Não deixe o desânimo ter a última palavra em sua vida!

É Deus quem está dizendo a mim e a você: Não tenha medo, não se cale, não entregue os pontos! Não deixe o desânimo ter a última palavra em sua vida!

“Não tenhas medo; continua a falar e não te cales, porque eu estou contigo. Ninguém te porá a mão para fazer mal” (Atos dos Apóstolos 18, 9-10).

A nossa meditação de hoje é sobre a Primeira Leitura dos Atos dos Apóstolos, em que lemos que o apóstolo Paulo está chegando à cidade de Corinto. Ali, em uma noite, Jesus visita o coração de Paulo justamente para o consolar. A angústia, a tensão, o medo, muitas vezes, visitaram o coração do apóstolo, pois não foi em todos os lugares em que o grande apóstolo foi bem recebido e acolhido.

E uma vez que o apóstolo dos gentios não era acolhido, não era bem recebido, a Palavra de Deus também não era acolhida e bem recebida, mas nem por isso o apóstolo desanimava! E de onde vinha a força de Paulo? De onde vinha a intrepidez do apóstolo Paulo? Vinha do consolo que ele recebia de Deus, vinha de uma força do alto que o fazia levantar e não lhe permitia ficar prostrado e desanimado.

As dificuldades em Corinto eram muitas, comunidade grande, com diversos problemas, ali Paulo deveria anunciar o Evangelho. Para que o medo não se apoderasse dele e as numerosas dificuldades não tirassem a coragem e a ousadia do apóstolo é que Deus vem em socorro de sua fraqueza: “Não tenhas medo; continua a falar e não te cales, porque eu estou contigo” (At 18, 9-10).

Quando olhamos para a nossa vida vemos que existem muitas situações que nos calam, nos atemorizam, nos tiram o vigor da alma e do espírito e nos deixam, muitas vezes, desanimados. As dificuldades estão dentro da nossa própria casa, estão em nosso trabalho, estão em nossa própria comunidade onde trabalhamos.

Quantas vezes, nós temos vontade de entregar os pontos e dizer: “Eu não dou mais conta disso! Isso não é para mim! Chega!”. O estresse nos visita, as enfermidades começam a tomar conta de nós e a pior delas é o desânimo, porque tira o nosso ânimo, a vitalidade da nossa alma, o vigor para fazermos aquilo que é a nossa missão.

Hoje, Deus quer revigorar a nossa alma, revigorar o nosso espírito, nos dar uma coragem nova, uma disposição nova, uma vontade nova, para que continuemos a realizar a Sua vontade na nossa vida! Seja você, pai, mãe, homem, mulher, jovem, trabalhador, onde a missão o chama, onde os compromissos são muitos, Deus não o quer  desanimado! Ele quer hoje dar um vigor novo à sua alma, ao seu espírito!

É Deus quem está dizendo a mim e a você: Não tenha medo, não se cale, não se amedronte, não entregue os pontos! Não deixe o desânimo ter a última palavra em sua vida!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Se conhecesses o dom de Deus

O encontro entre Jesus e a samaritana reflete o encontro de duas sedes: a sede de Deus pela alma do homem e a sede do homem por Deus. Por vezes, ao ler esse texto, imagino Jesus naquele sol escaldante, fatigado, cansado, sem forças, sentado ao lado de uma fonte, e o pior, em uma terra em que Ele não era tão bem recebido, a Samaria.

Esse texto, esse rico e profundo texto, revela a qualidade e a profundidade da oração que somos chamados a “ter” com o Senhor. Ele se coloca como necessitado diante de nós como se colocou diante daquela mulher, para despertar em nosso coração a necessidade que temos de estar diante dele, de “beber” da sua presença, de saciar-nos do seu amor.

Encontramos hoje diversos materiais, livros, textos, pregações, cursos, que definem, nos falam, explicam… sobre a vida de oração, mas nada tão real e concreto do que vivenciar esse encontro tão pessoal que se passa entre Deus e eu.

Não existe “hora” para fazer oração, existe sim, vida de oração. A oração não se trata de um mero compromisso marcado, como fazemos com uma reunião, uma consulta médica… Seria terrivelmente empobrecedor nos relacionarmos com Deus assim; a oração é algo muito mais abrangente, é um encontro entre um eu e um tu, é Presença de Deus em mim, e isso não se resume a uma ou duas horas, mas se estende por todo o meu dia, por toda a minha vida. Claro, necessitamos parar, silenciarmos diante de Deus, dialogarmos com Ele em algum momento durante o dia, mas isso só enriquece a minha experiência oracional, não é o fim, não a define, é mais um meio de cultivar essa presença que eu trago e amo “com todo o meu coração, alma e espírito”. Se não nos conscientizarmos dessa presença em nós, passaremos a vida inteira a ler, estudar e não aprenderemos a rezar, a ter oração. Ficaremos sempre no fazer, e amizade não se faz, se vive.

Por exemplo: por mais que eu queira esquematizar o que partilharei ao meu amigo na próxima conversa que teremos, sei que tudo na hora terá o seu livre curso, porque não há nada mais livre, espontâneo, gostoso e verdadeiro do que o diálogo entre amigos, assim percebo que é com Deus, por mais que se fale, pense, estude sobre oração, faz-se necessário rezar, experimentar, dialogar, silenciar, perscrutar…

Deus tem sede de mim e essa certeza me impulsiona a Ele, mesmo se na minha inconstância os meus sentimentos me traem, desaparecem. A amizade com Deus é uma convicção de fé que vai além de qualquer outro sentimento.

Por vezes pensamos que devemos ser muito santos e virtuosos para ser tido com amigo de Deus. Pura ilusão e pretensão! A amizade é uma escolha e Deus me escolheu e eu o escolhi, sustentada é claro, pela escolha primeira dele. Essa escolha escapa de todos os roteiros, definições e modelos, porque a cada dia Deus nos trata de forma pessoal e não podemos perder a riqueza de desbravar o caminho espiritual que Ele traçou para nós. A forma única que Deus se relaciona comigo enriquecerá o mundo, a Igreja, assim como Ele se relacionou com a samaritana, o jovem rico e os grandes mestres espirituais.

A oração não é coisa para monge, eremita, consagrado, místico. A oração é um dom para cada homem que se descobre amado, filho de Deus. É impossível não querer estar perto de quem nos sentimos amados. Todas as experiências de oração alheias são válidas para me ajudar a traçar o meu itinerário espiritual. Não esperemos tempo, ocasião, lugar, para começarmos a orar, pois como Ele disse a samaritana “a hora já chegou, e os verdadeiros adoradores adorarão em espírito e em verdade”. Essa palavra é de um poder encorajador, não importa onde e como, sou capaz de Deus, na minha vida normal e ordinária sou capaz de Deus, de estar e viver com Deus, de falar-lhe, de escutar-lhe. Que alegria! Me maravilho quando imagino que bem longe, na mais distante terra e cultura, existe um homem que é capaz de Deus, de ser amigo de Deus, de se relacionar com Ele. “É um saber maravilhoso e me ultrapassa, é alto demais: não posso atingi-lo!”.

Vamos ao poço que é o próprio Cristo e deixemos que todo o nosso corpo, alma e espírito, história de vida, verdade, se renda diante do seu imperscrutável mistério. Deixemos que das nossas “profundezas” suba o nosso clamor.

Uma vida saudável é fruto de uma espiritualidade sadia. Por isso, quanto mais amigo de Deus, mais somos amigos dos homens e sensível as suas dores e também as nossas. Longe de nos centralizarmos nele, nos envia ao encontro do outro. Uma vida de oração que não tem doação está longe de ser verdadeira, ao contrário, é estéril. O homem orante se oferta, tem como desejo a doação e não apenas faz “gestos” de doação.

Quanto mais nos envolvemos com o outro, mais pertencemos a Deus. Rezar é dialogar! A oração é uma escola de amor. É um dom, “se tu soubesses o dom de Deus…”. É impossível imaginarmos a altura, a profundidade desse amor. Quanto mais orante, mais feliz, mais humano. Encarnamos com convicção os valores e os ideais de Cristo. A oração é amizade, como define Santa Teresa d`Ávila. E amizade é uma relação pessoal com quem amamos. Por vezes, pensa-se de forma errônea que oração é solidão consigo mesmo, puro egoísmo! Oração é solidão com o Outro. Eu me recolho com alguém, Deus que está dentro de mim. Orar é “entrar”, é viver! (Frei Maximiliano Herraiz).

Deixemos Deus ser o protagonista da nossa vida de oração, para que na sua presença possamos nos surpreender, nos enamorarmos com seus “regalos”.


Escola de Formação Shalom

Terço dos homens

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José.

Nas várias missões que vou pelo país, mesmo quando o tema do retiro em que vou pregar não está voltado a Mãe de Jesus, sempre chega até mim um testemunho sobre o Terço dos Homens. Assim, percebo o quanto esse movimento está difundido em nosso território e como essa devoção é eficaz e tem mudado a vida de muitos homens.

Mas o que é o Terço dos Homens e o que acontece quando eles rezam?

Primeiramente, percebo que é uma iniciativa própria de Nossa Senhora; e alguns fatos demonstram isso.

Geralmente, nas localidades onde há o Terço dos Homens, as mulheres, esposas e amigas, são instruídas a não convidar aqueles homens que lhes são próximos para participar. Eles ficam sabendo, assim como todas as pessoas do bairro ou da cidade, por meio de um comunicado geral à população e começam a frequentar a oração, porque se sentem impulsionados a ir ao grupo. Não há um convite pessoal, por isso vemos a mão de Maria tocando o coração deles. Algo os move interiormente, talvez até pelo pretexto de uma lembrança da infância, por curiosidade ou por um problema que estejam passando. Maria usa de algo na vida deles para que despertem, dentro de si, a vontade de rezar.

Terço dos homens

Na maioria das reuniões, não há nada que os detenha por mais tempo que a simples oração do terço. Não há palestras, Missas nem apresentações, somente a oração do terço. Algo bem objetivo, ao modo masculino de fazer as coisas! E acontecem verdadeiras transformações radicais de vida: homens abandonam seus vícios, abandonam a pornografia, o adultério, as falsas religiões, as seitas secretas e as práticas ilícitas; passam a ser mais presentes, atentos e carinhosos em casa.

É interessante ouvir os testemunhos do porquê isso acontece: “Não combina eu ir ao Terço dos Homens e, depois, me virem no buteco”; “Não posso rezar para Nossa Senhora e continuar traindo minha esposa ou vendo pornografia”. Eles mesmos sentem a incoerência entre a vida de oração e os atos pecaminosos. Afinal, não estão indo à reunião por ir, por isso assumem uma responsabilidade de vida quando decidem participar do terço destinado a eles.

Uma mãe como Nossa Senhora e Sua presença maternal torna homens crescidos crianças que se arrependem do mal que praticavam. A partir de então, esses homens se voltam aos sacramentos, passam a ter uma vida mais próxima de Jesus, pois os prazeres mundanos que os afastava de Cristo não tem mais significado na vida deles.

Nossa Senhora em Fátima disse: “Não há problema de ordem pessoal, familiar e social que a oração do santo terço não ajude a resolver”. Todos esses efeitos que relatei são provas concretas da eficácia da oração do rosário e da intercessão de Maria junto a Trindade.

São Luís Maria G. Monfort, em sua obra ‘Tratado da Verdadeira Devoção à Santa Virgem’, no artigo 29, comenta que “não há região do país que não possua alguma de suas imagens milagrosas, junto das quais todos os males são curados e se obtêm todos os bens”. Veja que onde Maria chega, seus filhos são agraciados. Contudo, acima dos seus favores e independente do que os humanos recebem, percebemos que também, no Terço dos Homens, as pessoas despertam amor e intimidade com a Mãe, que os leva a Jesus

A oração do terço agrada o coração de Nossa Senhora. Cada Ave-Maria é uma rosa que ofertamos a ela, por isso a Santíssima Virgem cria um vínculo com aqueles que rezam. Seu amor maternal cultiva em nós a vontade de uma maior intimidade com ela por meio da oração. Os devotos de Maria estarão sempre firmes na fé, mesmo em meio à tribulação.

Vivemos, hoje, uma crise de paternidade, no sentido de que não temos muitos homens que são exemplos para as pessoas. Uma grande parte dos homens não sabem qual o seu lugar perante a sociedade e se esqueceram de ensinar os mais jovens a viver. Características tão masculinas como dar iniciação aos outros, dar estímulo, ser solicito, provedor e protetor estão sendo deixadas de lado, pois o inimigo de Deus quer demonstrar que a masculinidade está na força bruta, no sexo sem compromisso, nos vícios, na oportunidade de levar vantagem em tudo e a qualquer custo. Por isso mesmo o homem não é feliz, procurando felicidade no que é mais fácil e que não está em sua essência.

Maria mostra a verdadeira alegria e paz que esses filhos tentaram buscar em tantos caminhos errados, mas que só sentiram no grupo do Santo Rosário. A oração tem essa força de tranquilizar, alegrar, direcionar e trazer conforto espiritual.

O Terço dos Homens é, com certeza, um socorro do Céu, uma iniciativa daquela que conviveu com dois grandes homens, Jesus e José. Maria sabe, no papel de mãe e no papel de esposa, como auxiliar um homem a ser tudo aquilo que ele pode ser.

Deus abençoe e Maria passe à frente!

Sandro Ap. Arquejada

Missionário da Comunidade Canção Nova

A oração e o louvor a Deus derrubam as cadeias que nos prendem!

Nós vamos refletir hoje sobre a Primeira Leitura dos Atos dos Apóstolos, que mostra Paulo e Silas na comunidade dos Filipenses, onde eles são presos depois de serem açoitados e apanharem por pregarem e anunciarem o nome do Senhor.

Na prisão, um carcereiro fica responsável de guardar os apóstolos para que fiquem realmente bem vigiados, mas o comportamento de Paulo e Silas é surpreendente, porque, mesmo em meio às aflições, às tribulações e às perseguições; mesmo na cadeia, à meia-noite, de pé eles rezam e cantam hinos a Deus. Todos escutavam a alegria, a intrepidez, a ousadia, mas sobretudo este espírito evangélico que toma conta do coração desses apóstolos. E, de repente, um grande terremoto invade aquela cadeia, sacudindo-a até os alicerces, de modo que as portas se abrem, as correntes se soltam e o carcereiro olha para aquela situação todo em pânico, desesperado, pensando em se matar diante do ocorrido.

Mas, Paulo e Silas não permitem, é então que o carcereiro pede: “O que devo então fazer para poder ser salvo?”. E os apóstolos responderam-lhe: “Crê no Senhor Jesus, e sereis salvos tu e todos os de tua família”.

Sabem, meus irmãos, a primeira coisa é justamente isto: em meio às tribulações e em meio às prisões que nós recebemos da vida e do mundo, em meio a todos os tormentos, nós não podemos deixar de lado o louvor e a ação de graças; não podemos deixar de rezar e nem de cantar hinos ao Senhor Nosso Deus. Nós iremos quebrar as correntes que nos aprisionam, nós iremos derrubar as cadeias que nos prendem, se nós tomarmos posse da oração e do louvor ao nosso Deus!

Sim, pois, muitas vezes, nós nos sentimos presos por dentro, sentimos algo aprisionando a nossa alma, o nosso coração e o nosso espírito; nós sentimos o desânimo, muitas vezes, tomando conta de nós e o remédio está no louvor, na ação de graças e no reconhecimento da presença amorosa de Deus no meio de nós.

O que converteu aquele carcereiro não foi o fato de ter havido um terremoto, mas o testemunho, a vivência alegre  e o louvor que os apóstolos testemunharam na prisão, na cadeia.

Não importa em que situação você se encontra, não importa se você está preso pelas tribulações, pelas dificuldades ou pelos sofrimentos, o importante é que você testemunhe pela oração, pelo louvor e pela ação de graças que Jesus está vivo e está entre nós! Dessa forma, nós, além de derrubarmos as cadeias e as correntes que nos aprisionam, nós iremos levar muitos a crer no nome do Senhor, não pelas nossas palavras, mas pela vida que testemunha aquilo em que acreditamos.

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Há um futuro promissor para a humanidade?

As cenas de violência, que acompanham as manifestações de protesto das mais diversas bandeiras, multiplicam-se por toda parte. Ao mesmo tempo, a humanidade fica chocada com acidentes de toda ordem, desastres naturais, a grande chaga da guerra e o desentendimento entre pessoas, grupos e culturas. Aquela que uma vez foi chamada de aldeia global se mostra diariamente em nossas casas. Há inclusive meios de comunicação que se comprazem em mostrar, ao vivo e a cores, a miséria humana, tirada do fundo do baú, aquela que outrora se encontrava escondida na sarjetas da vida ou dissimulada através de mil truques. E o que dizer da exposição das pessoas e seus eventuais deslizes, através das chamadas redes sociais? Para muitos, a tentação que vem à tona é a do desânimo. Pode ser ainda a banalização da vida das pessoas e de sua dignidade. Outros são levados inclusive ao desespero.

Há um futuro promissor para a humanidade? Será que as previsões relativas ao aquecimento global ou outras projeções pessimistas se realizarão? Bem perto de nós, como serão os próximos meses com os eventos esportivos e políticos que se avizinham? Seremos capazes de nos manter serenos e fiéis? Jesus, conversando com seus discípulos, reunidos no Cenáculo, por ocasião da última Ceia, pronunciou palavras de fogo, garantindo-lhes as forças necessárias para a caminhada neste mundo. Temos certezas que nos permitem ir ao encontro dos outros sem receios, ajudando a todos na descoberta dos sinais de vida e de esperança.

Para os cristãos existe um ponto de referência, projetado pela esperança, uma virtude teologal. Virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade (Cf. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, 384-387), são aquelas que têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas com a graça santificante, tornando-nos capazes de viver em relação com a Trindade, fundamentam e animam o agir, consolidando e vivificando as virtudes humanas. Elas são a garantia da presença e da ação do Espírito Santo em nós. Pela fé, cremos em Deus e em tudo o que Ele nos revelou e que a Igreja nos propõe para acreditarmos. Pela esperança, desejamos e esperamos de Deus a vida eterna como nossa felicidade, colocando a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos na ajuda da graça do Espírito Santo para merecê-la e perseverar até ao fim da vida terrena. A caridade, por sua vez, é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei. A caridade é o vínculo da perfeição (Cf. Cl3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela “não sou nada” e “nada me aproveita”, afirma São Paulo (Cf. 1Cor13,1-3).

A vida cristã tem sua origem em Deus, que nos chama a partilhar de sua vida e nos oferece a salvação. Quer dizer que a vida, quando começa no alto, tem sentido e rumo. Há uma meta a alcançar e esta é a felicidade plena na eternidade, com Deus e com os irmãos. De fato, Deus nos fez para chegar a esta realização completa e a maldade ou o pecado não têm a última palavra.

Para manter viva a esperança, é necessário acreditar que Deus tem algo a ver com a humanidade e pode, sim, intervir na história humana e na vida das pessoas. Só Ele pode fazê-lo sem violentar a liberdade, dom com que todos foram criados. Há um percurso a fazer, para que se mantenha viva a certeza de sentido na vida humana nesta terra, tantas vezes “vale de lágrimas”, mas destinada a ser lugar de felicidade, “um novo céu e uma nova terra, descendo do céu, de junto de Deus, vestida como noiva enfeitada para o seu esposo, a morada de Deus-com-os-homens. Eles serão o seu povo, e o próprio Deus-com-eles será seu Deus. Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram. Estas coisas serão a herança do vencedor, e eu serei seu Deus, e ele será meu filho” (Ap 21, 1.3-6).

O ponto de chegada é muito alto, mas não é complicado caminhar até lá! Basta seguir a receita do Evangelho: Quem ama enxerga e entende o que deve fazer: “Quem me ama será amado por meu pai e eu o amarei e me manifestarei a ele”. Não é apenas conversa, pois “quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama” (Jo 14, 15-21). Trata-se de praticar os mandamentos! Depois, quem compromete assim sua liberdade e sai de si para amar a Deus e cumprir os mandamentos, tem a certeza de que o Espírito da Verdade, prometido por Jesus, permanece sempre dentro de si e a seu lado. Sabendo que o Espírito Santo prometido age no mundo e na Igreja, não desfaleceremos no caminho e a esperança permanecerá acesa.

Uma das consequências é o testemunho a ser oferecido diante das pessoas. Mesmo quando aparece o sofrimento, é melhor sofrer praticando o bem, se essa for a vontade de Deus, do que praticando o mal. Cristo morreu, justo pelos injustos, para nos conduzir a Deus, mas recebeu nova vida no Espírito (Cf. 1 Pd 3, 15-18). Quando alguém quer saber os motivos da esperança que está em nossos corações, começamos com o Céu, mostramos o rumo futuro, a meta da esperança, mas também olhamos para a terra, enxergando os sinais de Deus existentes no momento presente, ao identificar o bem que é feito e a bondade que se espalha ao nosso redor. Há muita caridade vivida, há muitos gestos gratuitos e generosos, assim como tanta doação de vida. Há pessoas acendendo sinais verdes de esperança, ao invés de se armar com o amarelo do semáforo do medo ou interromper a caminhada com o vermelho que interrompe o trânsito da vida. Que nossa vida corresponda à fé, esperança e caridade que nos foram dadas de presente.

Dom Alberto Taveira Corrêa

Arcebispo da Arquidiocese de Belém - PA

6º Domingo da Páscoa

A 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos mostra que a perseguição aos cristãos, em Jerusalém, prova a dispersão para a Judeia e a Samaria. Contudo, impelidos pelo ardor missionário, os cristãos anunciam a Boa-Nova de Cristo aos povos que o encontram.

Filipe, um dos sete diáconos, foi para a Samaria, onde havia preconceito contra os samaritanos, uma vez que descendiam de israelitas e estrangeiros que moravam em Israel, desde a época das invasões dos assírios. A pregação eficaz de Filipe, acompanhada de milagres, de ações salvíficas, remete ao estilo de Jesus. O anúncio do evangelho liberta as pessoas dos males e das doenças e revela a presença do Reino de Deus.

O povo ouve as palavras anunciadas com entusiasmo por Filipe, chamado de evangelista, e adere a Cristo com alegria. Homens e mulheres são batizados e forma-se uma comunidade renovada. Os apóstolos Pedro e João são enviados pela comunidade de Jerusalém para reforçar e confirmar a missão de Filipe.

Ao chegarem à Samaria, impuseram-lhes as mãos e os batizados receberam o Espírito Santo. Animadas e iluminadas na caminhada de fé pela ação do Espírito Santo, as comunidades cristãs rompem as barreiras. O Espírito da unidade proporciona o surgimento de comunidades fundamentadas no amor de Cristo e na comunhão fraterna.

A 2ª Leitura da primeira carta de Pedro reflete o contexto das perseguições sofridas pelos cristãos, no final do primeiro século e início do segundo. Os cristãos, ao serem levados diante das autoridades e dos tribunais e interrogados sobre sua fé, devem estar “sempre prontos para dar a razão da esperança”.

Com o coração santificado, transformado pela vida nova do Ressuscitado, os cristãos testemunham “com mansidão, respeito e com boa consciência”, quando difamados e ultrajados. A esperança em Cristo leva a manter a firmeza na fé, a praticar o bem em meio aos sofrimentos, evitando toda forma de maldade e violência.

Cristo, o justo que morreu pelos injustos e foi vivificado no Espírito, é o modelo vitorioso na caminhada dos cristãos. Ele é o exemplo a seguir, pois se entregou totalmente em favor da vida de todos. O sofrimento decorre do seguimento fiel a seus passos e conduz à firme esperança de vida plena: “sofremos com ele, para sermos também glorificados com ele”. A esperança é a virtude cristã, que impele a trilhar o caminho da vida sobre a morte, da bondade sobre a injustiça.

Na leitura do Evangelho de João, Jesus, antes de sua partida, ensinou os discípulos a amar como caminho para crer e testemunhar sua presença viva: “Se me amais, observareis os meus mandamentos”. Trata-se do verdadeiro amor “ágape”, que Jesus viveu através do serviço e da entrega total da vida.

O seguimento leva a amar como Jesus amou, buscando o bem das pessoas. A vivência do mandamento do amor, deixado por Jesus como sinal de sua vida, doada totalmente, identifica seus seguidores: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. Quem ama Jesus, vive e testemunha suas palavras, guarda os seus mandamentos, que se referem ao evangelho, a toda a sua obra de amor.

Jesus não deixa seus discípulos órfãos. Sua presença renova os discípulos através do Espírito: “Eu pedirei ao Pai, e Ele vos dará um outro Defensor, que ficará sempre convosco: o Espírito da Verdade”. O sentido do termo Paráclito – defensor, advogado, consolador, confortador – caracteriza a missão do Espírito junto aos seguidores de Jesus. O Espírito conduz a caminhada dos discípulos, fortalece e defende os que são perseguidos e levados aos tribunais.

A função do Paráclito, como aquele que está sempre com os discípulos, para defendê-los do que poderia separar do caminho de Jesus, é descrita também no contexto da despedida. Assim, o termo Defensor aparece como uma designação do Cristo exaltado, advogado, intercessor junto ao Pai em favor dos cristãos.

A presença do Espírito, dom de Cristo ressuscitado, guia os discípulos na compreensão de sua vida e entrega por amor. O Espírito da Verdade ilumina e conduz a missão dos discípulos, em direção à Verdade plena que é Cristo. Jesus, antes de sua Páscoa, assegurou a vinda do Espírito, para “guiar em toda a verdade”. Ele disse que o Pai enviaria o Espírito em seu nome para ensinar e recordar tudo o que ele havia anunciado.

O Espírito faz compreender os ensinamentos de Jesus, suas palavras e obras, sua forma de tratar as pessoas, seus gestos compassivos, sua vida doada por amor. A presença viva do Espírito do Ressuscitado ensina a permanecer no caminho da verdade, que liberta e gera o mundo novo do amor, da justiça e da fraternidade.

A ação do Espírito guia os discípulos à experiência de comunhão com Jesus ressuscitado: “Sabereis que eu estou no Pai e vós estareis em mim”. Esse caminho experiencial sustenta a fé e o testemunho da verdade, que conduz à vida plena. É alimentado pelo amor: “Quem me ama será amado por meu pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele”.

O caminho do amor leva ao encontro do Ressuscitado, na comunhão e na unidade com o Pai, que é Amor. A presença viva de Jesus, que permanece com os discípulos por meio do Espírito, impede a seguir seus passos, testemunhando a fé através do amor fraterno.


Diocese de Limeira

O amor é o vínculo que nos une a Deus!

O Mestre Jesus ensina aos Seus discípulos como fazer para permanecer no Seu amor e no Seu mandamento. Ele é muito explícito ao nos dizer: “Amai-vos uns aos outros”, aqui não se trata de um amor universal, ainda que não Ele exclua esse amor universal dentro do grande mandamento do amor de Deus para todos. 

Jesus diz isso aos Seus discípulos que, para se manterem no convívio d’Ele e para seguirem os Seus passos, é necessário que eles amem uns aos outros. Cristo também diz isso a nós que somos discípulos d’Ele, que precisamos justamente disso: “amar uns aos outros”, amar a quem está perto de nós, ao nosso lado, amar a quem faz parte da nossa família, da nossa casa. Amar a quem faz parte da comunidade em que vivemos, a qual frequentamos, amar os de nossa igreja, de nossos grupos, e assim por diante.

Quando o amor entre os cristãos se esfacela, se acaba, tudo tende a ir à ruína e ao fim. Quando o amor em uma família já não existe mais, marido e mulher já não conseguem se amar mais, os filhos não conseguem amar uns aos outros, você percebe que a ruína, que o mal, começa a entrar naquela casa e é difícil que ela permaneça de pé.

Da mesma forma, se não existir amor entre aqueles que convivem, habitam no mesmo espaço e compartilham da mesma vida em uma comunidade, ela tenderá à ruína. O amor é a base, o alicerce, o sustentáculo da vida daqueles que querem viver a vontade do Senhor! Aqui não se trata de um amor poético, romântico, sentimental ou afetuoso; é o amor decisão, o amor respeito, o amor que, acima de tudo, nos leva a ver a presença de Jesus no outro, apesar dos limites e das fraquezas dele.

É o amor que exige perdão, superação, reconciliação; não é um amor que nos obriga a gostar e a “engolir” o outro, porque não há outro jeito; mas é o amor que nos ensina a conviver em paz com nós mesmos e com o outro, ainda que não estejamos muito a fim disso, ainda que as nossas ideias, os nossos pensamentos e sentimentos não caminhem na mesma direção. Amar o outro é uma exigência para se tornar discípulo de Jesus!

Amar ao próximo não é uma questão facultativa, subjetiva ou muito menos ainda o amor criterioso em que eu só amo a quem eu quero e a quem está de acordo com os meus critérios. O amor ao próximo é, em primeiro lugar, aos que estão mais próximos de nós, aos que convivem e trabalham conosco e aos que abraçam uma mesma dimensão de vida.

Qualquer realidade humana, qualquer comunidade paroquial, comunidade de vida em que o amor não existe mais, a vida, o relacionamento e a própria comunidade estão condenados ao fracasso.

Se Deus pode reerguer algo entre nós, Ele pode, deseja e quer fazer isso com a ajuda da via chamada amor. Que ele seja o vínculo que nos une a Deus, que o amor seja o vínculo que nos una uns aos outros!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Homem, um ser chamado ao amor

É como se o homem tivesse perdido o fio da meada, estivesse sem rumo, sem sentido para viver, sem ter a que ou a quem consagrar a sua vida, pois tudo é muito fútil e vão. Falta algo ao homem moderno que lhe dê o sentido de plenitude, de felicidade. Ele se vê em um emaranhado de propostas, mas nenhuma lhe dá o sentido cabal de sua vida. Falta ao homem de hoje, tão desbravador, a coragem de voltar-se às questões mais fundamentais da sua existência e desbravar-se a si mesmo à luz de Deus, autor da vida e realizador da plenitude humana.

São João fala que “Deus é amor” (1Jo 4,16). No original grego, ele queria dizer: “Deus é amor-doação”. Aqui, a natureza de Deus começa a se revelar: Ele é aquele que se dá, que se derrama em amor, por isso cria o céu, a terra, toda a natureza e, por fim, numa explosão de doação, cria também o homem, dando a ele todas as coisas criadas para que as submeta e realize-se perfeitamente em sua natureza humana.

Deus cria o homem para que este seja perfeitamente feliz, e lhe dá o sentido perfeito de sua existência. E como faz isso? Criando o homem à sua imagem e semelhança (cf. Gn 1,27). Mas que Deus é esse? É o Deus-amor, o Deus-doação. O homem foi criado à imagem do Deus-amor-doação, e somente nele é capaz de encontrar o sentido pleno de sua vida. Se encontra o caminho do amor-doação, caminha firmemente, a passos largos, no sentido da realização plena de sua humanidade, então começa a ser feliz.

Esta é a vocação do homem: a felicidade plena a partir de uma vida doada no amor. Realizar-se vocacionalmente é viver de amor, é dar sem medida. Foi assim a vida de todos os santos e, até onde se sabe, não se conhece nenhum santo triste, com depressão ou que tenha se lamuriado por ter consagrado toda a sua existência à salvação das almas e ao bem dos homens.

O homem moderno pode se perguntar: “Se Deus é amor e quer o melhor para cada um de nós, por que temos tanto medo de nos entregar a Ele? Se a realização da nossa vocação é a plenitude da nossa felicidade, por que resistimos tanto em dizer o nosso sim a Deus?”

É preciso crer – e viver – que a vontade de Deus é o centro da nossa realização humana e por isso não há motivo para retardar a nossa resposta. Quanto mais largo for o nosso sim e mais rápida for a nossa resposta, mais vamos ganhar, mais felicidade teremos. Se negarmos essas afirmações, estaremos negando também que Deus é amor; estaremos negando as Escrituras e tudo que aprendemos sobre Deus até hoje.

Nessa caminhada, o que Deus nos pede, às vezes, pode nos parecer muito caro, muito pesado. Parece que vai nos custar muito e que não iremos conseguir dar o nosso sim. É preciso entender primeiro que responder a esse chamado é ação da graça e somente alicerçados nesta força, que não é nossa, poderemos dar o nosso sim.

Também é importante perceber que quando temos dificuldades de dizer “sim” a Deus é porque ainda temos muitos apegos e a nossa vida ainda não está centrada nele, mas permanece desequilibrada. Significa que ainda damos um valor demasiado a algo ou a alguém que não é mais importante do que o próprio Deus. Encontrar esse equilíbrio também é ação da graça de Deus; da nossa parte, devemos colaborar sendo dóceis a Ele e nos abrindo à ação do Espírito.

Jesus ensina em Jo 6,44: “Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair”. Sobre essa passagem, Santo Agostinho ensina que Deus, ao chamar, seduz a pessoa chamada a desejar o mesmo que Ele deseja. A graça vai agindo e fazendo com que o homem abrace a vontade de Deus não apenas com a inteligência e a vontade, mas também com todo o seu afeto. Se há abertura para a graça, todas as potências do homem vão se unindo no sentido de amar o que Deus ama, e então há realização plena.

Querer realizar plenamente a vocação pessoal não pode nem deve ser desejo apenas de Deus. O homem, se usar a inteligência, é capaz de perceber que o que Deus lhe pede é o mais belo, o mais lúcido, o mais reto, o mais justo. A partir de uma experiência de fé é possível compreender o chamado que Deus amor-doação faz por escolha gratuita e, apaixonado por esse Deus, é possível dar uma resposta generosa. Soma-se à fé o coração, e a este a razão, dom de Deus, que nos impele a descobrir os melhores caminhos para a plena auto-realização naquilo que o Senhor, com toda a generosidade do coração, preparou para cada um de nós.

O mundo de hoje nega a existência de Deus e por isso nega-se a dar essa chance para que Ele dê sentido à sua existência. Quanto a nós,apaixonados pela vontade de Deus, desejamos dar pleno cumprimento a ela e ser testemunho de felicidade para um mundo que “espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,18).

Que Maria, mãe do Senhor, que é exemplo de sim generoso, seja nossa intercessora e nos conduza a essa plenitude!


Escola de Formação Shalom

22 de Maio – Dia de Santa Rita de Cássia, conhecida como Santa dos Impossíveis

Nasceu na Itália, em Cássia, no ano de 1380. Seu grande desejo era consagrar-se à vida religiosa. Mas, segundo os costumes de seu tempo, ela foi entregue em matrimônio para Paulo Ferdinando.

Tiveram dois filhos, e ela buscou educá-los na fé e no amor. Porém, eles foram influenciados pelo pai, que antes de se casar se apresentava com uma boa índole, mas depois se mostrou fanfarrão, traidor, entregue aos vícios. E seus filhos o acompanharam.

Rita então, chorava, orava, intercedia e sempre dava bom exemplo a eles. E passou por um grande sofrimento ao ter o marido assassinado e ao descobrir depois que os dois filhos pensavam em vingar a morte do pai. Com um amor heroico por suas almas, ela suplicou a Deus que os levasse antes que cometessem esse grave pecado. Pouco tempo mais tarde, os dois rapazes morreram depois de preparar-se para o encontro com Deus.

Sem o marido e filhos, Santa Rita entregou-se à oração, penitência e obras de caridade e tentou ser admitida no Convento Agostiniano em Cássia, fato que foi recusado no início. No entanto, ela não desistiu e manteve-se em oração, pedindo a intercessão de seus três santos patronos – São João Batista, Santo Agostinho e São Nicolas de Tolentino – e milagrosamente foi aceita no convento. Isso aconteceu por volta de 1441.

Seu refúgio era Jesus Cristo. A santa de hoje viveu os impossíveis de sua vida se refugiando no Senhor. Rita quis ser religiosa. Já era uma esposa santa, tornou-se uma viúva santa e depois uma religiosa exemplar. Ela recebeu um estigma na testa, que a fez sofrer muito devido à humilhação que sentia, pois cheirava mal e incomodava os outros. Por isso teve que viver resguardada.

Morreu com 76 anos, após uma dura enfermidade que a fez padecer por 4 anos. Hoje ela intercede pelos impossíveis de nossa vida, pois é conhecida como a “Santa dos Impossíveis”.


Santa Rita de Cássia, rogai por nós!

O valor cristão da consciência

Santo Agostinho não teve receio de questionar se o joio, que Jesus mandava deixar crescer com o trigo, seria o joio da heresia ou também dos maus católicos. O joio, primeiramente, se apresenta soberbo e viçoso, mas seu destino é o fogo para assar os pães feitos de trigo.

Não podemos ficar só na lei, antes é preciso nos deixar guiar pelo Espírito vivificante. Tolice bárbara é arrancar à força o joio, calcando o trigo; trigo pisado não cresce para os celeiros da prosperidade. É com a ajuda do amor e da liberdade que as pessoas crescem para a alegria de Deus e dos homens.

Quem pretende abafar a consciência humana pode calar e esconder o erro, mas instala a mentira, que é pior, porque é mentira confessar conformidade que não existe, apresentar um sossego egoísta só para evitar a ira de fanáticos.

Cristo observa que não vale nada ganhar o mundo se a alma se perde. Jesus luta por justiça para todos, ainda que seja para uma mulher apanhada em adultério, a qual os próprios adúlteros se julgavam no direito de a corrigir só porque eram do sexo privilegiado, o mais forte.

Em João 8,7 lemos: “Quem for sem pecado que lhe atire a primeira pedra”. Jesus não quer ser seguido por fiéis de consciência deturpada, dominada e escrava. Quer respostas decisivas, mas amorosas. Discípulos de olhos abertos, puros e sinceros. Quer que, pela sinceridade e liberdade, as almas se aproximem de sua redenção, de sua libertação.

A falsa amizade nos afasta da cruz redentora. O que Jesus quer de nós é que mergulhemos na solidariedade fraternal, capaz de nos convencer a nos entregarmos aos irmãos sem limites, livremente.

Um abraço, continuo amando e rezando por todos.

Seu irmão,
Wellington Silva Jardim (Eto)

Cofundador e missionário da Comunidade Canção Nova

08 de junho é dia de celebrar Pentecostes!!!

Pentecostes é a comemoração da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos. É a celebração de 50 dias depois do Domingo de Páscoa.

Pentecostes é uma palavra de origem grega que significa quinquagésimo.

É a conclusão do Tempo Pascal. É bom lembrar que a maior Festa do Cristianismo é a Páscoa, ou seja, a passagem da morte para vida. É a doação do Corpo e Sangue de Jesus Cristo para nossa Salvação. A nossa vida deve estar centrada no Mistério Pascal.

Venha celebrar conosco, no dia 08 de junho, aqui no Santuário de Fátima, a solenidade de Pentecostes!!!

Pe. Francisco Ivan de Souza

Pároco do Santuário de Fátima

Que vivamos no mundo a profundidade da paz do Senhor

O Mestre Jesus deseja, hoje, nos batizar na Sua paz, deseja que o nosso coração esteja imerso na paz que vem do coração de Deus. E todos nós sabemos o quanto necessitamos da paz; paz de consciência, paz no coração, porque, quando não temos a paz, a perturbação toma conta de nós, os conflitos invadem a nossa alma, o nosso coração e as nossas relações uns com os outros.

Algumas vezes, nos escandalizamos com as constantes guerras que há em todas as partes do mundo, e não percebemos o quanto essas guerras começam no coração de cada um de nós. Quando estamos inflamados e incitados pelo mal, que há dentro de nós, ele promove guerra. O mal, que está em nós, provoca calamidades, disputas, competições e rivalidades dentro de nossas casas, de nossas famílias e dos nossos grupos. E dentro do nosso interior, quando perdemos a paz, não conseguimos ficar bem e acabamos vencidos a cada momento por nossos próprios conflitos interiores.

Por isso o Mestre hoje quer nos encher da Sua paz; e não é a paz dissimulada que o mundo dá, não! É uma paz que vem do mais profundo do coração de Deus, a qual não permite que o nosso coração seja perturbado nem intimidado.

Essa paz nos ajuda  a viver em meio aos conflitos, em meio à violência, em meio às tribulações da nossa vida cotidiana sem jamais desanimar.

Da maneira que se encontra o seu coração hoje, que ele seja visitado por Deus, que ele seja envolvido pelo amor misericordioso do Senhor, que nos enche com a Sua paz, que nos inflama com Sua paz, que nos dá a Sua paz mais profunda, para sermos no mundo mais do que vencedores,  para vivermos no mundo a profundidade do Reino de Deus!

Que a paz do Senhor, hoje, venha ao seu coração, à sua casa e à sua família!

Que Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

5º Domingo da Páscoa

Na 1ª Leitura dos Atos dos Apóstolos, o aumento do número dos discípulos suscita o surgimento de novas lideranças, para superar os desafios e aprimorar a atuação missionária das comunidades primitivas. Os cristãos judeus de língua grega (helenistas), com gentios convertidos e prosélitos, que haviam aderido à comunidade cristã, unem-se aos cristãos judeus de língua aramaica, convertidos pela pregação de Jesus ou dos primeiros apóstolos.

A eleição dos sete diáconos helenistas contribui para a abertura e a unidade da comunidade cristã. A dedicação “à oração e ao serviço da palavra” assegura a formação de novas comunidades, a eficácia apostólica e a transformação social.

O serviço às mesas, a “diaconia”, é confiado a pessoas indicadas pela comunidade. Os primeiros sete diáconos, “repletos do Espírito Santo e de sabedoria”, tornam-se colaboradores dos apóstolos na evangelização. Seu comprometimento assegura a assistência às viúvas desamparadas, representantes dos pobres e excluídos. Os diáconos de dedicavam também ao anúncio do evangelho e à administração do sacramento do Batismo mas seu ministério era distinto daquele dos presbíteros.

Os apóstolos “oraram e impuseram as mãos sobre eles”, demonstrando que o serviço do amor ao próximo deve ser exercido de forma comunitária  e ordenado. O dinamismo do Espírito, a força da oração e da palavra de Deus proporciona o crescimento das comunidades, multiplica o número dos discípulos que aderem à fé em Cristo.

Na 2ª Leitura da primeira carta de Pedro, a comunidade eclesial, templo de pedras vivas, é sustentada por Jesus Cristo, “a pedra que os construtores rejeitaram (e que) tornou-se a pedra angular”. Os cristãos, unidos a Jesus Cristo pelo Batismo, participam de sua vida, morte salvífica e ressurreição e tornam-se pedras vivas na construção de um mundo melhor.

A missão batismal é ressaltada por meio das expressões: “a gente escolhida, o sacerdócio régio, a nação santa, o povo que ele adquiriu”. Essas imagens remetem à comunidade da aliança, ao compromisso de Israel, o povo escolhido e formado por Deus para anunciar o seu louvor.

Os cristãos, como pedras vivas da comunidade solidificada em Cristo e no alicerce dos apóstolos, formam um povo sacerdotal, chamado a exercer a missão santificadora no mundo. Como comunidade da nova aliança, eles não precisam oferecer sacrifícios de animais para expressar a comunhão com Deus, pois foram libertados pela entrega total de Cristo por amor.

Unidos a Jesus ressuscitado, “oferecem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus”, através de uma vida entregue a serviço dos irmãos. O exemplo de Cristo, que se tornou a pedra angular por sua fidelidade ao plano salvífico, fortalece seus seguidores no testemunho da fé, em meio às rejeições e adversidades.

A leitura do Evangelho de João está situada no contexto da despedida de Jesus da comunidade dos discípulos e discípulas. A morte de Cristo na cruz havia abalado a fé de seus seguidores. Eles, porém, iluminados pela Páscoa, compreendem as palavras de Jesus. O sentido de sua entrega total faz renascer a esperança e impele os discípulos a seguir o caminho pascal, no serviço e no amor incondicional aos irmãos.

As palavras de Jesus fortalecem a fé e a confiança dos discípulos: “Não se perturbe o vosso coração, credes em Deus, crede também em mim”. A partida de Jesus abre o caminho para a vida plena em Deus: “Na casa de meu Pai há muitas moradas (…) vou preparar um lugar para vós”.

A vida de Jesus, doada totalmente pelo bem da humanidade, prepara um lugar digno para todos viverem como filhos amados do Pai. A adesão à palavra, manifestada no amor fraterno, proporciona formar uma comunidade de irmãos, conduzida pelo Espírito do Ressuscitado. Essa experiência de amor em Cristo conduz à comunhão com o Pai, na história e na eternidade.

Os discípulos, que haviam compartilhado a vida com o Mestre, precisam agora acreditar em Jesus ressuscitado como o caminho para chegar ao Pai. Tomé expressa o anseio da comunidade para conhecer, de maneira experiencial, o caminho e a mensagem de Jesus: “Como podemos conhecer o caminho?”. A resposta de Jesus é reveladora: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

Jesus é o aminho que conduz ao Pai, pois ele é a verdade que liberta, testemunhada no amor e na fidelidade até o fim. Assim, ele é o caminho da salvação que oferece a vida plena. Quem segue os passos de Jesus encontra o caminho, a verdade e a vida em sua Pessoa, que proporciona a experiência de Deus como Pai.

A vida plena está unida ao conhecimento do Pai, como único Deus verdadeiro, e a Cristo, como seu Enviado. A pergunta de Filipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta”, manifesta a necessidade do encontro profundo com o Pai através de Cristo. A resposta de Jesus: “Há tempo estou convosco, e não me conheces? Quem me viu, tem visto o Pai”, mostra a comunhão perfeita de amor que há entre ele e o Pai.

Jesus revela o rosto do Pai através de sua vida, palavras e ações salvíficas: “Quem me vê, vê aquele que me enviou”. O ver, o acreditar em Jesus, o Filho, proporcionam a vida eterna. Jesus “veio morar entre nós”, para manifestar o amor e a ternura do Pai. Sua forma de ir ao encontro das pessoas e seu amor predileto pelos excluídos expressam a bondade e a compaixão do Pai pelo ser humano. Mediante sua doação total por amor e o dom de seu Espírito. Jesus ensina a viver na comunhão filial com o Pai e no serviço generoso aos irmãos.

Jesus forma uma unidade perfeita com o Pai, na vida e na missão: “Eu estou no Pai e o Pai está em mim”. Ele cumpriu plenamente a obra confiada pelo ai. Como Mestre Jesus, os discípulos revelam o Pai através de uma vida centrada no amor misericordioso.

Quem permanece com Jesus está em comunhão com o Pai e realiza suas obras de amor. O envio do Espírito Santo, e sua ação nos discípulos e discípulas, assegura obras maiores, ou seja, a expansão da obra salvadora de Jesus. Como continuadores da missão, os seguidores de Cristo testemunham a unidade entre o Pai e o Filho.


Diocese de Limeira