que diz o apóstolo Pedro: Cristo sofreu por nós, deixando-nos um exemplo, a fim de que sigamos os seus passos (cf. 1Pd 2,21). Isto significa preparar coisas semelhantes. Foi o que fizeram, com ardente amor, os santos mártires. Se não quisermos celebrar inutilmente as suas memórias e nos sentarmos sem proveito à mesa do Senhor, no banquete onde eles se saciaram, é preciso que, como eles, preparemos coisas semelhantes.

Por isso, quando nos aproximamos da mesa do Senhor, não recordamos os mártires do mesmo modo como aos outros que dormem o sono da paz, ou seja, não rezamos por eles, mas antes pedimos para que rezem por nós, a fim de seguirmos os seus passos. Pois já alcançaram a plenitude daquele amor disse o Senhor. Eles apresentaram a seus irmãos o mesmo que por sua vez receberam da mesa do Senhor.

Não queremos dizer com isso que possamos nos igualar a Cristo Senhor, mesmo que, por sua causa, soframos o martírio até o derramamento de sangue. Ele teve o poder de dar a sua vida e depois retomá-la; nós, pelo contrário, não vivemos quanto queremos, e morremos mesmo contra a nossa vontade. Ele, morrendo, matou em si a morte; nós, por sua morte, somos libertados da morte. A sua carne não sofreu a corrupção; a nossa, só depois de passar pela corrupção, será por ele revestida de incorruptibilidade, no fim do mundo. Ele não precisou de nós para nos salvar; entretanto, sem ele nós não podemos fazer nada. Ele se apresentou a nós como a videira para os ramos; nós não podemos ter a vida se nos separarmos dele.

Finalmente, ainda que os irmãos morram pelos irmãos, nenhum mártir derramou o seu sangue pela remissão dos pecados de seus irmãos, como ele fez por nós. Isto, porém, não para que o imitássemos, mas como um motivo para agradecermos. Portanto, na medida em que os mártires derramaram seu sangue pelos irmãos, prepararam o mesmo que tinham recebido da mesa do Senhor. Amemo-nos também a nós uns aos outros, como Cristo nos amou e se entregou por nós.

Do Tratado sobre o Evangelho de São João, de Santo Agostinho, bispo

Indulgência plenária durante o Tríduo Pascal

Durante o santo Tríduo Pascal podemos ganhar para nós ou para os defuntos o dom da Indulgência Plenária se realizarmos algumas das seguintes obra estabelecidas pela Santa Sé.

Obras que gozam do dom da indulgência pascal:

Quinta-feira Santa

* Se durante a solene reserva do Santíssimo, que segue à Missa da Ceia do Senhor, recitamos ou cantamos o hino eucarístico “Tantum Ergo” (“Adoremos Prostrados”).

* Se visitarmos pelo espaço de meia hora o Santíssimo Sacramento reservado no Monumento para adorá-lo.

Sexta-feira Santa

* Se na Sexta-feira Santa assistirmos piedosamente à Veneração da Cruz na solene celebração da Paixão do Senhor.

Sábado Santo

* Se rezarmos juntos a reza do Santo Rosário.

Vigília Pascal

* Se assistirmos à celebração da Vigília Pascal (Sábado Santo de noite) e nela renovamos as promessas de nosso Santo Batismo.

Condições:

Para ganhar a Indulgência Plenária além de ter realizado a obra enriquecida se requer o cumprimento das seguintes condições:

1. Exclusão de todo afeto para qualquer pecado, inclusive venial.

2. Confissão sacramental, Comunhão eucarística e Oração pelas intenções do Sumo Pontífice. Estas três condições podem ser cumpridas uns dias antes ou depois da execução da obra enriquecida com a Indulgência Plenária; mas convém que a comunhão e a oração pelas intenções do Sumo Pontífice se realizem no mesmo dia em que se cumpre a obra.

É oportuno assinalar que com uma só confissão sacramental podemos ganhar várias indulgências. Convém, não obstante, que se receba freqüentemente a graça do sacramento da Penitência, para aprofundar na conversão e na pureza de coração. Por outro lado, com uma só comunhão eucarística e uma só oração pelas intenções do Santo Padre só se ganha uma Indulgência Plenária.

A condição de orar pelas intenções do Sumo Pontífice se cumpre rezando-se em sua intenção um Pai Nosso e Ave-Maria; mas se concede a cada fiel cristão a faculdade de rezar qualquer outra fórmula, segundo sua piedade e devoção.

Retirado do Blog da Canção Nova

Final da Santa Quaresma. E os frutos?

Na caminhada cristã, é sempre de fundamental importância a revisão de vida, pelo chamado exame de consciência. Como se procede nas atividades comerciais, devemos recorrer ao “balanço” espiritual, para à averiguação dos lucros ou prejuízos. Ao final de mais uma Santa Quaresma, igualmente muito oportuno examinarmo-nos quanto à nossa conduta, no decorrer de todo este período tão marcante em nossa vida cristã.

No tempo quaresmal, a Santa Igreja assim nos convida a oração: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não fecheis o vossos corações”. São palavras do salmo 94, onde o salmista nos desperta para a fiel acolhida à Graça Divina, sem jamais incorrermos na censura do Senhor: “Eis um povo extraviado, seu coração não conheceu os meus caminhos” (Sl 94). Na preparação para a Semana Santa, o mistério da cruz do calvário se destaca com o brilho fascinante do amor infinito de Jesus, e como força motivadora para os frutos a ser colhidos no progresso espiritual. Disse-nos o Mestre: “Se Eu for erguido da terra, atrairei tudo para Mim” (Jo 12,32). Com o olhar do coração dirigido para o Divino Crucificado, o esforço da conversão é superado mais facilmente, não obstante a renúncia heróica à nossa vontade rebelde. Através do profeta Joel, o Senhor Deus nos admoesta: “Voltai para Mim, com todo vosso coração: rasgai o coração com o arrependimento, e voltai para o Senhor vosso Deus” (Jl 2, 12-13). Este é o critério para avaliarmos os verdadeiros frutos a serem colhidos pela resposta de amor ao Deus que nos amou primeiro: perseverarmos com mais constância, a contemplar, com o máximo enlevo, a deslumbrante misericórdia de Jesus, sacrificado no calvário pelos pecados de toda a humanidade.

Do alto da cruz, Jesus parece repetir-nos o desabafo amargurado do profeta Jeremias: “Ó vós todos que passais pelo caminho, considerai e vede se existe dor semelhante à minha”. Sob pena de nos deixarmos levar por injustificável ingratidão, jamais nos esqueceremos do titulo de Jesus, em razão dos acerbos sofrimentos pela redenção de todos: “O homem das dores”. Assim compreendemos o edificante exemplo dos santos a aprender no livro da cruz a fiel resposta de gratidão ao Senhor Deus, extasiados perante a maior prova de amor. Com muita razão se afirma não podermos atestar o verdadeiro amor a Deus, se conosco não trouxermos a disponibilidade para suportar toda a cruz e sacrifício, na busca de total conformidade com agrado da vontade divina. A Santa Quaresma foi o tempo de graças a se derramar sobre nós com tanta profusão. Não as recebamos sem os frutos espirituais de autêntica mudança de vida, como prova efetiva de terno reconhecimento perante as graças de redenção proveniente da cruz bendita do Santíssimo Salvador.

Dom Roberto Gomes Guimarães
Bispo Diocesano de Campos
Retirado do Site da Comunidade Shalom