A Palavra de Deus é a semente da vida!

A parábola que Jesus conta para nós, hoje, é uma das palavras do Senhor que nos dão uma compreensão maravilhosa da presença do Reino de Deus no meio de nós: “A Parábola do semeador”. O Reino de Deus é como um homem que sai a semear e a Palavra de Deus é a semente.

Quem já viveu no campo sabe como é a semente: ela é lançada na terra, vai cair, vingar, crescer e se tornar uma árvore esplendorosa e vai produzir muitos frutos. No entanto, muitas sementes não chegam nem a entrar na terra, elas se perdem pelo caminho, os pássaros vêm e as comem. Outras sementes até começam a crescer, a vingar, mas o terreno é rochoso é pedregoso, então elas não entram no solo com profundidade, ou vêm a chuva, o temporal ou qualquer coisa que levam aquelas sementes embora.

A Palavra de Deus que é semeada em nosso coração tem a mesma sintonia: nós a escutamos e a achamos bonita, mas nós somos tão distraídos que a primeira distração que vem à nossa frente rouba a Palavra de Deus que está em nós.

Quando nós estamos na Missa quanta distração vem a nossa cabeça, o quanto nós estamos, muitas vezes, avoados, preocupados com as coisas, e esta Palavra não cresce em nós. Outras vezes, até permitimos que esta Palavra cresça, a achamos bonita, guardamos aquela Palavra, mas nos faltam constância e perseverança.

Nós nos animamos com qualquer outra coisa, deixamo-nos levar por qualquer outra realidade e a Palavra que foi lançada em nosso coração é roubada e não cresce nem produz frutos. Mas, pior ainda é quando deixamos nos levar pelas preocupações do mundo, pela ilusão das riquezas, dos bens materiais e de tudo aquilo que a vida nos oferece. Isso contagia tanto os nossos olhos que nós perdemos a direção do Reino de Deus e nos deslumbramos com aquilo que o mundo nos apresenta.

E tantas vezes, perguntamos: ”Meu Deus, por que não eu não vivo a Tua Palavra!? Por que eu não coloco a Tua Palavra em prática?”. Porque o nosso coração se deixa iludir, o nosso coração se deixa enganar por outras tentações, por outras coisas que, aparentemente, parecem melhores e mais agradáveis do que a Palavra de Deus.

E, hoje, quero dizer a você: Deixe essa Palavra cair no seu coração, medite-a, guarde essa Palavra, guarde-a como um tesouro para a sua vida, para o seu coração, para a sua família e não deixe que nenhum vento, nenhum pássaro, nenhuma tentação e nenhuma tribulação roubem essa semente maravilhosa, que é a Palavra de Deus semeada no seu coração!

Que essa Palavra produza frutos na sua vida: ou trinta, ou sessenta ou cem por um. Que essa Palavra multiplique os frutos do Reino de Deus no seu coração! Que no seu coração a Palavra de Deus seja fecunda e produza muitos frutos!

Deus abençoe você!


Padre Roger Araújo

Coração e educação

Pascal, pensador do século XVII, afirmava que “o coração tem razões que a própria razão desconhece: percebe-se isso de mil modos (...)”. Esta sua afirmação tornou-se célebre. O que entendia o pensador por coração? Teria este alguma relação com o grande e nobre desafio da educação?

O coração é um órgão vital do corpo humano, muito estudado, acompanhado e cuidado. A arte médica realizou muitas conquistas no tocante ao cuidado deste órgão vital. No entanto, o coração humano tem conotação mais ampla: é considerado a sede dos sentimentos, expressão da intimidade do ser humano, centro das grandes decisões existenciais e da vida. Para além de considerações fisiológicas, queremos centrar a atenção para aquilo que ele representa.

Podemos dizer que o coração representa o horizonte no qual o ser humano pode atingir o conhecimento de si, de seus sentimentos, de suas paixões, de seus impulsos, tendências, desejos e valores, de suas capacidades e aptidões. São aspectos da existência humana que ultrapassam a mera racionalidade; não são aspectos contrários à razão, mas mais profundos. Assim, o âmbito do coração recebe uma amplidão de possibilidades que está além da razão, sem ignorá-la; indica para experiências originárias de conhecimento! Nessa perspectiva, podemos identificar um horizonte de experiências, no qual a razão lógica não pode penetrar e que, todavia, toca dados objetivos autênticos, segundo uma ordem sua própria.

Tendo presente tais considerações, poderemos perguntar: o que a educação pode fazer pelo coração humano? No que ela pode cooperar para que esta dimensão decisiva da existência humana receba justas orientações para o desenvolvimento de uma existência humana verdadeiramente integrada e integradora? Como as instituições educativas abordam tais aspectos da existência humana, decisivos para o convívio social integrado, harmonioso e respeitoso?

Há, talvez, especialistas e técnicos na arte da educação que desconsideram tais afirmações e indicações. Haveria, talvez, daqueles que considerassem tudo isso tarefa exclusiva dos genitores, da família. Encontraremos outros ainda que, talvez, dirão que tudo isso nada tem a ver com educação... Será?

Certo é que encontramos tantas realidades em que respeito, valores, aptidões, desejos, sonhos, impulsos, regras, aspectos fundamentais do convívio humano civilizado são simplesmente transcurados, senão ignorados. E no empurra-empurra das responsabilidades, vemos um número crescente de pessoas sendo lançadas para as ‘periferias existenciais’.

Não resta dúvidas de que um número sempre maior de pessoas tem acesso à instituição escolar, pois cresceu o número daqueles que chegaram à universidade. Mas sob que condições? Quais seriam os resultados objetivos dessa realidade? Melhorou o convívio social? Vemos pessoas melhor formadas, mais bem informadas? Ora, informação não pode ser considerada sinônimo de formação. Quem, afinal, define o projeto sócio-educativo de um povo, duma nação? E para além de opiniões difusas, não é raro encontrar adolescentes analfabetos que há anos frequentam a instituição escolar; também não é raro encontrar pessoas que passaram pelo terceiro grau e que não conhecem regras básicas da língua madre. Também não é raro encontrarmos professores apavorados, reféns de grupos que agem impunemente; embora em alguns países eles possuem lugar social de destaque, são considerados mestres, gozam de respeito público!

Corações educados, orientados, formados e informados crescem em sabedoria e graça diante dos demais e do Eterno!

Dom Jaime Spengler

Arcebispo de Porto Alegre (RS)

3º Domingo do Tempo Comum

A primeira leitura da missa de hoje é, em parte, a mesma da noite do Natal: "O povo que andava na escuridão viu uma grande luz; para os que habitavam nas sombras da morte, uma luz resplandeceu! Fizeste crescer a alegria e aumentaste a felicidade! Todos se regozijam em tua presença". Irmãos, esta luz que ilumina as trevas, que dissipa as sombras da morte, que traz a felicidade, é Jesus.

Na segunda leitura da Missa, São Paulo convidava os cristãos de Corinto à conversão para uma vida de união e de amor. É assim: a Igreja toda inteira e cada um de nós pessoalmente, seremos sempre chamados a essa mudança, a esse deixar que a luz de Cristo invada a nossa existência tenebrosa!

No Evangelho, a cidade de Cafarnaum, e toda a Galiléia do tempo de Jesus, era lugar de refugiados e estrangeiros marginais, chamada, por isso, não sem preconceito, de “Galiléia das nações”: afinal as nações eram os pagãos e os não-judeus, os que não faziam parte do povo eleito. É neste cenário que Jesus inicia seu anúncio do reino e se encontra com Pedro e André, Tiago e João, pescadores. Um trabalho cheio de hostilidade, sem garantia de êxito. O chamado que Jesus faz a eles é categórico e a resposta é imediata e incondicional. É o início de uma comunidade de discípulos, onde se torna viável o caminho da conversão que eles devem indicar para outros. É uma comunidade de seguidores de Jesus que devem acompanhá-lo em sua itinerância e aprender com ele o ministério do ensino e da cura. Ela se torna o instrumento através do qual o povo das trevas torna-se o povo da luz.

Este evangelho nos coloca diante de uma proposta simples e, ao mesmo tempo, radical. O primeiro passo é deixar as redes, o segundo é aprender a viver em comunidade. O anúncio do reino supõe a vivência do discipulado numa comunidade concreta, o exercício cotidiano do serviço, da entrega nas pequenas coisas, na superação de nós mesmos na relação com os outros. Sem isso, o ensino fica vazio. O movimento de evangelização com as massas fica sem base, sem a experiência das pequenas comunidades.

Ao mesmo tempo, a comunidade dos discípulos e discípulas não é uma comunidade com fim em si mesma, mas está permanentemente a serviço do reino. Como Jesus, ela tem a missão de apontar saída para o fatalismo, proclamando a boa notícia e exercendo o ministério da cura.

Na celebração litúrgica, esta palavra nos chama de novo para o caminho de conversão na comunidade concreta, a serviço do reino.


Homilia Dominical

O chamado

Infelizmente, ou até felizmente, vivemos numa situação humana marcada por grandes diferenças. Em determinados casos, podemos chamar de profundos abismos, seja na área social, política, econômica, psicológica, religiosa etc. Isso está muito claro entre o Criador, totalmente perfeito, e a criatura, condicionada às inumeráveis imperfeições.

Dentro das condições naturais da vida, todas as pessoas são chamadas à perfeição ou, pelo menos, a fazer esforço para viver nessas condições. Portanto, a correspondência a isso depende de cada um. Só assim é possível haver ordem social, convivência harmoniosa e diminuição dos extremos, porque eles são excludentes e, às vezes, desumanos.

Todo chamado supõe alguma resposta, que deve ser assumida com muita responsabilidade. A proposta de Deus, contida na Sagrada Escritura, é apresentada nessas condições e traz consequências para a vida social. Agindo assim, estamos contribuindo para o bem das pessoas e participando da construção do que motiva o bem viver, a harmonia na comunidade.

Quem faz o bem pode ser chamado de “ungido do Senhor”, de quem entendeu o sentido da vida e exercita suas qualidades para construir um mundo e uma sociedade como ambiente saudável. Todos nós podemos contribuir para vivenciar essa utopia, quebrando os muros existenciais que aumentam e fortalecem as distâncias.

Um chamado, na visão cristã, identifica-se com a palavra vocação ou missão de construir alguma coisa. A vida não pode ser infecunda como um parasita, que não contribui com nada. Sendo criatura, cada pessoa participa do projeto criador de construir, de dar perfeição e condições de vida para toda a obra criada, principalmente, o ser humano.

Falar de chamado, como vocação, significa perfeição, mas também santidade, isto é, de uma vida ofertada para o bem da comunidade e para o seguimento de Jesus Cristo. Supõe engajamento comunitário para transformar a sociedade em ambiente de amor e fraternidade. Corremos o grande perigo da fuga e do distanciamento da realidade, da rebeldia contra a vontade do Criador, deixando lugar para o envolvimento do reino do mal, da injustiça e da falta de paz.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba (MG)

2º Domingo do Tempo Comum

As leituras deste domingo têm como eixo transversal o convite de Deus a toda a humanidade a assumir como próprio o projeto do Reino, de projetar, em liberdade e sinceridade, uma maneira nova de ser homem e mulher, de ser criação e sociedade.

O texto da primeira leitura faz parte do segundo Cântico do Servo (Is. 49,1-50,7), nele há uma identidade do povo de Israel como o servidor de Deus.

Este Israel mencionado aqui não representa a totalidade do povo de Deus, mas sim, talvez, se refira àquela pequenina comunidade de crentes, desterrada na Babilônia, a esse grupo reduzido que mantém viva a esperança e a fé. Esse grupo que, apesar de estar longe de sua terra, mantém sua confiança que Javé, trará a salvação a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus colocou seus olhos nele e assinalou a missão a todo o povo de Israel e ao mundo inteiro, pois Deus olhou para ele e lhe concedeu a missão de expressar a toda a criação o seu desejo mais profundo: salvar a todos sem exceção.

O autor do cântico assinala uma grande diferença quanto à compreensão da salvação prometida por Javé; sendo o tempo do exílio, o profeta anuncia uma salvação para todas as nações, não unicamente para o povo de Israel.

Na 2ª Leitura, Paulo inicia sua carta confirmando a universalidade do Reino de Deus; expressando que a mensagem de salvação é para todos os que, em qualquer lugar e tempo invocam o nome de Jesus Cristo. Contudo, pela maneira solene que Paulo escreve (à Igreja de Deus em Corinto), pode-se afirmar que o apóstolo está se referindo à única e universal igreja de Cristo, que se faz historicamente presente nos cristãos da comunidade de Corinto.

Isto é, ainda que Paulo tenha escrito de amaneira particular a uma comunidade, sua mensagem ultrapassa os limites do espaço e do tempo, adquirindo em todo momento atualidade e relevância, pois é uma Palavra dirigia à humanidade inteira. Homens e mulheres recebem a graça de ser filhos de Deus, por meio de Jesus; fomos consagrados por Deus para realizar em nossas vida a “vocação santa”, que em nossa linguagem corresponderia à “missão” de tornar presente, aqui e agora, o reino de Deus: fazer deste mundo um lugar mais justo e solidário, menos violento, destruidor, mais livre e fraterno.

Quem assume como modo normal de vida este horizonte libertador, está invocando o nome de Jesus.

O evangelho de João manifesta a universalidade da salvação de Deus por meio da vida e missão de Jesus de Nazaré, visto este como cordeiro de Deus, que se sacrifica, se entrega obedientemente à vontade do Pai para salvar da morte (do pecado) a toda a Humanidade.

Jesus é o enviado do Pai, o ungido pelo Espírito de Deus, o servidor de Javé de que fala o profeta Isaías (49,3) que tem como especial missão estabelecer no mundo a justiça do reino. É quem verdadeiramente traz a salvação de Deus à humanidade. João Batista já havia compreendido sua própria missão e a missão de Jesus.

Por tal razão o profeta do deserto diz que atrás dele vem um que é mais importante do que ele, pois o que vem é o Messias, Palavra nova de Deus para o mundo. O Batista reconhece Jesus como o Filho de Deus, por isso dá testemunho dele. E o faz com as imagens daquele tempo, imagens que há muito tempo ficaram sem base e que até perderam sua inteligibilidade.

Falar de Cordeiro de Deus, sacrificado, que expia nossos pecados, que tira o pecado do mundo com seu sangue, que nos "redime” é falar em categorias que somente podemos conhecer pelo estudo histórico-bíblico, por cultura especializada religiosa, porém que não podemos captar “por sentido comum”, por uma vivencia que se respira através do subconsciente coletivo social, como normalmente são captadas as boas imagens, as imagens que estão vivas.

Algumas imagens já morreram, ainda que continuem sendo lidas ou repetidas. Uma tarefa pendente da comunidade que crê hoje é testemunhar esse encontro profundo com Jesus com metáforas novas, para que expressem e comuniquem esse encontro. Será essa a forma de se poderá concretizar uma vida fundada na entrega e no amor, na justiça e na comunhão com a Natureza.


Site Homilia Dominical

Uma vida com sentido

Uma vida com sentido, diferente do que muitas pessoas pensam, não é uma vida cheia de prazeres, mas vivida com significado. Quando realizamos valores, colocamos sentido em nossas vidas.

Viktor Frankl, o precursor da Logoterapia, avalia três categorias de sentido: de criação, de vivência e de atitude. Ao inventarmos, criarmos ou realizarmos algo, como um projeto profissional, um livro, um estudo, entre outros, estamos concretizando um valor criador.

O trabalho que realizamos – quando o fazemos em prol do bem –, ajudando os outros e a humanidade, enche nossa existência de sentido. Isso traz a certeza de termos contribuído com aquilo que temos de melhor para o bem de outros; dessa forma, nós nos sentimos realizados e felizes.

Quando amamos e dedicamos nossa vida às pessoas – para as quais este amor é destinado – ou quando nos dedicamos a uma causa como a evangelização, a luta pela vida ou mesmo a preservação da natureza, realizamos os valores vivenciais.

Também podemos realizar os valores de atitude, um dos mais nobres, pois quando não podemos mudar algo ao nosso redor ou nas pessoas que nos cercam, podemos mudar nossa atitude frente à situação. Podemos responder de forma positiva, subjugando-nos ou enfrentando com a cabeça erguida e um sorriso no rosto. Isso é fazer com que o momento difícil se torne fonte de crescimento pessoal e espiritual.

A todo o momento, há valores a serem vividos, grandes e pequenos; em sua maioria, pequenos, mas que tornam nossa vida repleta de significado e cheia de sentido. Mas se você sente que ainda não encontrou o sentido de sua vida, comece a observar ao seu redor e a ver o quanto o mundo e as pessoas precisam de você; o quanto só você pode fazer por elas. E se não há nada a fazer, sua atitude pode ser diferente e especial.

Realizamos valores quando nos voltamos para fora, quando ajudamos os outros, e isso podemos fazer mesmo que imobilizados: rezando e intercedendo pelas pessoas e pelas causas que lutam pela vida e sua dignidade.

Por mais simples que seja a nossa vida, há uma missão a ser cumprida; ao realizá-la, encontraremos o sentido da nossa vida. E essa missão só nós podemos realizar.

Boa missão!


Mara S. Martins Lourenço

Homilia da Festa do Batismo do Senhor

A Festa do Batismo do Senhor, celebrada no Domingo depois da Epifania encerra o ciclo das Festas da Manifestação do Senhor, o ciclo de Natal. Comemoramos o Batismo de Jesus por São João Batista nas águas do rio Jordão. Sem ter mancha alguma que purificar, Jesus quis submeter-se a esse rito tal como se submetera às demais observâncias legais que também não o obrigavam.

O Senhor desejou ser batizado, diz Santo Agostinho, “para proclamar com a sua humildade o que para nós era uma necessidade”. Com o batismo de Jesus, ficou preparado o Batismo cristão, diretamente instituído por Jesus Cristo e imposto por Ele como lei universal no dia da sua Ascensão: Todo poder me foi dado no céu e na terra, dirá o Senhor; ide, pois, ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 18-19).

O dia em que fomos batizados foi o mais importante da nossa vida, pois nele recebemos a fé e a graça. Antes de recebermos o batismo, todos nós nos encontrávamos com a porta do Céu fechada e sem nenhuma possibilidade de dar o menor fruto sobrenatural.

Devemos agradecer a Deus a Graça do Batismo. Agradecer que nos tenha purificado a alma da mancha do pecado original, bem como de qualquer outro pecado que tivéssemos naquele momento. A água batismal significa e atualiza de um modo real o que é evocado pela água natural: a limpeza e a purificação de toda a mancha e impureza.

“Graças ao sacramento do Batismo tu te converteste em templo do Espírito Santo: não te passe pela cabeça – exorta São Leão Magno – afugentar com as tuas más ações um hóspede tão nobre, nem voltar a submeter-te à servidão do demônio, porque o teu preço é o sangue de Cristo.”

Na Igreja, ninguém é um cristão isolado. A partir do Batismo, o cristão passa a fazer parte de um povo, e a Igreja apresenta-se como a verdadeira família dos filhos de Deus. O batismo é a porta por onde se entra na Igreja.

“E na Igreja, precisamente pelo Batismo, somo todos chamados à santidade” (LG 11 e 42), cada um no seu próprio estado e condição. A chamada à santidade e a conseqüente exigência de santificação pessoal são universais: todos, sacerdotes e leigos, estamos chamados à santidade; e todos recebemos, com o batismo as primícias dessa vida espiritual que, por sua própria natureza, tende à plenitude. É importante lembrar o caráter sacramental do Batismo “um certo sinal espiritual e indelével” impresso na alma no momento (Dz, 852). É como um selo que exprime o domínio de Cristo sobre a alma do batizado. Cristo tomou posse da nossa alma no momento em que fomos batizados. Ele nos resgatou do pecado com a sua Paixão e Morte.

Com estas considerações é fácil compreender porque é de desejar que as crianças recebam logo o batismo. Desde cedo a Igreja pediu aos pais que batizassem os seus filhos quanto antes. É uma demonstração prática de fé. Não é um atentado contra a liberdade da criança, da mesma forma que não foi uma ofensa dar-lhe a vida natural, nem alimentá-la, limpá-la, curá-la, quando ela própria não podia pedir esses bens. Pelo contrário, a criança tem direito a receber essa graça. No Batismo está em jogo um bem infinitamente maior do que qualquer outro: a graça e a fé; talvez a salvação eterna. Só por ignorância e por uma fé adormecida se pode explicar que muitas crianças sejam privadas pelos seus próprios pais, já cristãos, do maior dom da sua vida.

Também nós fomos marcados pelo Espírito Santo. No batismo ele, derramou-se sobre nós. Fomos chamados a viver seguindo o Espírito. Isto significa um ato de fé na presença atuante do Espírito Santo em nós. Implica uma disponibilidade para deixar-se conduzir por ele a fim de realizar uma missão como a de Cristo.

Em virtude do batismo somos chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo. Como diz o Doc. de Aparecida nº 209: “Os fiéis leigos são os cristãos que estão incorporados a Cristo pelo batismo que formam o povo de Deus e participam das funções de Cristo: sacerdote, profeta e rei. Realizam, segundo a sua condição, a missão de todo o povo cristão na Igreja e no mundo. São homens da Igreja no coração do mundo e homens do mundo no coração da Igreja.”

“Enquanto batizado, o homem deve sentir-se enviado pela Igreja a todos os campos de atividade que constituem sua vocação e missão, para dar testemunho como discípulo e missionário de Jesus Cristo…” (nº 460 do Doc. de Aparecida).


Mons. José Maria Pereira

Livre para amar

Nós nos perguntamos: "Por que existe o mal?". Precisamos entender que o mal só acontece pelo mau uso que o homem faz da sua liberdade. Todos nós somos livres, temos o direito de escolher o que fazer, seja em relação às coisas grandes ou pequenas.

Deus nos deu essa liberdade, e é por causa dela que o pecado entrou no mundo. Eva tinha a escolha de não ser enganada pela serpente. No capítulo terceiro de Gênese, encontramos o diálogo entre Eva e a serpente, que, por meio de uma mentira, começou a mudar a verdade de Deus. São João ainda diz que "o demônio é o pai da mentira". Cuidado com ele, porque vai tentar seduzi-lo como fez com Eva.

Qual é nosso erro? Por que caímos? Porque conversamos com o pecado. Se Eva não tivesse escutado a serpente, talvez tivesse conseguido vencer aquela tentação. Não dê ouvidos à tentação, não dialogue com ela. Entenda que o primeiro pecado não aconteceu porque Adão e Eva comeram a maçã, mas por causa da desobediência, do orgulho, pois queriam ser como Deus. Por essa razão, tornamo-nos escravos do pecado, escravos do mal.

Graças ao amor infinito e misericordioso de Deus, Ele enviou profetas para nos mostrar o caminho. Deus, por amor, nos enviou também Seu Filho para nos libertar da escravidão, por isso somos livres.

São Paulo nos diz, em Romanos, capítulo 6 versículo 23, que: “O salário do pecado é a morte”; mesmo que não seja uma morte física, morremos espiritualmente. Quantos, ainda escravos do pecado, alegram-se por momentos de prazer, mas, depois, encontram tristezas e mais solidão. Isso é a morte, e não podemos permanecer nela. Mesmo com tribulações, somos felizes, porque temos Deus. O preço que nos salvou foi o Sangue de Jesus que nos resgatou e nos libertou de toda escravidão. Convença-se desta verdade: você é livre pelo Sangue de Jesus!

Não podemos ficar presos ao pecado, aos vícios, à masturbação, ao adultério, à bebida, ao cigarro ou às drogas, porque o Senhor nos libertou pelo Seu Sangue precioso. Quantos de nós vamos à Missa para participar, cantar e tocar, mas, quando tudo termina, voltamos para casa e continuamos com os nossos vícios? Tome posse da sua liberdade, porque Jesus o libertou. Você precisa dar mais valor à salvação divina.

Liberdade é a graça que Deus nos deu de escolhermos o que quisermos. Ninguém colhe o que não semeia; tudo tem consequências. No vício, o ser humano vende sua liberdade para algo que parece bom, mas, na verdade, torna-se escravo dele. Livre é aquele que escolhe o bem. Para aquele que tem um vício, eu lhe digo: você não é livre! Quando nós nos aprisionamos ao vício, nós nos tornamos escravos dele. O pecado vicia. Se a pessoa é boa hoje, precisa esforçar-se para ser boa amanhã também, lutar para viver sem o vício. É preciso entender que não se pode mais viver sob o jugo da escravidão. Não se deixe ser amarrado.

Nós somos atraídos para o pecado, parece que sentimos uma necessidade aparente dele, mas nossa real necessidade é de Deus. Só no Senhor seremos verdadeiramente felizes.

Quantos jovens passam a madrugada toda nas redes sociais e não têm tempo para Deus! Se não existe esforço, não há vitória. Não adianta apenas a graça, é preciso esforço. Se você quer se libertar da cachaça, passe longe do bar; se quer se libertar das drogas, fuja das "amizades" que o levam para elas. Se você quer se libertar da sexualidade desregrada, afaste-se dos "amigos" que o levam para isso. Corte o mal pela raiz! Você precisa desviar os seus olhos não só das coisas grandes, mas também das pequenas, pois são essas pedras pequenas que o fazem tropeçar e cair. Não dê brechas ao pecado, não dê oportunidades a ele. Você precisa tomar posse desta verdade: você foi liberto e precisa amar, de verdade, como Jesus o ama. É um amor de cruz, não é como o amor que o mundo nos apresenta. Amar não é se apaixonar, não é ter prazer; o amor verdadeiro faz renúncias, ele está onde há liberdade.


Emanuel Stênio

O resgate de um relacionamento

Não é difícil encontrarmos pessoas que lutam  para o resgate da saúde do seu namoro quando, depois de algum tempo de convivência, a pessoa percebe que o envolvimento com o outro tem deixado a desejar.  Poderá, então, ser o momento de reavaliar os objetivos assumidos neste namoro. Entretanto, mais delicado que acolher a decisão de romper com um namoro é viver certos impasses dentro da relação conjugal.

Em qualquer relacionamento, seja no namoro ou no casamento, as nossas decisões, de certa maneira, afetam o nosso parceiro.  Se os casais não aprenderem a acolher a opinião do outro antes de tomar uma decisão,  eles, na verdade, estarão acumulando problemas para o futuro.
Das dificuldades que podemos enfrentar na vida conjugal, na sua grande maioria, está aquela em acreditar que a minha maneira de viver  o compromisso é a correta ou a minha atitude é a certa e cabe ao cônjuge, o qual na nossa visão está errado, em entender e aceitar definitivamente aquilo que propomos. Na tentativa de cada um convencer o outro da sua verdade, muitas “farpas” são trocadas.

Na vida a dois, fica cada vez mais claro que não podemos ser felizes se quisermos viver o compromisso por nós mesmos. A exemplo disso, basta-nos lembrar das vezes que dizíamos : “Se fulano (a) está feliz, eu estou feliz também!  Em outras ocasiões, compadecíamos das coisas que entristeciam o nosso cônjuge e também rejubilávamos por aquilo que lhe agradava, entre outras coisas.
Tal disposição precisa ser reassumida  e cultivada por ambos não somente no período que estavam em  lua de mel mas por todo o tempo.
Todavia, podemos ter esquecido que o relacionamento conjugal por si, une não somente os corpos, mas também  realiza um vínculo emocional. Ao abandonarmos esse princípio, as crises podem ofuscar aquela nossa disposição – assumida no casamento – de acolher o outro seja na alegria e nas tristezas, na saúde ou na doença todos os dias da nossa vida.  E, consequentemente, o interesse pelos sentimentos do outro é suprimido ou desprezado.

No convívio a dois, não há como apenas uma pessoa estar disposta a lutar pelo relacionamento, ou desejar  fazer deste cada vez mais fecundo, se não houver reciprocidade nos esforços. Quando as nossas expectativas dentro da vida conjugal vêm sendo ignoradas pelo outro, pode parecer que há apenas uma opção…O rompimento!
Diante da radical possibilidade, somos tomados por uma grande agitação emocional, pois não sabemos se estaríamos fazendo a coisa certa.
Mas, antes de qualquer atitude e por mais difícil que possa ser, precisamos mostrar ao nosso cônjuge a nossa vulnerabilidade, naquilo que nos faz cogitar a ideia de assumir algo extremo para a relação.

Se acreditamos que o casamento estabelece entre nós um vínculo também emocional,  a maneira mais apropriada de resgatar nosso relacionamento é fazer com que o outro entenda que através da imposição de regras unilaterais, não é a forma mais eficaz de viver um compromisso, especialmente, às custas do silêncio ou do desrespeito do seu cônjuge, numa relação que tem como princípio o bem estar coletivo.

Um abraço

Dado Moura

O Espírito sopra onde quer

Ser batizado no Espírito Santo é tão simples quanto beber um gole de água. Todavia, ninguém poderá fazer isso por você. Antes, é preciso que você queira, que tenha sede de recebê-Lo. Você precisa pedir, pois a iniciativa é sua.

Não é preciso participar de encontros especiais para ser batizado no Espírito Santo. Há 'seminários de vida no Espírito' e muitos outros tipos de encontros que são muito bons, porque ajudam as pessoas a adquirirem mais conhecimentos e se abrirem a essa graça.

Há pessoas que recebem a efusão do Espírito Santo ao ler livros sobre o assunto, outras quando escutam áudios de palestras. Como você pode perceber, há muitas maneiras, mas o importante é querê-Lo de todo o coração.

Quem já é cheio do Espírito Santo pode ser ainda mais. Quanto mais melhor. Quanto mais intimidade com o Senhor melhor. Então, quem já recebeu os dons do Paráclito, deve levá-los a sério, e quem ainda não os recebeu, peça-os e os receberá. Você pode pedir o Espírito de Deus hoje, pode começar a se preparar agora, tomando conhecimento desta realidade. Peça hoje, amanhã e sempre insistentemente. Faça da maneira que lhe parecer melhor, mas faça. Peça, queira e verá o Senhor derramar sobre você o Seu Espírito no memento em que menos esperar.

Você experimentará, na sua vida, duas lindas realidades: Deus lhe dando a graça do batismo no Espírito para renovar sua vida e usando-a por meio dos dons do Espírito Santo.

O Senhor promoverá essa renovação, tenha certeza! “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que lhe pedirem!” (Lc 11,13).

Deus o abençoe!

Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

Retirado do livro “O Espírito sopra onde quer”

Solenidade da Epifania do Senhor

A 1ª Leitura, Isaías 60, 1-6 é um belo poema sobre a luz e a glória do Senhor. Terminou o exílio da Babilônia e Jerusalém começa, humildemente, a se erguer das ruínas. Está ainda mergulhada na noite. O povo não tinha muitas perspectivas. O profeta anuncia uma palavra de esperança de que ela será iluminada de maneira definitiva. Encontrará os filhos e também uma multidão de estrangeiros. Os filhos vêm de longe e as filhas trazidas nos braços. Uma peregrinação de povos acorre a ela. Muitas palavras tentam definir a luz: é uma aurora, sem ocaso, amanhecer, resplendor, radiante. Haverá muita alegria, o coração se dilatará, receberá as riquezas dos povos. Uma multidão de camelos e dromedários vem de Madiã, Efa, Sabá, trazendo incenso, ouro e proclamando os louvores do Senhor, referindo-se a povos árabes, estrangeiros, que encherão seu templo de bens preciosos e de oferendas.

Amanhece o dia: trabalhos de reconstrução, acumulação de tesouros. Triunfam a paz e a justiça. O dia passa, mas a noite não chega: começou o dia sem fim, de luz e vida, justiça e fecundidade, porque a glória do Senhor se levantou sobre a cidade. Jerusalém deve despertar da noite do exílio e ver, com alegria, a chegada das nações cantando louvores a Deus. O Novo Testamento mostra que a profecia se cumpriu em Jesus.

A carta de São Paulo aos Efésios, na 2ª Leitura, fala do desígnio eterno de Deus de se revelar à humanidade. Esse mistério completou-se em Jesus, o Messias: chamar a si toda a humanidade, judeus e não judeus. Deus revelou-se no momento presente pelo Espírito: os pagãos são admitidos à mesma herança, são membros do mesmo corpo e associados à mesma promessa em Jesus Cristo. Somos chamados a sermos filhos herdeiros de Deus, participando do Corpo de seu Filho Jesus. Fala do “mistério” que é o desígnio eterno de Deus realizado em Jesus e dirigido a todas as pessoas.

O evangelho de hoje narra a visita dos magos do oriente a uma casa onde se encontram Jesus e sua mãe. Herodes Magno é rei da Judeia. Por ser estrangeiro, é visto como ilegítimo por parte da população. Para ele, Jesus é um rival perigoso que deve ser eliminado. Contrastando com Herodes estão os magos do oriente. Rejeitado por Herodes e seu povo, Jesus é aceito pelos pagãos representados pelos magos, que provavelmente são sábios, sacerdotes persas, mágicos, astrólogos da região do atual Iraque, antiga Babilônia. Importante é que eles eram conhecedores das tradições judaicas. Chegam a Jerusalém, perguntando pelo rei dos judeus recém-nascido, pois viram sua estrela e vieram homenageá-lo. Herodes tremeu e, com ele, toda a Jerusalém ligada ao poder., Ele conhecia a esperança messiânica do povo e a temia como ameaça a seu poder político.

Sumos sacerdotes e doutores foram indagados sobre onde deveria nascer o Messias. Eles citam o profeta Miquéias 5,1: “Mas tu, Belém de Éfrata, pequenina entre as aldeias de Judá, de ti é que sairá para mim aquele que há de ser governante de Israel”. A profecia de Miquéias opõe a humilde aldeia de Belém à capital, Jerusalém.

O rei Herodes se informa sobre o tempo em que havia aparecido o astro, recomendando que os magos lhe enviassem informações para que também ele pudesse homenagear a criança. Os magos partiram e a estrela os conduzia, motivo de imensa alegria. Entraram em casa e viram o menino com a mãe Maria. Não é uma gruta, ou sala de peregrinos, ou um dormitório. É uma casa. Não se menciona José., Na tradição bíblica, a mãe do rei ou do herdeiro tem papel importante (cf. Sl 45,10). Os magos prostraram-se, homenagearam a criança e lhe ofereceram ouro, incenso e mirra, reconhecendo sua dignidade como rei, Filho de Deus e ser humano. Avisados para não retornarem a Jerusalém, voltaram par ao oriente por outro caminho, impedindo os planos de Herodes.

O evangelho mostra o sentido universal do nascimento de Jesus. Ele é o Rei-Messias, salvador anunciado pelos profetas do Primeiro Testamento. Este texto opõe Herodes a Jesus Menino. Para Herodes, Jesus é um rival perigoso, a ser eliminado por ser o anunciado descendente do Rei Davi. A astúcia de Herodes é vencida pela luz da estrela e pela fidelidade dos três estrangeiros.

Site da Diocese de Limeira

Jesus é o Cordeiro de Deus

O Cordeiro que se imola, que se sacrifica, que é Jesus,  é o Cordeiro que vem ao nosso encontro para agir em nossos corações, para tirar o pecado da nossa vida.

“No dia seguinte, João viu Jesus aproximar-se dele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”’ (João 1, 29).

Que maravilha João Batista, como mensageiro do Senhor, ele não só apenas nos mostra Jesus, mas também nos diz quem é Jesus! A primeira coisa que João nos diz é que Ele é o Cordeiro de Deus. Você sabe a importância que o cordeiro tem para a cultura judaica, sobretudo, para a cultura religiosa.

Durante a Páscoa costumavam oferecer o cordeiro em sacrifício, o primeiro animalzinho, ainda novinho, era sacrificado em expiação dos pecados; e, muitas vezes, os judeus se acostumavam somente a isto: A acreditar que um ritual fosse capaz de purificar os pecados. Por mais sagrado e valoroso que fosse aquele ritual, e por mais que ele até purificasse os pecados; aquele cordeiro, aquele animalzinho sacrificado, não tinha o poder de tirar o pecado da vida e do coração dos homens. Por isso que Deus não quis mais o sacrifício de cordeiros. Ele enviou o Seu próprio Filho, e o Seu Filho é o único Cordeiro de Deus, que é capaz de tirar os nossos pecados.

Ele se imola por nós, se sacrifica, se oferece por nós, e o Seu ato de se imolar a cada dia vai nos lavando e nos purificando de nos nossos pecados. O Cordeiro que se imola, que se sacrifica, que é Jesus,  é o Cordeiro que também vem ao nosso encontro para agir em nossos corações e para tirar o pecado da nossa vida.

Quando nós proclamamos que Jesus é o Nosso Salvador, que é o Nosso Libertador, a primeira libertação e salvação que Ele opera em nós é nos libertar do pecado que nos escraviza. Para isso a primeira coisa que precisamos fazer é: eu e você precisamos reconhecer que somos pecadores, e uma vez que somos pecadores, recorrermos,  implorarmos e pedirmos ao Senhor e ao nosso Deus, a este Cordeiro abençoado que veio para nos salvar, que nos liberte da escravidão do pecado.

Algum vício, algum pecado mais forte, que já dura tanto tempo que vai nos mantendo cativos, nós não precisamos nos angustiar nem nos prender ao pecado. O que nós precisamos é olhar para Ele, o que nos precisamos é confiar n’Ele e não tirar o nosso olhar d’Ele e ter a certeza de que Cristo é o único Cordeiro, imolado e crucificado, que nos liberta dos nossos pecados.

Jesus, eu sou pecador, eu confio em Vós, e como eu preciso do Senhor, Jesus! Por isso eu peço: Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende pena e compaixão de mim!

Que Deus abençoe você!

 Padre Roger Araújo

Solinidade de Maria Mãe de Deus e Nossa Mãe

Neste dia, a liturgia coloca-nos diante de evocações diversas, ainda que todas importantes.

Celebra-se, em primeiro lugar, a solenidade de santa Maria, Mãe de Deus: somos convidados a contemplar a figura de Maria, aquela mulher que, com o seu “sim” ao projeto de Deus, nos ofereceu Jesus, o nosso libertador.

Celebra-se também o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada percorrida de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que em cada dia nos cumula da sua bênção e nos oferece a vida em plenitude.

As leituras que hoje nos são propostas exploram, portanto, estas diversas coordenadas. Elas evocam esta multiplicidade de temas e de celebrações.

Na primeira leitura, sublinha-se a dimensão da presença contínua de Deus na nossa caminhada e recorda-se que a sua bênção nos proporciona a vida em plenitude.

Na segunda leitura, a liturgia evoca, outra vez, o amor de Deus, que enviou o seu Filho ao encontro dos homens para os libertar da escravidão da Lei e para os tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).

O Evangelho mostra como a chegada do projeto libertador de Deus (que se tornou realidade plena no nosso mundo através de Jesus) provoca alegria e felicidade naqueles que não têm outra possibilidade de acesso à salvação: os pobres e os marginalizados. Convida-nos também a louvar a Deus pelo seu amor e a testemunhar o desígnio libertador de Deus no meio dos homens.

Maria, a mulher que proporcionou o nosso encontro com Jesus, é o modelo do crente que é sensível aos projetos de Deus, que sabe ler os seus sinais na história, que aceita acolher a proposta de Deus no coração e que colabora com Deus na concretização do projeto divino de salvação para o mundo.


Site Homilia Dominical