Um sorriso não custa nada e rende muito


“Não esqueças - dizia São Josemaria Escrivá - que, às vezes, faz-nos falta ter ao lado caras sorridentes” (Sulco, n. 57).

Ele o recomendava, e (sou testemunha disso) praticava-o em favor dos outros todos os dias. Costumava dizer, por experiência própria, que, em muitas ocasiões, “sorrir é a melhor mortificação”, porque custa. Sim, pode nos custar, custar muito, sobretudo nos dias em que não nos sentimos bem ou andamos aflitos e preocupados, mas o esforço sacrificado de tentar sorrir por amor - por amor a Deus e por amor aos outros -, passando por cima das dificuldades, constitui um belo serviço, pois torna mais amável e alegre a vida dos que convivem conosco.

É estranho, mas alguns pensam que sorrir sem ter vontade é hipocrisia. Não é verdade. Por exemplo, fazer o esforço, no lar, de sorrir para evitar preocupações, angústias, tormentos, mau humor ao marido, à mulher, aos filhos, é um grande ato de amor. O sorriso afetuoso dissipa nuvens, desarma irritações, abre uma nesga de céu por onde pode entrar o sol da alegria e o bom humor.

Por isso, deve-se lutar, esforçadamente, para não privar desse bem os outros. Sorrir não é só uma reação espontânea, uma atitude “natural” que não se pode controlar; pode - e deve, muitas vezes - ser um ato voluntário de amor, praticado com esforço consciente, pensando no bem dos outros.

A este propósito, gosto de recordar um cartão de Boas-Festas que um padre amigo me mandou em fins de 1992. Era uma folha de papel simples, xerocada na paróquia, e trazia uma espécie de poema. Não sei se era da autoria dele ou se o tomara emprestado de alguma publicação ou da internet. Seja como for, o conteúdo era muito simpático. Debaixo do cabeçalho - um sorriso -, vinham as seguintes frases:

- “Não custa nada e rende muito."
- “Enriquece quem o recebe, sem empobrecer quem o dá."
- “Dura somente um instante, mas os seus efeitos perduram para sempre."
- “Ninguém é tão rico que dele não precise."
- “Ninguém é tão pobre que não o possa dar a todos."
- “Leva a felicidade a todos e a toda a parte."
- “É símbolo da amizade, da boa vontade, é alento para os desanimados, repouso para os cansados, raio de sol para os tristes, ressurreição para os desesperados."
- “Não se compra nem se empresta."
- “Nenhuma moeda do mundo pode pagar o seu valor."
- “Não há ninguém que precise tanto de um sorriso como aquele que já não sabe sorrir."
- “Quando você nasceu, todos sorriram, só você é que chorava. Viva de tal maneira que, quando você morrer, todos chorem e só você sorria."

Padre Francisco Faus

28 de Janeiro - Dia de Santo Tomás de Aquino


Neste dia lembramos uma das maiores figuras da teologia católica: Santo Tomás de Aquino. Conta-se que, quando criança, com cinco anos, Tomás, ao ouvir os monges cantando louvores a Deus, cheio de admiração perguntou: "Quem é Deus?".

A vida de santidade de Santo Tomás foi caracterizada pelo esforço em responder, inspiradamente para si, para os gentios e a todos sobre os Mistérios de Deus. Nasceu em 1225 numa nobre família, a qual lhe proporcionou ótima formação, porém, visando a honra e a riqueza do inteligente jovem, e não a Ordem Dominicana, que pobre e mendicante atraia o coração de Aquino.

Diante da oposição familiar, principalmente da mãe condessa, Tomás chegou a viajar às escondidas para Roma com dezenove anos, para um mosteiro dominicano. No entanto, ao ser enviado a Paris, foi preso pelos irmãos servidores do Império. Levado ao lar paterno, ficou, ordenado pela mãe, um tempo detido. Tudo isto com a finalidade de fazê-lo desistir da vocação, mas nada adiantou.

Livre e obediente à voz do Senhor, prosseguiu nos estudos sendo discípulo do mestre Alberto Magno. A vida de Santo Tomás de Aquino foi tomada por uma forte espiritualidade eucarística, na arte de pesquisar, elaborar, aprender e ensinar pela Filosofia e Teologia os Mistérios do Amor de Deus.

Pregador oficial, professor e consultor da Ordem, Santo Tomás escreveu, dentre tantas obras, a Suma Teológica e a Suma contra os gentios. Chamado "Doutor Angélico", Tomás faleceu em 1274, deixando para a Igreja o testemunho e, praticamente, a síntese do pensamento católico.

Santo Tomás de Aquino, rogai por nós!

3º Domingo do Tempo Comum


Na 1ª Leitura, Esdras e Neemias animam o povo sofrido a reconstruir o país e a fazer renascer a identidade através da palavra de Deus. A palavra suscita a adesão ao Senhor e transforma a tristeza em alegria, proporcionando a comunhão e a partilha.

A 2ª Leitura nos mostra que pela fé em Cristo partilhamos de uma existência comum, formando um só corpo na diversidade de dons e ministérios que se completam no amor fraterno.

No Evangelho, a solidez dos ensinamentos, transmitidos pelas testemunhas oculares, suscita a fé e a experiência do amor de Deus. Jesus, guiado pelo Espírito, exerce o seu ministério em toda a região da Galileia. Ele chega à cidade de Nazaré, onde fora criado, e entra na sinagoga em dia de sábado. Levanta-se para fazer a leitura e explicar o texto sagrado. O Espírito do Senhor me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres; a libertação aos presos; a recuperação da vista aos cegos; a liberdade aos oprimidos e proclamar um ano da graça do Senhor. As pessoas tinham os olhos fixos em Jesus, pois nele se cumprem as Escrituras. Cristo renova a esperança dos oprimidos, manifestando a graça, a benevolência, o favor de Deus. O ano da graça remete à libertação anunciada pelo ano jubilar, que segundo Levítico 25, proporcionava o cancelamento das dívidas, a libertação dos escravos e o retorno das pessoas às suas propriedades.

Revista de Liturgia

O segredo da espera


Somos convidados pela Palavra para entender um grande mistério na vida do cristão: não ser atendido em sua oração. Não tem como esperar por aquilo que se enxerga; a nossa esperança é a de quem não vê o que se espera.

A esposa que espera a conversão do marido, reza há tanto tempo, mas não consegue enxergar o que virá. Da mesma forma, há aquela mãe que reza tanto para o filho, mas não consegue enxergar a mudança. Eu quero falar exatamente sobre isso: o tempo da espera.Muitos cristãos abandonam a fé nesso tempo. Com certeza, todos nós já fomos a um consultório médico e ficamos na sala de espera para depois sermos atendidos pelo médico. No entanto, muitos cristãos não sabem passar pela "sala de espera" da vida.

O que você tem esperado hoje? Talvez seja sua conversão, a volta do seu marido ou a libertação do seu vício. É preciso esperar com confiança. A escola de santidade acontece nesse tempo. Quem não sabe esperar não celebra a chegada [da graça alcançada]!

Aprendemos a não esperar na fila, usamos a internet para não perder tempo e não nos exercitamos no esperar. Quantas pessoas passam por problemas de dívidas financeiras, tentam dar um jeitinho, mas essas só crescem? Isso porque muitos não aprenderam a esperar em Deus. Há muitos cristãos que não souberam passar pela "sala da espera" da vida e ficam trocando de Igreja.

Quando não esperamos muito, não damos valor quando o esperado chega. É necessário esperar, mas precisamos aprender a fazer isso; não é fácil ver os anos passando quando não enxergamos a conversão dos nossos ou a pessoa amada chegar.

A espera a que eu estou me referindo, não é uma esperança acomodada, de ficar de braços cruzados, eu falo da espera ativa. E para ela Deus nos dá um instrumento. "Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis" (Rm 8, 26).

O "Instrumento" para essa espera é o Espírito Santo de Deus, que vem sobre a nossa fraqueza de não sabermos esperar, de não sabermos rezar nesse tempo [da espera].

No tempo da espera, quando precisaríamos estar cheios de esperança, o que chega até nós é o desespero. E com isso não conseguimos rezar, quando mais deveríamos rogar ao Pai. Há muita gente que, quando está envolvida pelo desespero, só consegue pedir ao Senhor para morrer, pois vê na morte a solução para os problemas. Infelizmente, nesses momentos de dor, pedimos coisas erradas a Ele, por isso Ele não nos atende. Muitas pessoas ficam com raiva de Deus, porque Ele não as atendeu. Sendo que foram elas que pediram errado. Precisamos aprender a pedir. A Palavra nos ensina como rezar nesse tempo difícil. Muitas pessoas não sabem aguardar com esperança.

Quando pedimos em meio ao desespero, o fazemos a partir da nossa vontade, daquilo que achamos ser melhor e mais rápido. Dessa forma, invertemos a oração do Pai-Nosso; em vez de rezarmos: "Seja feita a Sua [do Senhor] vontade", rezamos: "Seja feita a minha vontade, aqui na terra e no céu também".

O Espírito Santo nos foi dado, porque, na hora do desespero, não sabemos pedir e Ele intercede ao Pai por nós. Muitas vezes, não somos atendidos porque não sabemos orar, e Deus não atende a prece feita a partir da nossa vontade.

O segredo está na comunhão com a vontade de Deus, e a teremos por intermédio do Espírito Santo, que ora ao Pai por nós em gemidos inefáveis. O assunto principal de nossas orações é dizer a Deus qual é a "nossa" vontade. 90% de nossas súplicas é dizer ao Senhor o que nós queremos e 10% é dando "umas dormidinhas". Depois, ficamos com raiva, porque o Senhor não nos atendeu. Um Deus que manda não queremos, mas sim um Pai que obedeça; na hora do desespero, desejamos que Deus seja nosso empregado!

Quem não sabe rezar cria uma no Senhor, como se pudesse fazer um "script" para que Ele fosse fazendo todas as suas vontades. Muitos são marcados com a decepção, porque criaram expectativas e estas não foram atendidas; depois dizem que Deus não faz nada na vida deles, somente na vida dos outros. Acham que o Senhor tem de fazer as vontades deles.

Não sabem passar pela "sala da espera". O cristão que não sabe rezar e reza sobre suas expectativas acha que Deus só pode dizer "sim", age como um pré-adolescente na fé. Esquece-se de que: “E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito, pois é de acordo com Deus que ele intercede em favor dos santos” (Rm 8, 27).

Você já parou para pensar que, talvez, não esteja pedindo o que Deus quer e que tenha de entrar na "sala da espera"? É preciso aguardar com esperança, entendendo que, enquanto estamos nessa "sala", estamos esperando por Aquele que examina os corações. É esperteza do cristão confiar seus pedidos ao Espírito, porque a comunicação entre Ele e Deus é perfeita. O cristão que não aprende a rezar no tempo da espera, fica ranzinza, não consegue acreditar nem nos milagres realizados na vida do outro.

Nós precisamos resgatar a capacidade de esperar, assim com a Virgem Maria, que esperou, aguardou, soube juntar a sua vontade com a vontade do Pai. Não somos chamados a nos juntar ao grupo que corre atrás de Jesus apenas por causa das curas.

Nos planos de Deus existe um tempo de espera para cada um de nós, não há ninguém que não tenha de, um dia, esperar. Isso faz parte da realidade da nossa vida; é melhor entrarmos na escola da espera. Só não podemos dispensar a ajuda do Espírito.

Como você tem rezado? Pedindo algo que é da sua vontade ou o que é da vontade do Pai?

Padre Fabricio Leitão

No casamento, ame!


Quando um homem e uma mulher se unem diante de Deus para formar uma família, seu relacionamento se transforma num instrumento de cura um para o outro. Eu tenho muita pena quando o verdadeiro sacramento do matrimônio é abandonado. Quando o marido e a esposa decidem viver um longe do outro por causa das feridas que um causou no outro ao longo de suas vidas. Eu tenho muita pena, porque este relacionamento longe de Deus se transformou numa arma, porque conviveram juntos e sabem dos limites um do outro.

Qual a maneira concreta para o sacramento se tornar instrumento de cura um para o outro? “Faze o que fazes com doçura” (cf. Eclesiástico 3-19).  Se você faz todas as coisas com doçura, ganha o afeto da pessoa que está com você. Quando somos doces, mais do que ser estimado e reconhecido nós ganhamos o afeto da pessoa, porque afeta a pessoa que é querida e é amada. O que é dar afeto? É você afetar a pessoa; e nós afetamos uns aos outros quando, no decorrer do dia, fazemos tudo com doçura.

Eu não estou falando de coisas que fogem do seu dia a dia, mas das coisas que você faz no ordinário da vida. Quando prepara a mesa do café, fazendo do jeito que o seu marido gosta, do jeito que seus filhos gostam de se sentar à mesa, preparando as coisas com carinho, porque você já os conhece, você já sabe o que cada um vai pegar na mesa. Estou falando da maneira que você chega no seu trabalho, da forma que você dirige; eu estou dizendo do momento do almoço ou do jantar, quando vocês se encontram para compartilhar a refeição. Falo de uma palavra que você dirige à sua esposa. Já que você tem de fazer estas coisas, faça com ternura, faça de forma doce; não é fazer mais coisas, é fazer o que você já faz com bondade e ternura. Há pessoas que dizem: “eu já faço tudo o que ele gosta”; mas, às vezes, falta doçura no fazer. Não fez de maneira terna. Não importa só o fato de darmos algo, mas sim a forma como o fazemos.

A Palavra nos diz que, quando agimos assim, ganhamos mais do que uma estima, ganhamos afeto. Estima é levar uma joia ao joalheiro e lhe perguntar: “Quanto o senhor estima o valor desta joia?”, ou seja, é aquilo que tem valor por si só, é aquilo que admiramos. Admirar é reconhecer o valor do outro e, na admiração, pode haver uma certa distância. Nós podemos admirar até um inimigo, reconhecer que ele tem qualidades. Mas afeto é diferente, há admiração.
Casamento sobrevive de doçura, de ternura, de toque, ou seja, a pessoa foi atingida por outra que está na mesma condição que ela. Às vezes, nós amamos uma pessoa que não nos ama, mas a força do amor é tão grande que, quando passamos a amá-la, ela, que não nos amava antes, passa a nos amar. É tão grande a força do amor que você acaba fazendo a outra pessoa amar você também. É algo simples? Sim é simples. Mas é fácil amar? Fácil não é, mas é o único caminho para a transformação da outra pessoa.

Quando queremos que uma pessoa mude, há três coisas simples e poderosas que podemos fazer:

1º) Usar, no relacionamento, a máxima exigência com você mesmo;
2º) Ter o máximo de compreensão com a outra pessoa;
3º) Ter sempre um sorriso para ela.

No casamento, nós exigimos o máximo de compreensão do outro, mas o que transforma não são as exigências com ele, mas com nós mesmos. Exigência para nós e compreensão para os outros.

Muitas vezes, erramos, porque colocamos o foco no lugar errado. Quando eu cobro do outro o que eu não dou, as coisas não mudam. Como é diferente um casal que troca palavras de carinho, de apoio e elogios! Como é bom encontrar um casal que se promove, que se ama. Como é bom encontrar uma mulher apaixonada pelo marido, que, quando tem algo a dizer dele, é sempre uma coisa boa!

Como é bom encontrar um marido que ama, tem uma verdadeira devoção à sua mulher! É claro que há brigas para colocar as coisas nos eixos, mas não daquela que destrói. Como é ruim encontrar casais que só tem uma palavra más, críticas mordazes, daquelas que são como uma uma punhalada no coração. Quantos casais destroem os casamentos por causa de críticas! Não só críticas para o cônjunge, mas também para os filhos, quando começam a ser cruéis com os filhos.

A Palavra de Deus se preocupa tanto com isso que São Paulo, em uma de suas cartas, diz que um dia nós vamos prestar contas de cada palavra inconsiderada que dissemos, porque a maioria das feridas existentes dentro de um casamento acontecem por causa das palavras. A flecha atirada e a palavra proferida não tem volta, diz um provérbio. A palavra fere como a flecha. Quantos casamentos se esvaziaram por palavra malditas! Quantos casais entraram nos casamentos felizes e encantados, mas, no momento de um apoiar o outro, começaram as palavras de destruição? Irmãos, nós vamos prestar contas a Deus por causa dessas palavras de destruição.

Se o marido soubesse o quanto as palavras ditas, na hora do nervoso e da raiva, destroem as mulheres, eles não as diriam. A raiva e as brigas passam, mas as palavras ficam lá dentro, cozinhando no coração da pessoa que você ofendeu. Se as mulheres soubessem a força que suas palavras têm, quando são proferidas contra o marido, elas não as diriam. É que homem tem a mania de fazer de conta que não está ouvindo, mas aquilo fica armazenado dentro do coração. No entanto, quando explode, leva junto o casamento.

Há coisas que não são amor. Somos, a todo momento, enganados pelas novelas, pelos filmes com os homens perfeitos com as mulheres perfeitas, com o beijo perfeito. Isso é mentira, isso é ilusão, isso não existe. Você quer saber o que é amor? É quando um homem olha para sua esposa, sabe que ela teve um dia difícil e, por isso, ela está sendo áspera nas palavras. Para não brigar com ela, ele se cala.

Amor é quando, depois de ter brigado, de ter discutido, ainda preparar uma cama gostosa para os dois dormirem, pois não conseguem dormir sem dizer uma palavra boa um para o outro. Isso é amor!

 Márcio Mendes

20 de Janeiro - Dia de São Sebastião


O santo de hoje nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.

Ao entrar para o serviço no Império como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.

Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.

São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.

São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele. Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288 foi duramente martirizado.

São Sebastião, rogai por nós!

2º Domingo do Tempo Comum

Na 1ª Leitura, lembrando a Aliança contraída no Sinai, ao tempo de Moisés, Isaías a refaz como quem lembra uma celebração nupcial em que Javé é o esposo e Israel, a esposa: Não mais me chamarão Abandonada e tua terra não mais será chamada Deserta, teu nome será Minha Predileta e a tua terra será a bem-casada, pois o Senhor agradou-se de ti e tua terra será a desposada. Desde o grande pequeno profeta Oséias, contemporâneo do profeta Isaías, é que a aliança de Javé com o seu povo é comparada à aliança de um esposo com a sua esposa amada. A mesma metáfora usada por Teresa de Ávila em relação à experiência mística.

Na 2ª Leitura, a pequena comunidade cristã fundada por Paulo era como uma pequena peça de um grande tabuleiro de religiões pagãs e seus respectivos cultos. Não admira que Paulo, embora longe, se preocupasse e muito com a sua comunidade de Corinto que durante perto de dois anos esforçara-se  por fundar e consolidar. A comunidade de Corinto tinha de ser muito criativa e perseverante tão complexa era a  cidade de Corinto. Toda comunidade religiosa é uma estrutura social complexa que exige ao mesmo tempo uma coesão interna e uma variedade do que Paulo chama de carismas, ou seja, dons específicos e complementares sem o que a comunidade não pode funcionar. O dom da palavra, o dom da ciência, o dom da cura são todos dons do mesmo Espírito que devem funcionar em vista do bem comum e jamais dentro de um espírito competitivo. É contra essa competitividade que Paulo previne os seus amigos de Corinto.

O ponto de partida para a nossa reflexão sobre o evangelho de hoje é a palavra de Maria, aparentemente um tanto precipitada, a Jesus de que os donos da festa não tinham mais vinho, ou seja, muito em breve eles passariam por uma grande humilhação. As bodas de Cana mais do que uma narrativa são uma parábola. Então devemos perguntar-nos: o que significa para nós essa preocupação de Maria? Essa preocupação de Maria aponta para a preocupação que Deus, nosso Pai, tem por nós. Para além da nossa autonomia pessoal e sem prejuízo dela, Deus se preocupa conosco e vela sobre nós. Nós estamos nas mãos de Deus e quando ajudamos os nossos irmãos as nossas mãos fazem as vezes das mãos de Deus. E por que transformar a água em vinho se a água já é um dom tão precioso? Por que Deus quer o melhor para seus filhos. As bodas de Cana afastam-nos de uma visão penitencial da religião e nos convidam para a festa, para o banquete nupcial, sem esquecer que a mesa desse banquete é uma mesa imensa onde cabem todos os filhos de Deus.

Pe. José
Colégio Santa Cruz

Olhar a sua volta


Na busca incessante por um sentido na vida, corremos, diariamente, o risco de sermos levados pela distração. O passado e o futuro nos arrastam para um lado e para outro, e pouco conseguimos aproveitar do agora. Mais do que nunca, é preciso lutar por viver dignamente o presente, ou seja, centrar nosso coração no Reino de Deus. "Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a Sua justiça, e tudo mais lhe será dado por acréscimo" (Mt 6,33).

Acredito que este Reino não é nenhuma terra distante, que um dia esperamos alcançar, nem é a vida depois da morte ou um estado de vida ideal. Este Reino é, antes de tudo, uma presença ativa e constante do Espírito de Deus agindo em nosso íntimo e nos oferecendo em toda e qualquer situação a liberdade que tanto almejamos. O Reino do Senhor acontece aqui e agora, onde estou escrevendo; e aí, agora, onde você está lendo, porque em Cristo o Reino de Deus está ao alcance de todos nós.

Sendo assim, pode surgir a pergunta: "Como eu posso centrar, acima de tudo, meu coração no Reino de Deus se Ele está preocupado com tantas outras coisas neste mundo?" O Espírito Santo responde, revelando-nos que é necessária uma mudança de coração; uma mudança não de lugar, mas sempre de mentalidade, para vivermos esta feliz realidade.

Certa vez, perdi muito tempo tentando encaixar a alça do meu vestido no espaço errado; depois de diversas tentativas, já havia machucado a mão e quase rasgado parte da roupa sem sucesso. Estava atrasada, irritada e sentia-me ridícula por não conseguir algo que parecia tão simples. Mas o pior foi constatar que eu estava tentando encaixar a alça no lugar completamente errado, enquanto, ao lado, havia o espaço certo que encaixava perfeitamente e sem esforço nenhum, pois havia sido feito para isso.

O problema é que eu estava tão concentrada na minha própria ideia que não conseguia lançar um olhar e perceber o que estava ao meu redor, mesmo que fosse óbvio.

A conversão me parece um pouco isso. É olhar em volta e constatar que não somos sempre os donos da razão, que existem soluções além das que nós elegemos e que os nossos problemas, por maiores que pareçam, não estão fora do alcance de Deus.

Quando paramos um pouco e damos atenção à voz de um amigo, por exemplo; quando lemos um livro, ouvimos uma música, fazemos um retiro, em fim, quando tiramos o problema do nosso foco e ousamos olhar em volta, vemos que, muitas vezes, nós é que estávamos tentamos encaixar “a alça do vestido” no lugar errado e, por apego à nossa ideia, não conseguíamos olhar com calma e perceber que existia outro espaço apropriado para isso.

Quando temos coragem de olhar a vida por esse prisma, percebemos que, na maioria das vezes, preocupamo-nos excessivamente com coisas banais e por isso nos cansamos. Ou pior ainda, chegamos mesmo a nos machucar e aos que estão ao nosso lado, geralmente os que mais amamos, só porque estamos apegados por demais às nossas ideias. E a voz suave de Deus nos diz: “Dá uma olhada à Sua volta, centra Seu coração no meu Reino. Abra mão dos seus apegos e Eu lhe darei a liberdade e a paz que seu coração deseja.”

Que, hoje, seja um dia de olharmos à nossa volta e darmos passos firmes na direção que Deus nos inspira seguir sem medo.

Estamos juntos! Rezo por você.

Dijanira Silva

Domingo do Batismo do Senhor


Na 1ª leitura, Deus escolhe o Servo, ungindo-o com o seu Espírito, para ser a luz das nações, para implantar a justiça e o direito na terra. O Servo atua com meios pacíficos, em contraste com as forças militares dos reis opressores. A palavra profética ilumina e abre os olhos do povo exilado na Babilônia, tornando-o participante ativo no processo de libertação.

Na 2ª leitura, a voz do Pai ressoa no cosmo revelando a toda a humanidade, sem fazer acepção de pessoas, a sua salvação pela morte e ressurreição de Jesus. O essencial é a adesão ao Senhor, manifestada na prática da justiça. Jesus de Nazaré é o Ungido, isto é, o Messias, que passou a vida fazendo o bem e curando a todos.

O povo acorre a João para receber o batismo de conversão. Mas o precursor batiza e anuncia o mais forte, o Messias esperado, que batizará com o Espírito Santo e com fogo. E o próprio Jesus é batizado nas águas do Jordão. Depois de batizado, enquanto rezava, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele, como pomba. Então, ressoou a voz do Pai: Tu és o meu Filho amado; eu, hoje, te gerei. O Espírito é expressão do amor do Pai e se manifesta de forma visível na vida de Jesus, através das palavras e ações libertadoras. Ele age como Servo e Filho amado do Pai, enviado para resgatar a dignidade do povo oprimido.

Revista de Liturgia

Somos chamados a partilhar o pão com misericórdia


Jesus se compadeceu da multidão que O seguia, pois era como que “ovelhas sem pastor”.

Os Evangelhos nos relatam que Ele – por duas vezes – multiplicou pães e peixes para atender à multidão que O seguia até uma região “deserta” (longe de cidades) e, ali, ficava ouvindo-O e recebendo curas, mas, por não se terem munido de alimentos, estavam a ponto de passar fome. Aproveitando o que os discípulos dispunham: cinco pães e dois peixes, mandou que o povo se assentasse em grupos de 100 e de 50. Tomando os pães e os peixes, Ele ergueu os olhos aos céus, deu graças e os abençoou. Depois, fez a repartição entre os discípulos e estes para o povo. Todos comeram à vontade: milhares de homens, além das mulheres e crianças. E como se não bastasse, ainda sobraram doze cestos com pedaços de pão e de peixe, que Jesus mandou recolher para nada se perder.

Assim como Jesus se compadeceu da multidão, também na nossa vocação cristã somos chamados a ter compaixão do povo, sobretudo do sofredor. Nossa vida cristã deve conduzir-nos à prática da misericórdia para com os irmãos. Esse é o grande testemunho de que o mundo precisa, e é uma exigência que brota das palavras de Jesus no Seu Evangelho: “Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”.

Jesus conduz seus discípulos a um lugar deserto para que repousassem, atravessando o mar da Galileia em um barco. Porém, ao desembarcarem, já uma grande multidão os espera. Incansavelmente e tomado de compaixão, Ele se põe a lhes ensinar. Com o passar do tempo, faz-se necessário que todos se alimentem. A solução dos discípulos é que seja comprado o alimento. Jesus propõe outra solução: “Vós mesmos dai-lhes de comer!”, e eles não entendem. Abençoando cinco pães e dois peixes que tinham, Jesus os partilha com a multidão. Aqueles que tinham alimentos aderem à partilha e todos ficam saciados. Jesus toca os corações e os transforma pelo amor.

O milagre da multiplicação dos pães se chama misericórdia e compaixão, perdão, partilha, justiça, amor e paz.

Hoje, fala-se muito da fome no mundo. Quem não viu imagens de crianças famintas da África que mais parecem esqueletos? Deus conta conosco para repartir o Seu “Pão” com todos aqueles que têm fome de amor, de liberdade, de justiça, de paz, de esperança.

O pão partilhado sacia a fome de todos e ainda sobra. Não será esse o caminho a ser seguido, também em nossos dias, para resolver o grave problema da fome no mundo?

Padre Bantu Mendonça

Famílias, busquem o dom da sabedoria


 “Vejam! Hoje, eu estou colocando diante de vocês a bênção e a maldição. A bênção, se vocês obedecerem aos mandamentos de Javé seu Deus, que eu hoje lhes ordeno. A maldição, se não obedecerem aos mandamentos de Javé seu Deus, desviando-se do caminho que eu hoje lhes ordeno, para seguir outros deuses que vocês não conheceram” (Dt 11,26-28). Deus coloca para nós bênçãos, se formos obedientes; maldição, se formos desobedientes. 

Somos imagem e semelhança de Deus. A imagem depende d'Ele, mas a semelhança depende de nós. O Senhor moldou Adão, tornando-o um ser vivo, mas mesmo diante de todos os outros seres viventes que foram criados, ele não encontrou ninguém que o fosse semelhante. O Pai concedeu a Adão um sono profundo; ao acordar, ele viu ao seu lado Eva. Então, disse: "Esta sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!" Deus criou a mulher para que o homem não ficasse só. 

Ao passear pelo jardim, Eva deparou-se com a serpente, a qual a aconselhou a comer da árvore da vida, pois, assm, teria o conhecimento do bem e do mal. Eva aceitou a fruta, mesmo tendo Deus dito que não poderia comê-la. Perceba que Adão não estava junto de Eva quando esta foi tentada pela serpente. Muitas vezes, acontece o mesmo em nossos dias, quando a ausência, tanto do esposo quanto da esposa, dentro do lar, faz com que o mal destrua o casamento.

O pecado de Eva foi a desobediência. Não podemos usar as pessoas como moeda de troca, pois a traição é insinuada em diversas partes da sociedade. Não podemos permitir que Deus se afaste de nossas famílias. 

Pais, corrijam seus filhos, não permita que a desobediência entre em seu lar, pois vocês sabem o que é o melhor para eles. Na hora da correção, é dor, mas, lá na frente, é agradecimento. Sem sabedoria jamais seremos felizes, sem ela os casamentos não serão restaurados. 

“A Sabedoria é resplandecente, não murcha, mostra-se facilmente para aqueles que a amam. Ela se deixa encontrar por aqueles que a buscam. Ela se antecipa, revelando-se espontaneamente aos que a desejam. Ela mesma vai por toda parte, procurando os que são dignos dela: aparece a eles bondosamente pelos caminhos, e lhes vai ao encontro em cada um dos pensamentos deles. O princípio da Sabedoria é o desejo autêntico de instrução, e a preocupação pela instrução é o amor. O amor é a observância das leis da Sabedoria. Por sua vez, a observância das leis é garantia de imortalidade” (Sb 6,12-13.16-18). 

Aquele que ama deve instruir o outro, e para isso é preciso buscar o dom da sabedoria. Falta aos casamentos a sabedoria, pois a vida a dois é complexa, mas, hoje, há uma pressa de viver.

Precisa-se entender que tanto o homem quanto a mulher têm sonhos diferentes, e é preciso aprender a lidar com essas diferenças. Como duas pessoas, que pensam diferente, podem morar juntos e serem felizes? Com o uso da sabedoria.

Leve o casamento a sério, não brinque com ele, pois Deus não brinca com você. O que Deus uni, o homem não pode separar, porque o casamento é uma via de mão dupla, ou seja, se uma ganha, são os dois que ganham; se um perde, são os dois que perdem. 

As três colunas do casamento são:

Indissolubilidade - nada poderá separar o que Deus uniu;
Fecundidade - o casamento envolve os filhos. Se você não quer ter filhos, não se case.
Fidelidade - busque ser fiel a você, a Deus e ao seu esposo. 

O casamento precisa ser alegre aos olhos de Deus. Edifique seu casamento no Senhor. Cuide do seu coração, pois ele é morada divina.

Padre Crystian Shankar 

Domingo da Epifania do Senhor


Na 1ª Leitura, a palavra profética de Isaías convida ao compromisso de fidelidade à aliança e a celebrar a salvação de Deus que se manifesta em todos os povos. A presença do Senhor ilumina os que se unem para construir uma nova cidade, no amor e na justiça.

 A 2ª leitura mostra que o plano salvífico universal de Deus foi realizado plenamente através da vida, morte e ressurreição de Jesus. Assim, também “os gentios são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e associados à mesma promessa em Jesus Cristo”.

Os sábios do oriente chegam a Jerusalém, atraídos pela luz do Senhor, e perguntam pelo rei dos judeus recém- -nascido. Herodes e toda Jerusalém ligada ao poder ficam alarmados, pois conhecem as esperanças messiânicas do povo. Da pequena Belém haveria de surgir o verdadeiro pastor para apascentar e guiar o povo no caminho da salvação. Os magos seguem os sinais de Deus, a estrela que conduz ao Messias Salvador e se alegram. Prestando reverência, oferecem presentes a Jesus. A tradição posterior reconheceu no ouro a realeza de Cristo; no incenso, sua divindade, e na mirra, sua humanidade. O gesto dos magos simboliza a adesão de todos os que reconhecem Jesus como Salvador. Sua fé no caminho do seguimento a Cristo prefigura a missão universal de fazer discípulos/as todas as nações.

Revista de Liturgia

Solenidade de Maria, Mãe de Deus


A 1ª leitura invoca o nome do Senhor, no início de cada versículo, para enfatizar que a eficácia da bênção provém dele, a fonte da vida.

Paulo, na 2ª leitura, lembra que Deus intervém na história humana, na plenitude do tempo, enviando seu Filho para realizar suas promessas.

No Evangelho, os pastores, após terem recebido a Boa Notícia do nascimento de Jesus Cristo, se dirigem às pressas a Belém. Eles encontram o sinal da salvação de Deus na simplicidade de um menino recém-nascido junto com Maria e José. Por isso, quando o viram, contaram as palavras que lhes tinham sido ditas a respeito do menino. Assim, os pastores se tornam anunciadores do Salvador, da luz que resplandece para todos os povos. As suas palavras e o seu testemunho deixam as pessoas admiradas, despertando-as para a fé e o seguimento a Jesus. Maria permanece na escuta da Palavra, meditando-a no seu coração. Os pastores voltam, louvando e glorificando por tudo o que tinham visto e ouvido. O Menino Deus é circuncidado no oitavo dia, como sinal da aliança e da inserção na sociedade.

Revista de Liturgia