1º Domingo do Advento

O Evangelho usa uma forma apocalíptica de falar sobre a vigilância constante que devemos viver. É preciso vigiar, pois nãos sabemos nem o dia, nem a hora em que virá o Senhor. É necessário estarmos constantemente preparados, como se estivéssemos no fim dos tempos, para não sermos surpreendidos, como por um ladrão. Neste primeiro domingo do Advento, o que o evangelho nos pede é vigilância ativa e prontidão.

Para compreender melhor o que o evangelho nos fala, temos a luz da primeira leitura. O profeta Isaías descreve sua visão sobre a plenitude da história, o final dos tempos: a casa do Senhor como o cume do mundo, todas as nações e povos numerosos reunindo-se aí; Deus mesmo instruindo o povo para que andem em seus caminhos e todos caminhando em suas sendas e em sua Lei.

As espadas e lanças transformadas em ferramentas de trabalhar a terra. Não haverá mais guerra e todos caminharão na Luz do Senhor. É a descrição da utopia do Reino escatológico, Reinado de Deus, esperança inabalável dos que servem a Deus.

A carta aos Romanos nos fala que precisamos reconhecer o tempo em que vivemos, pois é hora de acordar. É madrugada e o dia já se aproxima. É necessário vestir a veste da luz e deixar as trevas. A salvação está chegando.

Não repitamos as ações do povo do tempo de Noé, como comilanças e bebedeiras, orgias e libertinagens, desonestidades, brigas, rivalidades e guerras. O convite é muito claro: revistemo-nos das obras do Senhor Jesus, o Messias. A vida cristã é dinamismo rumo à consumação do “dia do Senhor”, a vinda de Cristo.


Site da Diocese de Lorena

Advento

O Ano Litúrgico começa com o Tempo do Advento; um tempo de preparação para a Festa do Natal de Jesus. Este foi o maior acontecimento da História: o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Dignou-se a assumir a nossa humanidade, sem deixar de ser Deus. Esse acontecimento precisa ser preparado e celebrado a cada ano. Nessas quatro semanas de preparação, somos convidados a esperar Jesus que vem no Natal e que vem no final dos tempos. Nas duas primeiras semanas do Advento, a liturgia nos convida a vigiar e esperar a vinda gloriosa do Salvador.

Um dia, o Senhor voltará para colocar um fim na História humana, mas o nosso encontro com Ele também está marcado para logo após a morte. Nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e da Virgem Maria, nós nos preparamos mais especialmente para celebrar o nascimento de Jesus em Belém. Os Profetas anunciaram esse acontecimento com riqueza de detalhes: nascerá da tribo de Judá, em Belém, a cidade de Davi; seu Reino não terá fim... A Santíssima Virgem Maria O esperou com zelo materno e O preparou para a missão terrena. Para nos ajudar nesta preparação usa-se a Coroa do Advento, composta por 4 velas nos seus cantos – presas aos ramos formando um círculo. A cada domingo acende-se uma delas. As velas representam as várias etapas da salvação.

Começa-se no 1º Domingo, acendendo apenas uma vela e à medida que vão passando os domingos, vamos acendendo as outras velas, até chegar o 4º Domingo, quando todas devem estar acesas. As velas acesas simbolizam nossa fé e nossa alegria. Elas são acesas em honra do Deus que vem a nós. Deus, a grande Luz, "a Luz que ilumina todo homem que vem a este mundo", está para chegar, então, nós O esperamos com luzes, porque O amamos e também queremos ser, como Ele, Luz.

No lº Domingo, há o perdão oferecido a Adão e Eva. Eles morreram na terra, mas viverão em Deus por Jesus Cristo. Sendo Deus, Jesus fez-se filho de Adão para salvar o seu pai terreno. Meditando sobre a chegada de Cristo, que veio no Natal e que vai voltar no final da História, devemos buscar o arrependimento dos nossos pecados e preparar o nosso coração para o encontro com o Senhor. Para isso, nada melhor que uma confissão bem feita. Até quando adiaremos a nossa profunda e sincera conversão para Deus?

No 2º Domingo, meditamos a fé dos Patriarcas. Eles acreditaram no dom da Terra Prometida. Pela fé, superaram todos os obstáculos e tomaram posse das promessas de Deus. É uma oportunidade de meditarmos em nossa fé; nossa opção religiosa por Jesus Cristo; nosso amor e compromisso com a Santa Igreja Católica – instituída por Ele para levar a salvação a todos os homens de todos os tempos. Qual tem sido o meu papel e o meu lugar na Igreja? Tenho sido o missionário que Jesus espera de todo batizado para salvar o mundo?

No 3º Domingo, meditamos a alegria do rei Davi. Ele celebrou a aliança e sua perpetuidade. Davi é o rei imagem de Jesus, unificou o povo judeu sob seu reinado, como Cristo unificará o mundo todo sob seu comando. Cristo é Rei e veio para reinar; mas o Seu Reino não é deste mundo; não se confunde com o “Reino do homem”; o Reino de Cristo começa neste mundo, mas se perpetua na eternidade, na qual devemos ter os olhos fixos, sem tirar os pés da terra.

No 4º Domingo, contemplamos o ensinamento dos Profetas: Eles anunciaram um Reino de paz e de justiça com a vinda do Messias. O Profeta Isaías apresenta o Senhor como o Deus Forte, o Conselheiro Admirável, o Príncipe da Paz. No Reino d'Ele acabarão a guerra e o sofrimento; o boi comerá palha ao lado do leão; a criança de peito poderá colocar a mão na toca da serpente sem mal algum. É o Reino de Deus que o Menino nascido em Belém vem trazer: Reino de Paz, Verdade, Justiça, Liberdade, Amor e Santidade. A Coroa do Advento é o primeiro anúncio do Natal. Ela é da cor verde, que simboliza a esperança e a vida, enfeitada com uma fita vermelha, simbolizando o amor de Deus que nos envolve e também a manifestação do nosso amor, que espera ansioso o nascimento do Filho de Deus.

O Tempo do Advento deve ser uma boa preparação para o Natal, deve ser marcado pela conversão de vida – algo fundamental para todo cristão. É um processo de vital importância no relacionamento do homem com Deus. O grande inimigo disso é a soberba, pois quem se julga justo e mais sábio do que Deus nunca se converterá. Quem se acha sem pecado, não é capaz de perdoar ao próximo, nem pede perdão a Deus. Deus – ensinam os Profetas – não quer a morte do pecador, mas que este se converta e viva. Jesus quer o mesmo: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Por isso Ele chamou os pecadores à conversão: “Convertei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 4,17); “convertei-vos e crede no Evangelho” ( Mc 1,15). Natal do Senhor, este é o tempo favorável; este é o dia da salvação!


Felipe Aquino

27 de novembro - Festa de Nossa Senhora das Graças

A primeira aparição aconteceu na noite da festa de São Vicente de Paulo, 19 de Julho, quando a Madre Superiora de Catarina pregou às noviças sobre as virtudes de seu santo fundador, dando a cada uma um fragmento de sua sobrepeliz. Catarina então orou devotamente ao santo patrono para que ela pudesse ver com seus próprios olhos a Mãe de Deus, e convenceu-se de que seria atendida naquela mesma noite.

Indo ao leito, adormeceu, e antes que tivesse passado muito tempo foi despertada por uma luz brilhante e uma voz infantil que dizia: "Irmã Labouré, vem à capela; Santa Maria te aguarda". Mas ela replicou: "Seremos descobertas!". A voz angélica respondeu: "Não te preocupes, já é tarde, todos dormem... vem, estou à tua espera". Catarina então levantou-se depressa e dirigiu-se à capela, que estava aberta e toda iluminada. Ajoelhou-se junto ao altar e logo viu a Virgem sentada na cadeira da superiora, rodeada por um esplendor de luz. A voz continuou: "A santíssima Maria deseja falar-te". Catarina adiantou-se e ajoelhou-se aos pés da Virgem, colocando suas mãos sobre seu regaço, e Maria lhe disse:

"Deus deseja te encarregar de uma missão. Tu encontrarás oposição, mas não temas, terás a graça de poder fazer todo o necessário. Conta tudo a teu confessor. Os tempos estão difíceis para a França e para o mundo. Vai ao pé do altar, graças serão derramadas sobre todos, grandes e pequenos, e especialmente sobre os que as buscarem. Terás a proteção de Deus e de São Vicente, e meus olhos estarão sempre sobre ti. Haverá muitas perseguições, a cruz será tratada com desprezo, será derrubada e o sangue correrá". Depois de falar por mais algum tempo, a Virgem desapareceu. Guiada pelo anjinho, Catarina deixou a capela e voltou para sua cela.

Catarina continuou sua rotina junto das Irmãs da Caridade até o Advento. Em 27 de novembro de 1830, no final da tarde, Catarina dirigiu-se à capela com as outras irmãs para as orações vespertinas. Erguendo seus olhos para o altar, ela viu novamente a Virgem sobre um grande globo, segurando um globo menor onde estava inscrita a palavra "França". Ela explicou que o globo simbolizava todo o mundo, mas especialmente a França, e os tempos seriam duros para os pobres e para os refugiados das muitas guerras da época.

Então a visão modificou-se e Maria apareceu com os braços estendidos e dedos ornados por anéis que irradiavam luz e rodeada por uma frase que dizia: "Oh Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós". Desta vez a Virgem deu instruções diretas: "Faz cunhar uma medalha onde apareça minha imagem como a vês agora. Todos os que a usarem receberão grandes graças". Catarina perguntou por que alguns anéis não irradiavam luz, e soube que era pelas graças que não eram pedidas. Então Maria voltou-lhe as costas e mostrou como deveria ser o desenho a ser impresso no verso da medalha. Catarina também perguntou como deveria proceder para que a ordem fosse cumprida. A Virgem disse que ela procurasse a ajuda de seu confessor, o padre Jean Marie Aladel.


De início o padre Jean não acreditou no que Catarina lhe contou, mas depois de dois anos de cuidadosa observação do proceder de Catarina ele finalmente dirigiu-se ao arcebispo, que ordenou a cunhagem de duas mil medalhas, ocorrida em 20 de junho de 1832. Desde então a devoção a esta medalha, sob a invocação de Santa Maria da Medalha Milagrosa, não cessou de crescer. Catarina nunca divulgou as aparições, salvo pouco antes da morte, autorizada pela própria Maria Imaculada.

34º Domingo do Tempo Comum

Com poucas palavras, na 1ª leitura, é narrado um dois acontecimentos fundamentais da história de Israel: Davi é ungido rei e reconhecido como tal por todas as tribos de Israel.

Nas palavras proferidas pelo Senhor a Davi, há dois elementos muito interessantes: “apascentar” e “meu povo”. O estilo do reinado que Deus pede a Davi é o pastoreio. Ser rei não é ser dono nem Senhor do povo, mas um instrumento, servo do Senhor que tem a missão de conduzir este povo pelo caminho da Aliança.

Lemos esta leitura na festa de Cristo Rei, porque o futuro descendente de Davi, Jesus Cristo, também será ungido e estabelecerá uma aliança com a humanidade.

Paulo, na carta aos Colossenses, resume em três pontos a obra salvadora de Deus em Cristo: Deus nos fez participar gratuitamente da herança que havia preparado para seu povo santo; ele nos tirou do domínio das trevas e nos recebeu no Reino de seu Filho; ele os concedeu o perdão pela cruz de Cristo.

O Deus invisível é o Pai. Jesus é a imagem do Pai, sua visibilidade, sua epifania, manifestação; por isso, quem vê Jesus, vê também o Pai. Só por Jesus e em Jesus temos acesso ao conhecimento de Deus invisível, Deus vivo, que é o Deus da vida e da história. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó.

Jesus é o primogênito, pois não foi criado, mas gerado. Primogênito porque é o herdeiro de todas as promessas e o primeiro entre muitos irmãos. Primogênito, ainda, porque é anterior a tudo o que foi criado. Como Filho de Deus, Jesus é da mesma natureza que o Pai.

Na cruz, Jesus é reconhecido como “Rei”: é condenado à morte de cruz porque afirma “ser ele mesmo o Cristo, o Rei”, e este é também o motivo da zombaria, “se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!”, e da condenação, “este é o Rei dos Judeus”. Precisamente na cruz, Jesus comporta-se como Rei, com a promessa segura e “real” que reserva para o malfeitor arrependido.

Neste contexto, temos o reconhecimento da realeza de Cristo por um dos ladrões, que mostra acreditar em Jesus e lhe pede a salvação: “lembra-te de mim, quando começares a reinar”. Santo Agostinho, no comentário ao Salmo 39, alude a esta cena evangélica, e assim se expressa:

Alguns não o reconheceram quando fazia milagres, e ele(o ladrão) o reconheceu quando estava na cruz. Tinha pregados todos os seus membros: as mãos estavam sujeitas aos pregos, os pés estavam perfurados, todo o seu poço aderia ao madeiro; não estava nenhum membro livre: só a língua e o coração – em seu coração creu, com a língua fez profissão de fé. Jesus afirma que o paraíso tem árvores de felicidade: hoje estás comigo no madeiro da cruz, hoje estarás comigo na árvore da salvação.


Site da Diocese de Limeira

Assuma sua pertença a Deus

Quando vimos Maria sendo apresentada ao Senhor no Templo, também pensamos o quanto nós precisamos assumir a nossa própria vocação, nossa pertença a Deus.

Jesus disse: “Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,49-50).

Na liturgia de hoje, é com muita alegria que celebramos a festa da memória festiva da Apresentação de Nossa Senhora. Conforme o costume judaico, de acordo com a Tradição, Maria foi apresentada no Templo. Essa apresentação tem um significado muito especial de entrega, de consagração, de pertença.

Maria nasceu para ser toda de Deus, para ser instrumento nas mãos d’Ele, para colaborar na salvação da humanidade. Desde pequena, seus pais, Ana e Joaquim, a levavam ao Templo para ser consagrada. Eles a educaram para que ela crescesse na fidelidade de Israel, para que crescesse temente a Deus. Os pais, com certeza, não sabem quais são os desígnios que foram reservados para essa menina, mas eles tinham consciência de que a filha deles havia nascido para ser do Senhor.

É obvio que, ao longo da história, ao longo de seu crescimento, Deus foi se revelando a ela, até que, definitivamente, o Arcanjo Gabriel veio ao encontro dela para lhe revelar a plenitude da escolha divina, o desígnio que Deus tinha para ela.

Meus irmãos, quando vimos Maria sendo apresentada ao Senhor no Templo, também pensamos o quanto nós precisamos assumir a nossa própria vocação, o nosso próprio chamado a sermos cristãos, a assumirmos a nossa pertença a Deus. Isso toca em nossa memória, de quando ainda éramos crianças, pois fomos levados ao Templo, à Igreja para sermos batizado, para ser consagrados a Deus, entregues à causa d’Ele.

Quando os padres ungem o peito de uma criança com o óleo catecumenal, eles estão consagrando essa criança para que ela seja filho (a) de Deus. A marca da unção está em nós, somos ungidos no peito e também na testa com o santo óleo do Crisma para dizer: “Somos marcados para sermos propriedades do Senhor”.

Se nós levássemos a sério o nosso batismo, seríamos como Maria nas mãos de Deus: um instrumento eficaz para a salvação da humanidade. Cada um de nós pode colaborar com Ele para que o mundo seja melhor, para que o mundo seja salvo, para que conheça a redenção divina. Basta que levemos a sério o nosso batismo, basta que cada pai e mãe tome consciência da educação cristã que precisa dar a cada uma das nossas crianças a partir das águas batismais.

O batismo nos aponta a direção daquilo que Deus tem para nós. Felizmente, hoje, não faltam crianças batizadas, o que falta são pais que conscientizem seus filhos da missão, da consagração, da entrega que cada um de nós assumiu a partir do nosso batismo.

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo

Que todos sejam um!

Nosso Senhor Jesus Cristo chama todos os Seus discípulos à unidade. Unidos na esteira dos mártires, os cristãos devem professar, juntos, a mesma verdade sobre a cruz. A corrente anticristã propõe dissipar o seu valor, esvaziá-la do seu significado, negando que o homem possa encontrar nela as raízes da sua nova vida e alegando que a cruz não consegue nutrir perspectivas nem esperanças: o homem — dizem — é um ser meramente terreno, que deve viver como se Deus não existisse.

A Igreja, como mãe e mestra, deve estar empenhada em libertar-se de todo o apoio puramente humano para viver profundamente a lei evangélica das bem-aventuranças. Isso é tão significativo que o próprio Papa Francisco as fixou como tema dos três próximos anos para as Jornadas da Juventude, colocando em relevo a misericórdia, o perdão e a acolhida de todos com a mesma caridade com que Cristo acolhe Seus discípulos. Ciente de que a verdade não se impõe senão pela sua própria força, que penetra nos espíritos de modo ao mesmo tempo suave e forte, nada procura para si própria senão a liberdade de anunciar o Evangelho. De fato, a autoridade da Igreja exerce-se no serviço da verdade e da caridade.

O anúncio messiânico – "completou-se o tempo e o Reino de Deus está perto" – e o consequente apelo – "convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 15) –, com os quais Jesus inaugura a Sua missão, indicam o elemento essencial que deve caracterizar e ser o centro propulsor da nossa unidade arquidiocesana: a exigência fundamental da evangelização em cada etapa do caminho salvífico da Igreja. O Concílio Vaticano II apela tanto à conversão pessoal como à conversão comunitária. O anseio de cada comunidade cristã pela unidade cresce ao ritmo da sua fidelidade ao Evangelho. Ao referir-se às pessoas que vivem a sua vocação cristã, o Concílio fala de conversão interior, de renovação da mente e da ação pastoral. Assim, cada um tem de se converter mais radicalmente ao Evangelho e, sem nunca perder de vista o desígnio de Deus, deve retificar o seu olhar para fazer a vontade d'Ele em renovado ardor missionário, levando a Boa Nova de Cristo nas redes de comunidade, indo ao encontro dos que estão afastados.

O Papa Francisco, na sua Encíclica Lumen Fidei, no número 47, ensina que: "A unidade da Igreja, no tempo e no espaço, está ligada à unidade da fé: 'Há um só Corpo e um só Espírito, (...) uma só fé' (Ef 4, 4-5). Hoje, pode parecer realizável a união dos homens com base num compromisso comum, na amizade, na partilha da mesma sorte com uma meta comum, mas sentimos muita dificuldade em conceber uma unidade na mesma verdade. Parece-nos que uma união do gênero se oporia à liberdade do pensamento e à autonomia do sujeito. Pelo contrário, a experiência do amor diz-nos que é possível termos uma visão comum precisamente no amor: neste, aprendemos a ver a realidade com os olhos do outro e isto, longe de nos empobrecer, enriquece o nosso olhar. O amor verdadeiro, à medida do amor divino, exige a verdade e, no olhar comum da verdade que é Jesus Cristo, torna-se firme e profundo. Esta é também a alegria da fé: a unidade de visão num só corpo e num só espírito. Nesse sentido, São Leão Magno podia afirmar: 'Se a fé não é una, não é fé".

O Papa pergunta qual é o segredo desta unidade? "A fé é una, em primeiro lugar, pela unidade de Deus conhecido e confessado. Todos os artigos de fé se referem a Ele, são caminhos para conhecer o seu ser e o seu agir; por isso, possuem uma unidade superior a tudo quanto possamos construir com o nosso pensamento; possuem a unidade que nos enriquece, porque se comunica a nós e nos torna um".

A imensa promessa e as energias vibrantes de uma nova geração de católicos estão esperando para serem aproveitadas para a renovação da vida da Igreja. Estejamos, particularmente, próximos dos homens e mulheres, dos jovens e dos que estão na melhor idade, da infância e das crianças, e também dos que estão empenhados em seguir Cristo sempre com maior perfeição na generosidade, abraçando os conselhos evangélicos. Com o enfraquecimento progressivo dos valores tradicionais cristãos e a ameaça de um período no qual nossa fidelidade ao Evangelho pode nos custar muito caro, a verdade de Cristo não apenas precisa ser compreendida, articulada e defendida, mas proposta com alegria e confiança, como a chave para a realização humana autêntica e para o bem-estar da sociedade como um todo, recordando que Cristo nos chama a viver a unidade que só Ele pode nos dar. Nossa Igreja deve estar em permanente estado de missão. Que a unidade que esperamos seja perpassada pelo nosso compromisso de fidelidade a Cristo, ao seu Evangelho, em sintonia com a Santa Igreja, sendo santo na sua vida cotidiana e eclesial. Viver a santidade não é um privilégio de poucos. Pelo batismo todos nós recebemos a herança de nos tornarmos santos. Ser santo é uma vocação para todos os fiéis. Todos nós somos chamados a percorrer o caminho da santidade, e o caminho que leva à santidade e à unidade tem um nome e um rosto: Jesus Cristo. No Evangelho, Ele nos mostra a estrada das bem-aventuranças.

Por isso, rezemos ao Cristo Redentor para que possamos acolher e anunciar o Reino dos Céus. E isso somente será possível para aqueles que não depositam sua confiança nas coisas humanas, no ajuntamento do ser, do ter e do poder, mas no amor de Deus. Unidos em Cristo, buscando viver com o testemunho dos Santos, sejamos encorajados a não ter medo de caminhar contra a corrente ou ser mal-entendidos e ridicularizados quando falamos de Cristo e do Evangelho, que evangelizamos para superar as diferenças, e, na diversidade de carismas e como Igreja, possamos testemunhar Cristo "ut omnes unum sint".

Dom Orani João Tempesta, O. Cist

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

O segredo de Madre Teresa

Olhou-me com dois olhos límpidos e penetrantes. Em seguida, perguntou-me: “Quantas horas reza todos os dias?”. Fiquei surpreso com semelhante pergunta e tentei defender-me, dizendo: “Madre, da senhora eu esperava um incentivo à caridade, um convite a amar mais os pobres. Por que me pergunta quantas horas rezo?”. Madre Teresa tomou minhas mãos e estreitou-as entre as suas, quase para me transmitir o que tinha no coração; depois, confidenciou-me: “Meu filho, sem Deus somos demasiado pobres para ajudar os pobres. Lembre-se: eu sou apenas uma pobre mulher que reza. Rezando, Deus coloca o Seu amor em meu coração, e assim posso amar os pobres. Rezando!”

Nunca mais esqueci esse encontro: o segredo de Madre Teresa está todo aqui. Voltamos a nos ver muitas outras vezes, mas constatei que toda ação e toda decisão de Madre Teresa são maravilhosamente coerentes com essa convicção de fé: “Rezando, Deus coloca o Seu amor em meu coração”.

Retornando de Oslo, Madre Teresa fez escala em Roma. Vários jornalistas se aglomeraram no pátio externo da pobre moradia das Missionárias da Caridade, sobre o Monte Celio. Ela não evitou os jornalistas, mas os acolheu como filhos, colocando na mão de cada um uma medalha da Imaculada. Os jornalistas foram generosos em fotos e perguntas. Uma das perguntas foi um tanto marota: “Madre, a senhora está com setenta anos! Quando morrer, o mundo será como antes. O que mudou depois de tanto trabalho?”. Madre Teresa poderia ter reagido com um pouco de santo desdém, mas, ao contrário, esboçou um sorriso luminoso, como se lhe houvessem dado um beijo afetuosíssimo, e acrescentou: “Vejam, eu nunca pensei em poder mudar o mundo! Procurei apenas ser uma gota de água limpa, na qual pudesse brilhar o amor de Deus. Isso lhes parece pouco?”

O jornalista não conseguiu responder, ao passo que, em volta da Madre estabeleceu-se o silêncio da acolhida e da emoção. Madre Teresa retomou a palavra, dirigindo-se ao jornalista “descarado”: “Procure ser também o senhor uma gota de água limpa; assim, seremos dois. É casado?”. “Sim, Madre”, respondeu. “Diga-o também a sua mulher, e assim seremos três. Tem filhos?”. “Três filhos, Madre”, respondeu novamente. “Diga-o também a seus filhos, e assim seremos seis”.

De Massa Marítima fomos à ilha de Elba, de helicóptero, para um segundo encontro de oração. Durante o trajeto, indicava a Madre Teresa as várias localidades da Etrúria, enquanto ela enviava a cada uma delas o presente de uma Ave-Maria. Em dado momento, um homem, que nos acompanhava no voo, caiu de joelhos a meu lado e disse-me com voz trêmula: “Padre, eu não sei o que está me acontecendo! Mas parece-me que Deus, o próprio Deus, está me olhando por meio do olhar daquela senhora”.

Transmiti as palavras imediatamente à Madre, tão logo foram ouvidas. E ela, com tranquilidade desarmante, comentou: Diga a ele que Deus o está olhando há muito tempo, era ele que não percebia! Deus é amor!”. E, dirigindo-se ao homem, apertou-lhe a mão com afeto e entregou-lhe algumas medalhinhas de Nossa Senhora. Pareciam beijos, que continham o perfume do amor de Deus. Madre Teresa era assim: simples, humilde, límpida, evangelicamente transparente.

Mons. Angelo Comastri

Bispo de Loreto, na época do encontro com Madre Teresa

33° Domingo do Tempo Comum

Olhando para a 1ª Leitura, do profeta Malaquias, sabemos que esta perícope de hoje é parte de uma unidade literária maior: o sexto oráculo deste profeta. Este oráculo nos fala do triunfo da justiça divina. O israelita fiel objeta e interroga, pondo em questão o valor de suas boas ações: não vale a pena servir a Deus e observar os mandamentos; o justo sofre neste mundo enquanto o malvado prospera, tentando a Deus impunemente.

Malaquias responde a esta objeção assegurando que Deus não abandona ao que serve e teme. Isso se observará no “Dia que há de vir”. “Eis que virá um dia” é uma expressão tipicamente profética para chamar a atenção dos ouvintes para o futuro, despertando neles a expectativa de um tempo melhor.

A imagem do fogo (dia abrasador como fornalha) que abrasa e consome o arrogante é clássica, na literatura profética, para indicar o juízo de Deus ao malvado: será completamente aniquilado. Para o justo, ao contrário, começa então uma era de paz e de prosperidade. Como o sol matinal rompe a obscuridade da noite, assim a próxima manifestação do Senhor iluminará este mundo de trevas em que lutam e se debatem os justos.

Na 2ª Leitura, Paulo escreve aos tessalonicenses, porque alguns deles, devido à espera da parusia iminente, isto é, o pensamento de que o mundo duraria pouco, descuidam-se das ocupações humanas normais, sobretudo do trabalho, e vivem às custas dos outros.

Chegamos ao Evangelho. O texto de hoje confirma que a parusia – segunda vinda de Cristo – não será imediata. As perseguições não estão fora do que Cristo anunciou. Não há como fixar a data do fim dos tempos. Os discípulos do Senhor não estão abandonados.

Jesus anuncia a destruição do templo. O primeiro templo (de Salomão) foi destruído em 586 a.C. Dizer que também o segundo templo (construído em 515 a.C.) seria destruído como anuncio do fim do mundo. Ele não dá uma resposta direta, mas falta das catástrofes que fazem pensar no fim; entre estas, a ruína do templo. Porém, ‘o fim não vem em seguida’ (no tempo de Lucas o templo já estava em ruínas).

Não se deve ir atrás de qualquer fanático dizendo-se o Messias. As catástrofes são apenas lembretes, sinais. Significam que Deus julga a História. Ele tem a última palavra, para a qual nos preparamos, com o coração desperto e sóbrio, na fidelidade no dia-a-dia, como também na perseguição.

Apesar de sua linhagem apocalíptica, há que ter em conta que nosso texto não é nenhum descrição do fim do mundo. O centro do relato está no início do versículo 12: “Antes disso tudo, porém [...]”. Lucas quer explicar que não se sabe quando ocorrerá o fim do mundo. Quando os discípulos perguntavam a Jesus Cristo quando virá o dia, a resposta consiste em dizer que devem suceder muitas coisas que parecerão indícios do fim, sem o ser ainda. O que importa, pois, não é conhecer a data da segunda vinda de Cristo, mas ter claro que, antes de tudo isso, os discípulos serão perseguidos por causa do Evangelho.

Jesus quer agora inspirar confiança e dar ânimo a seus discípulos. Se eles serão levados aos tribunais por sua causa, é lógico que Jesus não os abandonará nesta ocasião.  Por isso lhes promete ser ele mesmo o advogado e dar-lhes aquela sabedoria de que vão necessitar.

Sua causa, que é a mesma causa de Jesus, chegará a uma vitória: o Evangelho se propagará a todo o mundo. Também Jesus foi levado ante os tribunais, padeceu e morreu sob Pôncio Pilatos, mas ressuscitou e seus apóstolos pregaram o Evangelho por força da Ressurreição.

Mesmo que sejamos mortos por causa do Evangelho, nossa vida permanece intacta pela ação de Deus, que nos livra da morte eterna.

O importante é que o cristão perseguido está nas mãos de Deus. Ele o salvará. A seu modo. Por seus caminhos. Vale notar que a perseguição é ocasião de um testemunho mais firme, glorioso, irresistível. Jesus foi o primeiro perseguido, e ele é quem é perseguido nos discípulos. Com o testemunho de doação da própria vida, os cristãos mostram a grandeza daquele que seguem: nem a morte os pode separar dele.

A fé possui a certeza de que Deus não abandona o mundo às forças do mal. O sofrimento que vemos deve ser encarado como as dores de um pastor, não como abandono e absurdo.


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“No ano da esperança”

Após vivermos o ANO DA FÉ, instituído pelo Papa Bento XVI e neste mês concluído pelo Santo Padre o Papa Francisco, estaremos em nossa Arquidiocese de Fortaleza dando continuidade ao triênio de preparação para a comemoração dos 100 anos de existência da Arquidiocese de Fortaleza, Igreja que deu origem às demais oito dioceses que existem no Ceará e fazem conjuntamente a Província Eclesiástica de Fortaleza.

Este segundo ano será para nós o ANO DA ESPERANÇA.

Juntamente com as virtudes da FÉ e da CARIDADE são as chamadas “virtudes teologais” – forças da graça divina que é dada por Deus aos que, crendo em Cristo são renascidos pelo banho batismal. Virtudes, pois são forças constitutivas da ação de Deus nas pessoas, teologais por sua origem e modo de ser divinos: são a atuação da própria vida divina concedida às pessoas humanas.

Assim encontramos no Catecismo da Igreja Católica (CIC) resumo condensado das doutrinas da Fé Católica: “1812As virtudes humanas se fundam nas virtudes teologais que adaptam as faculdades do homem para que possa participar da natureza divina. Pois as virtudes teologais se referem diretamente a Deus. Dispõem os cristãos a viver em relação com a Santíssima Trindade e têm a Deus Uno e Trino por origem, motivo e objeto. 1813 As virtudes teologais fundamentam, animam e caracterizam o agir moral do cristão. Informam e vivificam todas as virtudes morais. São infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna. São o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. Há três virtudes teologais: a fé, a esperança e a caridade.”

Para aprofundarmos nosso conhecimento e vivência da vida em Cristo, a vida cristã, o Santo Padre Emérito, Bento XVI, deu à Igreja três grandes Cartas, uma sobre cada uma das virtudes teologais: “Deus Caritas est – Deus é Caridade” – sobre a virtude da Caridade; “Spe Salvi – Salvos pela Esperança” – sobre a virtude da Esperança.

A terceira grande Carta ele a fez juntamente com o Santo Padre Francisco, dando à Igreja um documento fruto de seus estudos e da comunhão dos pastores: “Lumen Fidei – A luz da Fé” – sobre a virtude da Fé.

Com estes ensinamentos fundamentais o Pastor maior da Igreja Católica, em seu ministério de confirmar os irmãos na fé cristã, apascentando o rebanho de Cristo em todo o mundo, quer propor a todos uma renovação fundamental da vida no encontro com Cristo e seu seguimento, bem como na missão que do Senhor todos os discípulos recebem.

“Pela fé, “o homem livremente se entrega todo a Deus. Por isso o fiel procura conhecer e fazer a vontade de Deus. “O justo viverá da fé” (Rm 1,17). A fé viva “age pela caridade” (Gl 5,6), (CIC 1814).

“A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todo homem; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as, para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade da caridade.(CIC 1818).

“O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade, que é o “vinculo da perfeição” (Cl 3,14); é a forma das virtudes, articulando-as e ordenando-as entre si; é fonte e termo de sua prática cristã. A caridade assegura e purifica nossa capacidade humana de amar, elevando-a à perfeição sobrenatural do amor divino.”(CIC 1827).

Vamos assim nos encaminhar para o segundo ano de preparação jubilar centenária da Arquidiocese de Fortaleza, nos passos orientados pelo Bom Pastor através de seus apóstolos na missão do Evangelho para todo o mundo. Vivamos o ANO DA ESPERANÇA.

Nossa própria celebração jubilar se propõe: ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA – 100 ANOS: Nova Evangelização para novos tempos.

Assim o Papa Francisco enviou os jovens ao mundo inteiro, com as palavras de Jesus: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). A todos nos tem enviado para as “periferias existenciais” para levar Jesus a quem dele tanto necessita.

Vamos, então, discípulos missionários do Senhor!

José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

Deus é a recompensa dos justos

A morte de alguém não pode ser causa de desespero para nós, mas de confiança, porque Deus é a recompensa dos justos. “A vida dos justos está nas mãos de Deus e nenhum tormento os atingirá” (Sb 3,1).

Neste mês de novembro queremos recordar nossos irmãos que já partiram para a eternidade. Ao mesmo tempo, recordar à nossa alma, ao nosso coração, à nossa inteligência que este é também o destino que espera todos nós.

Para não desanimarmos, para não acreditarmos na tendência materialista que tudo se encerra neste mundo e para alimentarmos a nossa fé com as sementes da eternidade temos o consolo, a esperança e a convicção daquilo que Deus preparou para aqueles que morreram n’Ele e esperaram em Sua Palavra.

A primeira leitura da Missa de hoje, no Livro da Sabedoria, nos diz que pela inveja do diabo a morte entrou no mundo. A morte não vem de Deus, mas daquele que se colocou contra Ele. A causa primeira da morte é a inveja do maligno, pois este quis ser igual ao Senhor, por isso rebelou-se contra Ele e tentou aqueles que eram do Pai para que não vivam a vida n’Ele.

Só não conhece a vida plena aquele que se afasta de Deus, que ouve a voz do maligno e segue seus caminhos. A Palavra também nos diz que a vida de todo aquele que é justo está nas mãos do Senhor e nenhum tormento pode atingi-lo. Ainda que a sua saída deste mundo possa ter sido considerada uma desgraça, ainda que sua partida seja causa de tristeza, a Palavra nos diz que aqueles que morrem no Senhor estão na paz.

Queria aproveitar esta oportunidade para dizer que nós temos de ter cuidado com uma mentalidade errada, movida pela reencarnação, a qual é totalmente contrária à nossa fé. Meus irmãos, os mortos não se comunicam conosco, eles não nos mandam mensagens, não mandam dizer que estão bem ou mal, não há comunicação direta de voz entre quem já morreu e nós que estamos aqui.

Aqueles que estão em Deus experimentam uma paz profunda, a alegria plena da ressurreição que o Senhor nos trouxe e nem se compara a qualquer dor ou tristeza que tenha ficado em nosso coração.

Meus irmãos, será que o Deus da vida não terá deixado preparado, feito o melhor que Ele tinha no Seu coração para aqueles que morreram n’Ele? Se aqui na Terra nós já experimentamos, ainda que em primícias, aquilo que é a vida em Deus, imagine quem já morreu e está plenamente no Senhor. A morte de alguém não pode ser causa de desespero para nós, mas de confiança, porque Deus é a recompensa dos justos.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Três importantes ensinamentos para o nosso coração

“Os apóstolos disseram ao Senhor: ‘Aumenta a nossa fé!’” (Lc 17,5).

Meus amados irmãos e irmãs em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, a Palavra de Deus hoje tem três coisas importantíssimas para o nosso coração. A primeira delas é que nós não podemos ser motivo de escândalo para ninguém, não podemos ser motivo de desânimo na fé; e isso tem de começar em nossa própria casa.

O escândalo é uma ocasião de contradição, é apontarmos uma direção, mas fazermos outra coisa. São escandalosos os pais que não dão bons exemplos para seus filhos; é um escândalo falarmos uma coisa, mas vivermos outra; é um escândalo não testemunharmos a nossa fé. Que nós não sejamos causa de queda para ninguém.

A Palavra de Deus nos chama à atenção para a correção fraterna. Devemos ter primeiro uma atitude de vigilância, depois de caridade quando nos corrigimos uns aos outros. Se nós não tivermos caridade no coração, não conseguiremos corrigir ninguém. Se nosso irmão erra, peca, falha, faz aquilo que não é correto, se ele começa ser causa de escândalo, de pecado, nós devemos chamá-lo em particular, conversar com ele e lhe dizer: “Irmão, não é esse o caminho. O que você faz ou está fazendo não está edificando você nem ninguém”. Se ele ouvir, o teremos ganhado; mais ainda: se ele fizer sete vezes algo que não edifica e sete vezes arrepender-se, deveremos perdoá-lo. Temos de perdoar sempre que alguém quer voltar do mau caminho.

Assim como Deus nos perdoa todas as vezes, nós também devemos perdoar uns aos outros setenta vezes sete como nos aponta a obra do Senhor. Nós não devemos negar o perdão a quem se arrepende, porque o Pai nunca nos negará o Seu perdão e a Sua bondade.

Por último, os apóstolos pedem ao Senhor: “Aumenta a nossa fé”. Jesus mesmo diz que se tivermos fé do tamanho de um pequeno grão de mostarda, Ele realizará milagres. Meus irmãos, não se trata apenas de crer em Deus, porque todos nós cremos n’Ele, mas trata-se de ter n’Ele a nossa confiança, de fazer d’Ele a nossa esperança e a razão da nossa vida. Se nós não nos desmotivarmos na fé, tudo aquilo que quizermos alcançará o Coração do Senhor.

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo

32º Domingo do Tempo Comum

A 1ª Leitura de hoje antecipa o tema da ressurreição, proposto por Jesus no Evangelho. Escutamos esta célebre e dramática narração, a qual ressalta a coragem de uma família judaica durante as perseguições do rei grego Antíoco IV Epifânio, por volta do ano 167 a.C. Uma mãe e seus sete filhos recusam-se decididamente a comer carne de porco, proibida pela lei. Antes de violar a lei, enfrentam a morte, professando com firmeza a fé na ressurreição dos mortos.

Na 2ª Carta aos Tessalonicenses, depois da parte dedicada à catequese sobre a vinda do dia do Senhor, encontramos uma série de exortação de Paulo, introduzidas por uma oração. O Apóstolo propõe como meta a “consolação eterna” e saliente que, através da virtude do amor e do empenho da comunidade, lá chegaremos um dia. Apesar das dificuldades Paulo apóia-se na fidelidade do Senhor, que nos confirma e guarda do maligno.

Em Jerusalém, Jesus entra em conflito com vários grupos representativos do povo judaico. O texto para este domingo revela a conflituosidade de Jesus com os saduceus, classe aristocrática dos sacerdotes. Eles constituíam um partido influente na época, composto pelos chefes dos sacerdotes e pelos nobres anciãos da sociedade. Era a maioria do Sinédrio. Detinham o poder político, econômico e religioso como fiéis colaboradores do império romano que ocupava o país.

 No interior da trama social do judaísmo, eram os porta-vozes das grandes famílias ricas, que vivam e desfrutavam dos copiosos donativos dos peregrinos e do produto dos sacrifícios oferecidos no templo. Arraigados à lei de Moisés, representavam a velha sociedade excludente, a quem Jesus critica com sua pregação.

Os saduceus negavam a ressurreição dos mortos. Para eles a vida era um estágio no tempo. Tudo terminava nesta vida. Como materialistas, mais do que elucidar a realidade da vida além da morte, inventando um caso fictício de uma mulher, queriam ridicularizar o ensinamento de Jesus sobre a vida eterna e seu prestigio junto do povo.

Os saduceus apresentam a Jesus uma questão que até aprece uma anedota. Envolvia a lei judaica do levirato, ou seja, do cunhado (cf. Dt 25, 5-10). “Mestre, Moisés deixou-nos escrito: ‘Se alguém tiver um irmão casado e este morrer sem filhos, deve casar-se com a mulher para dar descendência ao irmão’” (Lc 20,28).

A lei do levirato, implantada por Esdras e seus sacerdotes e escribas, na época do pós-exílio, previa que toda mulher casada que ficasse viúva sem filhos passasse a ser esposa de seu cunhado mais velho e/ou do parente mais próximo, a fim de que o falecido pudesse dar à esposa descendência. Mais do que descendência, a preocupação recaía sobre os bens. Ocorre que a mulher era comprada da casa de seus pais e passava a ser propriedade do marido ou da família deste. E se ela, como viúva, se casasse com um homem fora da parentela do falecido, os bens investidos no casamento passariam para outros.

Jesus, percebendo a malícia dos interlocutores aristocratas e conservadores, não se atém à lei do levirato e responde enfaticamente que, na outra vida, as realidade serão diferentes. Casamento, descendência, bens e herança são preocupações e questões desta vida e não da eternidade (v.33-34). Lá não haverá marido ou mulher nem herança para ser discutida.

O futuro não será uma reprodução de nossa sociedade. “Neste mundo, homens e mulheres casam-se, mas o que forem julgados dignos de participar do mundo futuro [...] serão iguais aos anjos” (v.34-36). Estes vivem a vida em outra dimensão, isto é, na plenitude. A ressurreição não é um regresso à condição terrena, mas uma autêntica vida nova.

Aos saduceus que rejeitam a ressurreição, Jesus mostra que ela se fundamenta na própria revelação de Deus que se deu a conhecer como o “Deus não de mortos, mas de vivos, pois todos vivem para ele” (v.38). Mostra que o Deus do Antigo Testamento, o Deus do Êxodo (cf. Ex 3,1ss) é o Deus da vida, da libertação e da esperança. Não é um Deus que vai em busca de coisas mortas. Ele quer a vida e é na vida e no tempo que ele se comunica e se deixa encontrar.


Diocese de Limeira

A importância da cura interior

Em resposta àquilo que Jesus e a Igreja fazem por nós, duas ações devem ser realizadas. Jesus, primeiro, foi a todas as cidades e aldeias da Galileia, e a todos os lugares para pregar a Boa Nova a todas as pessoas. Jesus também disse para os seus irem a todos para lhes conceder cura e libertação e, se precisassem, também cura espiritual e cura física.

A cura interior profunda é muito importante e necessária para que sejam descobertas e sanadas as fontes mais significativas de todos os males que nos afligem. Muitas vezes, a pessoa não consegue cura espiritual, sem antes passar por uma cura interior; caso contrário, permanece naquilo que chamamos de hábitos compulsivos de pecar. Com frequência, por exemplo, um viciado em drogas não receberá cura a menos que seja curado interiormente das causas que o levaram ao vício da droga.

Satanás condena; Jesus cura. A cura interior é uma espécie de chave para a cura total da pessoa. Da mesma forma, sem a cura interior, não é possível ser curado de doenças físicas, tampouco experimentar a libertação. Deus quer que sejamos totalmente curados. São Paulo diz, na Carta aos Tessalonicenses, que Deus não nos quer curados parcialmente, mas por completo; não superficialmente, mas em profundidade. Ele nos quer perfeitos em corpo, mente e alma. "Vinde a mim, todos vós que estais cansados e carregados de fardos, e eu vos darei descanso" (Mt 11,28).

No entanto, vale ressaltar que a cura física é a menos importante. Já ouviu falar sobre Helen Keller? Ela era cega, surda e muda, mas foi uma das grandes filósofas do século passado. Qunado damos muita ênfase à cura física, isso não vem de Deus. Jesus disse: "É melhor entrares na vida tendo só uma das mãos do que, tendo as duas, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga" (Mc 9,43). Você já ouviu isso? Eis o motivo pelo qual Jesus não afirmou: "Vinde a mim você que quer cura física". Isso não é o mais importante, mas sim a cura espiritual, a experiência de perdoar todos os pecados, como o que acontece no sacramento da confissão, para que possamos experimentar o "poder perdoador" de Deus, o abraço do Pai.

A importância da cura interior se deve também às limitações da medicina e da psiquiatria. Acreditamos que a cura aconteça por meio da medicina e da oração, mas quando nos deparamos com os limites de ambas, então é Deus que vem e ultrapassa esse conhecimento. Todos os dias, encontro pessoas que me relatam a incapacidade dos médicos de fornecer um diagnóstico preciso.

No processo de cura interior, nada pode ser desvalorizado, tudo deve ser levado muito a sério, pois disso depende uma vida de plena liberdade.

Padre Rufus Pereira
Retirado do Livro “A Chave da Cura”

Amor perfeito

Todos queremos encontrar alguém e viver um relacionamento que dure eternamente. Muitas revistas investem em matérias que prometem nos ajudar a encontrar o par ideal em dez passos, com apenas alguns testes. Mas, infelizmente, não há um gabarito para viver um amor perfeito, tampouco “mandinga”, simpatias ou qualquer outra receita.

Há quem duvide da existência desse sentimento, mas se há interesse em viver um grande amor, precisamos nos comprometer verdadeiramente com a pessoa amada.

Precisamos acreditar que podemos fazer sempre algo a mais para conquistar o coração das pessoas com quem convivemos. Para alcançar essa meta é imprescindível nosso empenho em promover a felicidade de quem amamos. Um exemplo dessa dedicação acontece com as mães, que acordam cedo para preparar o café das crianças. O mesmo fazem os pais que dedicam a vida no trabalho para conceder conforto para os seus, entre outros.

Se perguntarmos a nossos pais o quanto lhes custou todo esse esforço, certamente eles dirão que foi a satisfação de ver os filhos crescerem.

Em nossos relacionamentos, geralmente começamos com grande afinco no exercício da realização dos desejos da outra pessoa, mas, ao longo da caminhada, alguns atritos podem suscitar em nosso coração a vontade de não sermos mais tão dedicados.

Algumas pessoas, já nos primeiros embates, querem desistir. No entanto, aquilo que distingue um verdadeiro relacionamento de qualquer outro tipo de envolvimento é o comprometimento entre as pessoas que se amam. E só podemos viver essa experiência quando conhecemos as necessidades do outro a respeito desse projeto de vida em comum, no qual devemos nos empenhar para o seu amadurecimento.

Embora sejamos românticos ao afirmar que encontramos o amor da nossa vida, na prática, corremos o risco de desejar apenas receber amor e atenção e não suprir os anseios de nossa (o) companheira (o).

Disso se faz a exigência de um relacionamento. Pois, para isso, custará o esforço de abandonar o nosso egocentrismo, a importância de nossas necessidades em favor do outro. Tal desprendimento faz com que coloquemos a pessoa amada em primeiro lugar e isso não deve ser feito por opção, mas pelo bem-estar do relacionamento. Caso contrário viveremos numa disputa de cada um querer defender seu interesse individual.

Imbuídos dessa convicção, criamos novas experiências, mudamos a nossa maneira de pensar, de ver o mundo e as pessoas dentro de suas limitações, sem deixarmos de ser um com o outro.

A perfeição desse amor desejado se faz no sacrifício da entrega. Assim, o amor, o carinho e a atenção que desejamos receber serão proporcionais àquilo que ofertamos.

Um abraço!

Dado Moura