30 de Novembro – Dia do Imaculado Coração de Maria

Esta memória ao Imaculado Coração de Maria não é nova na Igreja; tem as suas profundas raízes no Evangelho que repetidamente chama a nossa atenção para o Coração da Mãe de Deus. Por isto na Tradição Viva da Igreja encontramos confirmada pelos Santos Padres, Místicos da Idade Média, Santos, Teólogos e Papas como o nosso João Paulo II.

“Depois ele desceu com eles para Nazaré; era-lhes submisso; e a sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração”. Estes relato bíblico que se encontra no Evangelho segundo São Lucas, uni-se ao do canto de Louvor – Magnificat – a compaixão e intercessão diante do vinho que havia acabado e a presença de Maria de pé junto a Cruz, para assim nos revelar a sintonia do Imaculado Coração de Maria para com o Sagrado Coração de Jesus. Dentre os santos se destacou como apóstolo desta devoção São João Eudes, e dentre os Papas que propagaram esta devoção de se destaca Pio XII que em 1942 consagrou o mundo inteiro ao Coração Imaculado de Maria.

As aparições de Nossa Senhora em Fátima – Portugal- no ano de 1917, de tal forma espalhou a devoção ao Coração de Maria que o Cardeal local disse: “Qual é precisamente a mensagem de Fátima ? Creio que poderá resumir-se nestes termos: a manifestação do Coração Imaculado de Maria ao mundo atual, para o salvar”. Desta forma pudemos conhecer do Céu que o Pai e Jesus querem estabelecer no mundo inteiro a devoção do Imaculado Coração que encontra fundamentada na Consagração e Reparação a este Coração que no final Triunfará.

Imaculado Coração de Maria …sede a nossa salvação!

Coloquemos nossos dons a serviço do Reino de Deus

Celebramos hoje o apóstolo Santo André, irmão de Pedro. Foi André quem ouviu de João que Jesus era o Cordeiro de Deus, aquele que primeiro seguiu Jesus e depois foi chamar seu irmão para dizer: ‘Encontramos o Messias!’.

A narração do Evangelho de hoje, segundo Mateus, mostra-nos um outro contexto deste chamado de Jesus. Quando Simão está junto de seu irmão André e Jesus passa por ali, chama-os para que se tornem pescadores: “‘Segui-me, e eu farei de vós pescadores de homens’. Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram” (Mateus 4, 19-20).

Na verdade, quando olhamos para o exemplo dos apóstolos, os irmãos Simão e André nos mostram que é capaz, é possível, porque Deus usa daquilo que fazemos de melhor para salvar pessoas e transformar o mundo.

Eles não deixaram de ser pescadores, usavam justamente da pesca para sobreviver, mas ampliaram a capacidade de pescar; não ficaram apenas pescando os peixinhos do mar. Aprenderam com o Mestre que era possível pescar homens, pescar a humanidade para que encontrassem o sentido da vida.

Nós, um dia, fomos pescados pela Palavra de Deus, fomos salvos da perdição do mundo para nos tornarmos seguidores de Jesus e podemos também ser outros pescadores de homens.

Talvez a sua nobre profissão não seja pescar, talvez você saiba fazer outra coisa, talvez seja uma excelente dona de casa, um programador, um professor… use do dom, do talento, daquilo que você faz e é capaz de fazer para também salvar almas!

Todos nós, a exemplo de Simão e André, o apóstolo que celebramos hoje, podemos nos tornar pescadores de homens, da humanidade. Basta que coloquemos os dons, os talentos, a nossa disposição a serviço do Reino de Deus.

Quantos usam o dom que tem para a internet, para as redes sociais, para fazer um bem enorme! Há também aqueles que provocam estragos irreparáveis, mas há aqueles que se propõem a salvar corações até mesmo com uma simples mensagem.

Onde você estiver seja um bom marceneiro, um bom profissional! Use do dom, do talento que você tem, porque Jesus precisa de você para pescar mais homens, para salvar a humanidade!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

1º Domingo do Advento

Jesus, próximo à Paixão, termina seu ministério ensinando os discípulos a trilhar o caminho, marcado também por sofrimentos que provém de perseguições (21,12-19) e da destruição de Jerusalém e do templo (21,20-24). Os sinais cósmicos, que anunciavam o “dia do Senhor”, sua presença na história (Is 13,10; 34,4; Ez 32,7-8; Jl 2,10-11; 4,15-16), são narrados por Lucas na dimensão cristológica. Jesus é o vitorioso Filho do Homem, que realiza plenamente a esperança profética através de sua Páscoa.  Como Senhor ressuscitado, ele manifesta o poder e a glória, a força da vida sobre a morte.  A fidelidade de Jesus ao amor do Pai até a morte, para oferecer a vida nova, reanima a esperança e a confiança dos discípulos: Levantem-se e ergam a cabeça, pois a libertação está próxima. A palavra libertação indica a ação redentora de Jesus que liberta da escravidão (1Cor 1,30).  A palavra de ordem para o discípulo é vigiar e orar em todo o momento, para permanecer de pé diante do Filho do Homem (9,26; 12,8; At 7,56), perseverando no testemunho até a realização plena do Reino de Deus. A Boa Nova transforma o coração, para acolher os sinais da presença do Senhor e permanecer vigilantes no serviço e na fraternidade.  A leitura de Jeremias proclama a fidelidade do Deus da aliança, que envia um rebento para exercer a justiça e a paz. Jesus, o Messias, restaura o direito/justiça cumprindo as promessas de salvação.  O salmista confia no Senhor e reafirma o compromisso de guardar a aliança através da vivência do amor e da verdade. Na segunda leitura, o “viver”, progredindo sempre mais para agradar a Deus mediante o amor fraterno é o caminho da santidade, que nos mantêm atentos na espera do Senhor.

A mística do advento se apoia na Vinda do Senhor. O Senhor veio, está próximo de nós e virá de novo. De nossa parte, cabe perceber onde o Senhor se manifesta e cuidar para que nossos corações não fiquem insensíveis à sua presença. E, ainda, perseverar na fé para apressar e multiplicar os sinais da sua vinda.

A assembleia litúrgica é sinal de que Deus está no meio de nós. Acendendo a primeira vela da coroa, com a íntima certeza de que ele virá tão certo como a aurora, nossos corações se iluminam para seguirmos seguros mesmo em meio à escuridão, de cabeça erguida, correndo com nossas boas obras ao encontro da libertação que se aproxima.

Revista de Liturgia

O que é o advento?

Começamos novo Ano Litúrgico e um novo ciclo da liturgia com o Advento, tempo de preparação para o nascimento de Jesus Cristo no Natal. É hora de renovação das esperanças, com a advertência do próprio Cristo, quando diz: “Vigiai!”, para não sermos surpreendidos.

Realização e confirmação da Aliança de Deus
A chegada do Natal, preparado pelo ciclo do Advento, é a realização e confirmação da Aliança anunciada no passado pelos profetas. É a Aliança do amor realizada plenamente em Jesus Cristo e na vida de todos aqueles que praticam a justiça e confiam na Palavra de Deus.

Estamos em tempo de educação de nossa fé, quando Deus se apresenta como oleiro, que trabalha o barro, dando a ele formas diversas. Nós somos como argila, que deve ser transformada conforme a vontade do oleiro. É a ação de Deus em nossa vida, transformando-a de Seu jeito.

Neste caminho de mudanças, Deus nos deu diversos dons conforme as possibilidades de cada um. E somos conduzidos pelas exigências da Palavra de Deus. É uma trajetória que passa pela fidelidade ao Todo-poderoso e ao próximo, porque ninguém ama a Deus não amando também o seu irmão.

Convocação para vigilância
O Advento é convocação para a vigilância. A vida pode ser cheia de surpresas e a morte chegar quando não esperamos. Por isso é muito importante estar diuturnamente acordado e preparado, conseguindo distanciar-se das propostas de um mundo totalmente afastado de Deus.

Outro fato é não desanimar diante dos tipos de dificuldades e de motivações que aparecem diante nós. Estamos numa cultura de disputa por poder, de ocupar os primeiros lugares sem ser vigilantes na prestação de serviço. Quem serve, disse Jesus, é “servo vigilante”.

Confiar significa ter a sensação de não estar abandonado por Deus. Com isso, no Advento vamos sendo moldados para acolher Jesus no Natal como verdadeiro Deus. Aquele que nos convoca a abandonar o egoísmo e seguir Jesus Cristo.

Preparar-se para o Natal já é ter a sensação das festas de fim de ano. Não sejamos enganados pelas propostas atraentes do consumismo. O foco principal é Jesus Cristo como ação divina em todo o mundo.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Sua fé é o que parece?

Sua fé é o que parece ou há um conflito entre fé e obras, entre oração e vida prática? A autenticidade da nossa fé é revelada no nosso testemunho vivo!

Sua fé é o que parece

“Portanto, não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha.”

Quase encerrando o assunto a respeito de viver a fé em que os Coríntios estavam inseridos, Paulo fala de autenticidade diante de Deus e dos homens.

“Que as pessoas nos considerem ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se exige dos administradores é que cada um se mostre fiel.” (I Cor 4, 1-2).

Toda aquela história lá do início da carta envolvendo nomes de homens de Deus que pregavam para os Coríntios ainda estava rendendo… Paulo precisava acabar com aquela fé de aparência de uma vez por todas. Admirar os homens de Deus é coisa boa, enquanto são fiéis ao seu chamado, e com a devida moderação: “Estas coisas, irmãos, expliquei em figuras, a respeito de mim e Apolo, para vosso proveito, para que de nós aprendais a regra: ‘Nada além do que está escrito’’ e não fiqueis cada qual torcendo por um contra o outro.” (I Cor 4, 6). É um apelo à unidade e à maturidade da fé. É uma direção concreta com relação ao evangelho que foi pregado e que (está escrito) nas cartas apostólicas. Até porque, é Deus quem vai julgar: “Ele trará à luz o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o devido louvor.” (I Cor 4, 5b).

No fim, Paulo faz questão de mostrar qual é o verdadeiro testemunho que os Coríntios devem buscar… Não é a glória de se tornar importante e admirado na comunidade ou na Igreja, mas é a glória de realizar com amor, empenho, e eficácia a missão por Deus confiada ainda que isso custe muitos sofrimentos… (I Cor 4, 11-13)

E apesar disso, somos felizes!

Leia o trecho em I Cor 4, 1-13
Na Bíblia cnbb página 1402-1403

Título: Loucos por causa de Cristo

Promessas

I Cor 4, 5b
“Ele trará à luz o que estiver escondido nas trevas e manifestará os projetos dos corações. Então, cada um receberá de Deus o devido louvor.”

Ordens

I Cor 4, 1-2.5a.6
“Que as pessoas nos considerem ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus. Ora, o que se exige dos administradores é que cada um se mostre fiel.”

 “Portanto, não queirais julgar antes do tempo. Aguardai que o Senhor venha.”

“Estas coisas, irmãos, expliquei em figuras, a respeito de mim e Apolo, para vosso proveito, para que de nós aprendais a regra: ‘Nada além do que está escrito’’ e não fiqueis cada qual torcendo por um contra o outro.”

Qual a mensagem de Deus para mim hoje?
Servir a Deus não é status, é compromisso! Não é glória deste mundo, é glória para Deus. Não é motivo de orgulho é humildade e gratidão.

Como posso pôr isso em prática?

Fazendo memória do meu chamado, agradecer a Deus pela minha escolha e pela Sua imensa misericórdia!


Blog Canção Nova

Sejamos sóbrios e vigilantes

Para ter sensibilidade, olhar vivo e ligado nas coisas de Deus e sensibilidade com as próprias realidades humanas, precisamos nos prevenir e nos cuidar para que algumas coisas não roubem de nós a reta sensibilidade. Por isso, Jesus está nos advertindo para que o nosso coração não fique pesado, primeiro, pela gula, porque o excesso em comer nos deixa pesados, carregados e até incapazes de refletir melhor a vida.

Todos nós precisamos nos alimentar, mas não podemos nos entregar ao excesso de comer, porque, muitas vezes, o nosso próprio raciocínio fica mais lento, a vida mais vagarosa, a disposição se torna menor. Se não podemos padecer de fome, também não podemos nos encher de alimentos e nos tornarmos insensatos.

Cuidado com a embriaguez! Algumas pessoas podem achar: “Eu bebo um pouquinho ali e aqui, mas não tem problema!”. O álcool nos tira do mundo em que estamos, torna-nos, muitas vezes, pessoas irresponsáveis e insensatas. Não preciso citar as enormes tragédias que o alcoolismo causa na vida humana, em termos de família e sociedade, com desastres e assim por diante.

O alcoolismo causa desequilíbrio na personalidade de um filho de Deus, causa perturbações nas causas humanas. Toda embriaguez é uma insensatez, um perigo para a alma!

Assim como a embriaguez e a gula, as preocupações exageradas com essa ou aquela situação também geram verdadeiras neuroses no meio de nós. Não é nada muito ofensivo, mas muito real como, muitas vezes, certas pessoas olham para as coisas com uma certa neurose, ficam tão fixadas naquela coisa, naquela situação, e criam coisas que não existem. Criam tantos alardes, situações negativas, que aquilo é um mal para o próprio coração.

Todo mundo tem responsabilidades na vida, as quais, muitas vezes, fogem do nosso alcance. O excesso de preocupação não ajuda em nada, pelo contrário, tira as forças que poderíamos ter ou a sensatez necessária para lidar ou resolver essa ou aquela situação.

Que Deus nos dê a santa sobriedade no comer, no beber e no lidar com as situações da vida, assim teremos a sensibilidade necessária para vivermos bem a cada dia!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

O único que reina em nossa vida é Jesus Cristo

Celebramos, hoje, com muita alegria, a Solenidade de Cristo, Rei do Universo. É o último domingo do Ano Litúrgico, e Cristo é aquele que abra e fecha, Ele é o “A” e o “Z”, o Alfa e Ômega, o princípio e a consumação de todas as coisas. Foi a Ele que o Pai entregou todas as realidades, Ele é o Rei soberano de todo o universo.

Se existe algum rei no meio de nós; se existe o rei da bola, o rei do rock, rei do futebol, rei de tantas coisas, o único que, de fato, reina em nossa vida para toda eternidade é Cristo Jesus, Nosso Senhor.

A Liturgia, hoje, quer, na verdade, coroar toda a nossa vivência de fé expressando essa verdade: Jesus Cristo é o Senhor dos nossos filhos, das nossas famílias, das nossas casas, de tudo aquilo que somos. Jesus Cristo é Rei, é o Senhor!

Não é uma afirmação alegórica, porque existem muitos reis apenas por alegoria, existem muitos reis que são reis apenas de forma figurativa. Cristo não é um rei figurativo nem alegórico; Ele é Rei, porque todas as coisas foram entregues a Ele.

Entre os eleitos de Deus e aqueles que se submetem ao Seu Reino só há um Rei, não existe outro soberano no meio de nós, não existe ninguém que possa reinar mais em nossa vida do que Cristo Jesus, Nosso Senhor!

A nossa fé, muitas vezes, caminha no descompasso. Andamos desnorteados para isso e para aquilo, porque nos submetemos a outros reis da Terra, quando, na verdade, o nosso coração pertence a um único Rei: Cristo Jesus, Nosso Senhor.

Neste domingo, renovemos a nossa consagração e a nossa entrega ao Senhor. Renovemos a entrega de nossa casa, de nossa família, a vida de cada um de nós à soberania de Cristo Jesus. Queremos proclamar o senhorio d’Ele em nossa vida, queremos exaltá-Lo como Nosso Rei, como Nosso Senhor. E só a Ele pertence a honra, a glória, o poder, a adoração e o nosso coração!

Misericórdia de nós, Senhor, quando deixamos que outras forças, que outros sentimentos reinem em nossa vida. Queremos somente nos submeter a Ti, queremos que seja o único Rei soberano de nossa vida.

Eis-nos aqui, Senhor, somos Teus amigos, somos Teus servos, e ao Teu Reino queremos entregar a nossa vida!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Domingo do Cristo Senhor do Universo

João situa a realeza de Jesus no relato da Paixão, ressaltando, assim, que ele é o Messias verdadeiro. Jesus expõe a verdade do Reino de Deus ao qual veio instaurar, diante da acusação de Pilatos de fazer-se Rei dos Judeus. Sua realeza, centrada no amor oblativo, difere totalmente dos reinados deste mundo: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos teriam lutado para que eu não fosse entregue.  Pilatos, representante do poderoso império romano, continua o interrogatório perguntando a Jesus: Então, tu és rei? Em sua resposta, Jesus revela a missão confiada pelo Pai: Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz. A palavra verdade, aletheia, em grego, mostra que Jesus exerce a realeza na fidelidade plena à vontade do Pai. Dando a vida por amor até o fim, ele revela o sentido da verdade e vence definitivamente a opressão dos reinos deste mundo. Os discípulos, que escutam a mensagem de Jesus, conhecem a verdade que liberta (8,31) e o caminho que conduz à vida (14,6). Assim, testemunham e agem conforme a verdade do Reino de Deus, diferente de Pilatos. Na primeira leitura, o “filho do homem” representa o povo fiel conduzido pela ação de Deus. Jesus, pela sua Páscoa, manifesta poder e glória e instaura o Reino que humaniza e jamais será destruído. O salmo celebra a realeza do Senhor que, vestido de esplendor, mantém o universo inabalável. A leitura do Apocalipse, escrito no fim do primeiro século, fortalece as comunidades cristãs perseguidas com o exemplo de Jesus, a testemunha fiel, o primogênito dentre os mortos, isto é, o Ressuscitado e Senhor da vida, o soberano dos reis da terra. Ele deu a vida para nos libertar e fazer de nós um reino de sacerdotes a serviço da vida.

Pelo batismo nos tornamos como Jesus: sacerdotes, profetas e reis. Se a referência é Ele, nosso modo de reinar é servir.

Neste domingo, depois da comunhão, oremos a Deus “que, gloriando-nos de obedecer na terra aos mandamentos de Cristo, Rei do universo, possamos viver com ele eternamente nos céus”. Enquanto aguardamos ativamente sua vinda final, nos engajamos no compromisso de trabalhar, com coragem e esperança, por uma sociedade solidária e fraterna, vencendo as forças contrárias ao Reino.

Revista de Liturgia

22 de Novembro – Dia de Santa Cecília, exemplo de mulher cristã

Hoje celebramos a santidade da virgem que foi exaltada como exemplo perfeitíssimo de mulher cristã, pois em tudo glorificou a Jesus. Santa Cecília é uma das mártires mais veneradas durante a Idade Média, tanto que uma basílica foi construída em sua honra no século V. Embora se trate da mesma pessoa, na prática fala-se de duas santas Cecílias: a da história e a da lenda. A Cecília histórica é uma senhora romana que deu uma casa e um terreno aos cristãos dos primeiros séculos. A casa transformou-se em igreja, que se chamou mais tarde Santa Cecília no Trastévere; o terreno tornou-se cemitério de São Calisto, onde foi enterrada a doadora, perto da cripta fúnebre dos Papas.

No século VI, quando os peregrinos começaram a perguntar quem era essa Cecília cujo túmulo e cuja inscrição se encontravam em tão honrosa companhia, para satisfazer a curiosidade deles, foi então publicada uma Paixão, que deu origem à Cecília lendária; esta foi sem demora colocada na categoria das mártires mais ilustres. Segundo o relato da sua Paixão Cecília fora uma bela cristã da mais alta nobreza romana que, segundo o costume, foi prometida pelos pais em casamento a um nobre jovem chamado Valeriano. Aconteceu que, no dia das núpcias, a jovem noiva, em meio aos hinos de pureza que cantava no íntimo do coração, partilhou com o marido o fato de ter consagrado sua virgindade a Cristo e que um anjo guardava sua decisão.

Valeriano, que até então era pagão, a respeitou, mas disse que somente acreditaria se contemplasse o anjo. Desse desafio ela conseguiu a conversão do esposo que foi apresentado ao Papa Urbano, sendo então preparado e batizado, juntamente com um irmão de sangue de nome Tibúrcio. Depois de batizado, o jovem, agora cristão, contemplou o anjo, que possuía duas coroas (símbolo do martírio) nas mãos. Esse ser celeste colocou uma coroa sobre a cabeça de Cecília e outra sobre a de Valeriano, o que significava um sinal, pois primeiro morreu Valeriano e seu irmão por causa da fé abraçada e logo depois Santa Cecília sofreu o martírio, após ter sido presa ao sepultar Valeriano e Tibúrcio na sua vila da Via Ápia.

Colocada diante da alternativa de fazer sacrifícios aos deuses ou morrer, escolheu a morte. Ao prefeito Almáquio, que tinha sobre ela direito de vida ou de morte, ela respondeu: “É falso, porque podes dar-me a morte, mas não me podes dar a vida”. Almáquio condenou-a a morrer asfixiada; como ela sobreviveu a esse suplício, mandou que lhe decapitassem a cabeça.

Nas Atas de Santa Cecília lê-se esta frase: “Enquanto ressoavam os concertos profanos das suas núpcias, Cecília cantava no seu coração um hino de amor a Jesus, seu verdadeiro Esposo”. Essas palavras, lidas um tanto por alto, fizeram acreditar no talento musical de Santa Cecília e valeram-lhe o ser padroeira dos músicos. Hoje essa grande mártir e padroeira dos músicos canta louvores ao Senhor no céu.

Santa Cecília, rogai por nós!

33º Domingo do Tempo Comum

Estamos no penúltimo domingo do ano litúrgico. No domingo próximo, a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo encerrará este ano da Igreja. Pois bem, hoje a Palavra de Deus, nos recorda que, como o ano, também a nossa vida passa, e passa veloz... Assim, o Senhor nos convida à vigilância e nos exorta a que não percamos de vista o nosso caminho neste mundo e o destino que nos espera. Nossa vida tem um rumo, caríssimos; o mundo e a história humana têm uma direção!

A nossa fé nos ensina, amados no Senhor, que toda a criação e toda a história humana caminham para um ponto final. Este fim não será simplesmente o término do caminho, mas a sua plenitude, a sua finalidade, sua bendita consumação. O universo vai evoluindo, a história vai caminhando... Onde o caminho vai dar? Com palavras e idéias figuradas, a Escritura Sagrada nos ensina que tudo terminará em Jesus, o Cristo glorioso que, por sua morte e ressurreição, tornou-se Senhor e Juiz de todas as coisas. Vede bem: a criação não vai para o nada; a história humana não caminha para o absurdo! Eis aqui o essencial, que o evangelho de hoje nos coloca com palavras impressionantes: “Então verão o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória!” Ou seja: tudo quanto existe caminha para Cristo, aquele que vem sobre as nuvens como Deus, aquele que é nosso Juiz porque, como Filho do Homem, experimentou nossa fraqueza e se ofereceu uma vez por todas em sacrifício por nós! Vede, irmãos: o nosso Salvador será também o nosso Juiz! Aquele que está à Direita do Pai e de lá virá em glória para levar à consumação todas as coisas é o mesmo que se ofereceu todo ao Pai por nós para nos santificar e nos levar à perfeição! Repito: nosso Juiz é o nosso Salvador! Quanta esperança isso nos causa, mas também quanta responsabilidade! Que faremos diante do seu amor? Que diremos àquele que por nós deu tudo, até entregar a própria vida para nossa salvação? Que amor apresentaremos a quem tanto e tanto nos amou? Pensai bem!

Hoje, a Palavra de Deus adverte: tudo estará debaixo do senhorio de Cristo! Por isso, numa linguagem de cores fortes e figuras impressionantes, Jesus diz que a criação será abalada pela sua Vinda: “O sol vai escurecer e a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu e as forças do céu serão abaladas”. Que significa isso? Que toda a criação será palco dessa Revelação da glória do Senhor, toda a criação será transfigurada e alcançará a plenitude no parto de um novo céu e uma nova terra onde a glória de Deus brilhará para sempre! O Senhor afirma ainda que também a história chegará ao fim e será passada a limpo. Cristo fala disso usando a imagem da grande tribulação, isto é, as dores e contradições do tempo presente, que vão, em certo sentido se intensificando neste mundo. Por isso mesmo, a primeira leitura, do Profeta Daniel, fala em combate e em tempo de angústia... É o nosso tempo, este tempo presente, que se chama “hoje”.

Amados em Cristo, estas leituras são muito atuais e consoladoras, sobretudo nos dias atuais, quando vemos o Cristo enxovalhado, o cristianismo perseguido e desprezado, a santa Igreja católica caluniada... Pensem no Código da Vinci, pensem nas obras de arte blasfemas e sacrílegas frequentemente expostas sem nome de uma pérfida liberdade, pensem nas freiras das porcas novelas da Globo, pensem no ridículo a que os cristãos são expostos aqui e ali, com cínicas desculpas e camufladas intenções, pensem nos valores cristãos que vão sendo destruídos, nas famílias destruídas pelo divórcio, pela infidelidade, pela imoralidade, pensem nos jovens desorientados pela falta de Deus, pela negação de todas as certezas e o desprezo de todos os valores, pensem, por fim, na vida humana desrespeitada pelo aborto, pela manipulação genética, pelas imorais e inaceitáveis experiências com células-tronco embrionárias com pretextos e desculpas absolutamente imorais... Não é de hoje, caríssimos, que a Igreja sofre e que os cristãos são perseguidos, ora aberta, ora veladamente... Já no longínquo século V, santo Agostinho afirmava que a Igreja peregrina neste tempo, avançando entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus... O perigo é a gente perder de vista o caminho, perder o sentido do nosso destino, esfriar na vigilância, perder a esperança, abandonar a fé...

Caminhamos para o Senhor, caríssimos – tende certeza disto! O mudo vai terminar no Cristo, como um rio termina no mar; a história vai encontrar o Cristo, tão certo quanto a noite encontra o dia; nossa vida estará diante do Senhor, tão garantido quanto o vigia cada manhã está diante da aurora! Por isso mesmo, é indispensável vigiar e trazer sempre no coração a bendita memória do Salvador, a firme esperança nas suas promessas, a segura certeza da sua salvação! Vede bem: na Manifestação do nosso Senhor, ele nos julgará! Na sua luz, tudo será posto às claras: se é verdade que sua Vinda é para a salvação, também é verdade que todos quantos se fecharam para ele, perderão essa salvação. Caríssimos, nosso destino é o céu, mas estejamos atentos: o inferno, a condenação eterna, a danação sem fim, o fogo que devora para sempre, são uma real possibilidade para todos nós! Haverá um Juízo de Deus em Jesus Cristo, meus amados no Senhor: “Muitos dos que dormem no pó a terra despertarão, uns para a vida eterna, outros para o opróbrio eterno. Nesse tempo, teu povo será salvo, todos os que se acharem escritos no Livro”. Não brinquemos de viver, não vivamos em vão, não sejamos fúteis e levianos, não corramos a toa a corrida da vida! É o nosso modo de viver agora que decidirá nosso destino para sempre! Por isso mesmo, Jesus nos previne: “Em verdade vos digo: esta geração não passará até que tudo isto aconteça!” Em outras palavras: não importa quando ele virá – ele mesmo diz: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”; importa, sim, que estejamos atentos, importa que vivamos de tal modo que, quando ele vier no momento de nossa morte, estejamos prontos para comparecer diante dele e diante dele estar no último Dia, quando tudo for julgado! O juízo que nos espera é um processo: começa logo após a nossa morte, quando, em nossa alma, estaremos diante do Cristo e receberemos nossa recompensa: o céu ou o inferno! E no final dos tempos, quando Cristo se manifestar em sua glória, nosso destino também será manifestado com toda a criação e o nosso corpo, ressuscitado no fim de tudo, receberá também a mesma recompensa de nossa alma: o céu ou o inferno, de acordo com o nosso procedimento nesta vida!

Meus caros, quando a Escritura Sagrada nos fala do fim dos tempos não é para descrever como as coisas acontecerão. Isso seria impossível, pois aqui se tratam de realidades que nos ultrapassam e que já não pertencem a este nosso mundo. Portanto, palavras deste mundo não podem descrever o que pertence ao mundo que há de vir... O que a Escritura deseja é nos alertar a que vivamos na verdade, vivamos na fé, vivamos na fidelidade ao Senhor... vivamos de tal modo esta nossa vida, que possamos, de fé em fé, de esperança em esperança, alcançar a vida eterna que o Senhor nos prepara, vida que já experimentamos hoje, agora, nesta santíssima Eucaristia, sacrifício único e santo do nosso Salvador que, à Direita do Pai nos espera como Juiz e santificador. A ele a glória pelos séculos dos séculos.

Dom Henrique Soares da Costa

A vinda do Senhor será para nós motivo de alegria

O Evangelho de hoje traz elementos importantes para nossa fé e para compreendermos o tempo em que vivemos. Ele nos fala da grande tribulação, de momentos difíceis, de mudanças até no céu e na terra. O Evangelho nos fala das forças que movem o céu e a terra sendo abaladas. Na verdade, trata-se de uma tribulação enorme para todos nós.

Quando olhamos para nossa vida cotidiana ou para o mundo em que estamos, percebemos que ele sempre passou por tribulações. O mundo passa por mutações desde as várias eras em que a humanidade viveu. Mas não podemos negar que haverá um dia em que chegará a tribulação definitiva, onde as próprias forças que mantêm esse planeta de pé não conseguirão subsistir. Um dia que parecerá terrível, mas que, na verdade, será um dia de grande graça, mas só veremos isso depois que a tribulação passar, porque será o dia do Filho do Homem.

Quando Ele vier em poder e glória, assim como nós cremos e rezamos, será para julgar os vivos e os mortos. Esse é o elemento da nossa fé e nós cremos piedosamente nessa verdade: Ele virá um dia! Virá para julgar todo o universo! Este grande e temível dia, mais esperado, será o dia da consumação de todas as coisas.

Se é uma verdade de fé que tudo isso vai acontecer, é outra verdade que nós não precisamos nos atemorizar por este dia. Precisamos apenas ter a convicção de que ele vai acontecer. Não podemos viver à mercê de fantasias, de elementos religiosos que, muitas vezes, querem nos confundir, criar confusão no meio de nós por causa da vinda do Senhor.

A vinda de Jesus será para nós motivo de tremenda alegria! Quanto ao dia e a hora, ninguém sabe, nem mesmo os anjos, a não ser o Pai do Céu que, com certeza, virá ou mandará Seu Filho para salvar, resgatar todos aqueles que são d’Ele.

O que nos resta enquanto vivemos à espera destes dias que virão, dias de grande tribulação, mas também de libertação, é que vivamos na santidade, na expectativa do Senhor que vem. Resta-nos viver de forma responsável, cumprindo nossas obrigações, nossos compromissos e vivendo a verdade naquilo que precisamos viver.

Nada de semearmos o medo e vivermos apavorados quando se fala sobre esses assuntos. Nossa fé deve conduzir nossos passos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Tenhamos um coração agradecido a Deus

No caminho para Jerusalém, passando entre a Samaria e a Galileia, Jesus teve compaixão de dez leprosos que vieram ao Seu encontro e pediram a cura. O Mestre, com a Sua bondade, tocou no coração e na enfermidade deles e foram curados.

Todos receberam a graça, mas apenas um deles, o samaritano, que não fazia parte diretamente do povo de Deus, voltou, com o rosto por terra, para agradecer, bendizer e louvar ao Senhor pela graça. Para os outros nove parecia que era algo mais que normal, uma obrigação de Deus.

Sabe, meus irmãos, não podemos ser pessoas que somente querem alcançar graças, favores de Deus. Precisamos ter um coração agradecido, que louva e bendiz ao Senhor Nosso Deus.

A maior cura não é fazer desaparecer a lepra; a maior cura, a maior graça alcançada é ter um coração agradecido, que louva, bendiga e enalteça o nome do Senhor. Por isso, digo que os outros leprosos alcançaram apenas o início da cura, mas quem atingiu a plenitude foi aquele único que voltou para agradecer.

Deus não precisa do nosso louvor nem do nosso agradecimento. Ele não precisa ser engrandecido, porque já é grande e soberano. Mas quando O louvamos nossa natureza é curada, restaurada. Quando engrandecemos o nome do Senhor, nosso egoísmo é pisado, nosso orgulho é quebrantado e nossa natureza é resgatada.

No louvor, na ação de graças está a fonte da cura, da libertação e restauração do nosso mau-humor, da nossa indisposição, do nosso próprio azedume do dia a dia.

Experimente a força do louvor, experimente ser uma pessoa agradecida, experimente ser aquele que em tudo sabe dar graças a Deus. Os nossos sentimentos mudam, a nossa disposição interior muda, o nosso físico reage. E quando vivemos na reclamação, inconformados com tudo, parece que nada é bom, que nada presta. Podemos estar fisicamente em pé, mas a nossa alma está prostrada.

Para termos a nossa alma levantada, resgatada, a força do louvor faz nova todas as coisas! Que olhemos para esse leproso plenamente curado e façamos do louvor e da ação de graças o cântico do homem novo e da mulher nova a cada dia!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Tenhamos zelo pela casa de Deus

Nós, hoje, celebramos a Dedicação da Basílica de Latrão. Quando chegamos a Roma, encontramos a sede da Igreja, a qual o Papa, na figura de Pedro, governa a Igreja que está pelo mundo inteiro.

O Papa, além de ser o chefe universal de toda a Igreja, é o bispo de Roma, aquela que é a primeira das igrejas e é considerada a mãe de todas: a Basílica de São Pedro.

Há uma basílica que tem uma importância grande para todos nós, a Basílica do Latrão, onde o Papa governa a Catedral de Roma.

Em toda a diocese existe uma Igreja Catedral, que é a mãe das outras igrejas. É por meio dela que o bispo dirige, governa e pastoreia seu rebanho. Há todo um sinal, uma tradição, uma presença sagrada quando nos recordamos das catedrais, da cadeira, do governo de cada uma de nossas igrejas.

Já que estamos nos recordando dessa Igreja Mãe, que está em Roma, a Igreja de São João do Latrão, queremos recordar de cada uma de nossas igrejas, sejam pequenas capelas, igrejas maiores ou templos em construção. Igreja é lugar da presença de Deus, é lugar do nosso encontro com o Senhor!

Às vezes, as pessoas vão às grandes igrejas, grandes catedrais e olham para as paredes, para as decorações, para as pinturas… Tudo isso tem um valor histórico; afinal de contas, são igrejas milenares. São igrejas belas, procuradas por sua beleza; entretanto, Deus está presente na mais bela igreja ou na mais simples capela, abandonada, deixada de lado.

Francisco se encontrou com Deus quando estava, justamente, numa capela abandonada, a capela de São Damião, onde o Senhor mandou reconstruí-la.

Quando entramos em qualquer igreja, templo, capela e oratório, algumas coisas são importantes de se observar. A igreja é lugar de oração; não é lugar para conversas, para simplesmente tirar fotos. Diz o Senhor: ‘Minha casa é lugar de oração!’. A igreja não é lugar de conversas fiadas, de bate-papo, de se realizar comércio ou qualquer coisa parecida. É o lugar de nos encontrarmos com Deus e mantermos nossa comunhão profunda com Ele.

Igreja é lugar da restauração, da nossa comunhão com as graças que vêm do Céu. Não podemos nos atrapalhar nem atrapalhar os outros no encontro com Deus.

A primeira igreja é cada um de nós, se quisermos ter zelo pela igreja enquanto casa de Deus, tenhamos zelo por nós, pelo que vestimos e falamos, porque a forma como nos portamos na igreja demonstra o zelo que temos pelas coisas de Deus!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Filhos abandonados dentro da própria casa

Hoje, vivemos um tempo de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância. Eu, por exemplo, peguei a época em que só existia telefone fixo (com fio) e “orelhões” de rua (sem celular ou internet), e a comunicação escrita era feita por carta. Na minha adolescência, passei muitas horas (todos os dias!) brincando e conversando na rua com os amigos, e em casa com a família. Quando alguém estava presencialmente com outra pessoa, havia muito pouca distração. Tínhamos de investir no relacionamento “ao vivo”, demonstrar sentimentos, conquistar a simpatia dos outros. Mas os tempos mudaram e estima-se que o brasileiro passa, aproximadamente, de três a quatro horas por dia conectado, interagindo via internet, o que reduz muito sua convivência física com amigos e familiares.

Estamos esquecendo como amar
Fico impressionada quando vejo o desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão se tornando ótimas no marketing emocional externo, mas estão esquecendo como amar, como fazer carinho físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isso não é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na nossa intimidade?

Medo de expor traumas e fraquezas
Será que não é medo de expor nossos traumas e fraquezas? Digo isso, porque, apesar da internet ser um meio real de conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que tendencia essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição, porque meus gestos, minha entonação de voz, a linguagem corporal, a resposta imediata frente aos estímulos e minhas atitudes reais tornam-me muito mais vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.

Consequências da ausência dos pais
Claro que essa desconexão dos relacionamentos concretos é um problema. Ele se torna muito mais grave (e com fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se mais independente. Porém, a atenção real dos pais é indispensável para o saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade, tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.

Presentes e ausentes ao mesmo tempo
A questão que quero levantar é que, hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança se sente ignorada emocionalmente. Celular, Ipad, notebook, TV… Corpo presente, mente e atenção em outro lugar, com outro foco. Essa falta de atenção gera o sentimento de não ser importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os filhos precisam sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em estar em sua companhia, que estão se divertindo ao brincar com eles. O contato físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam o que é um relacionamento afetivo.

Degraus do amadurecimento humano
Sei que a vida é corrida, por isso mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao lado deles, porém fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que seus filhos e sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós, para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor que temos aos que nos são preciosos. Você vai se surpreender com a resposta dos seus filhos ao se conectarem com você de verdade.

Roberta Castro

Deus confia um tesouro a cada um de nós

A nossa vida é um tesouro confiado por Deus que precisa ser valorizado.
Jesus nos surpreende com uma parábola, mostrando esse administrador citado no Evangelho usava da esperteza e da desonestidade para garantir a sua vida de forma ilícita. Mas Jesus estava querendo tocar no coração dos seus discípulos, para mostrar que esse administrador são muitas vezes nós. Deus confia um tesouro a cada um de nós. A nossa vida é um tesouro. Às vezes, começamos a negociar de forma ilícita a nossa vida. Começamos a deixar Deus de lado e berganhar a nossa vida com o maligno com situações que vão roubando Aquele que confiou a todos nós os tesouros do Céu.

Quando Deus faz o homem a sua imagem e semelhança, Ele coloca todas as Suas virtudes. É tão lindo que, no momento do nosso batismo assim como o batismo de Jesus quando o Filho do Senhor entrou na água Deus diz: esse é meu filho amado, nós também recebemos de Deus toda a afeição e virtudes.

É Deus dizendo que ali está o filho ou filha amada em que Ele colocou toda a afeição. Nesse dia, toda e qualquer maldição é lavada. Mas muitas vezes, vamos crescendo e negociando a nossa vida. Ao invés de deixarmos crescer as virtudes de Deus, vamos permitindo que outras situações entrem em nossa vida.

As consequências do mal em nossa vida
Quando lemos a leitura do Evangelho de hoje, começamos a observar quantas situações entraram em nossa vida. Por exemplo, este homem começou a permitir que os bens do mundo tomassem conta da sua vida. Ele troca as bençãos de Deus pelos bens deste mundo e começa a se associar a outras situações e vai perdendo a paz, alegria, honra e tornando-se uma pessoa mentirosa pois enganou seu patrão.

Às vezes não temos ideia que uma mentira pode ficar no coração e temos que justificar a mentira para o resto da vida. Como ser feliz mentindo?

Deus fala comigo e com você que as coisas pequenas que estão em nosso coração vão nos prendendo e gastamos mal nossa vida de forma ilícita.

Às vezes procuramos libertação, mas é preciso olhar para dentro do nosso coração para avaliar como estamos vivendo.

Deus confiou a riqueza da sua casa a você que é pai, mãe e filho. Quanto mais justo eu for com minha família, mais Deus vai abençoar minha casa.

Tem gente que é ladrão de paz e não pode ver o outro alegre e feliz que quer roubar esse contentamento. Quando estamos vivendo mal vamos perdendo a alegria. Quanto mais deixamos o mal dominar, mais vamos perdendo essa virtude.

A opção por Deus e a luta contra a maldade
Quem está em Deus quer viver toda a Sua riqueza e quer experimentar toda a Sua glória. Este homem do Evangelho mostra toda essa dimensão ruim.

Jesus diz que os filhos da luz precisam ser espertos. Muitas situações aparecerão diante de nós todos os dias para te levar para as trevas. O demônio não vai desistir! Nós não podemos negociar nossa vida com satanás, mas isso depende de nós.

Nós precisamos aprender a rezar. Como a Igreja tem sido atacada! Como o inimigo tem agido contra nós. Como ele tem feito os jovens a se destruírem em sua sexualidade. Como ele tem colocado aos homens e mulheres para serem devassos. Como ele tem corrompido os valores.

O demônio era um anjo luz e administrador de Deus, mas traiu o Senhor e agora que quer nos roubar de Deus.

Deus te confiou a administração dos bens e ele fala que o maior tesouro é a vida. Ninguém pode devolver a sua honra, castidade, a não ser Deus. Só Deus pode santificar o seu passado!

Como vencer o inimigo?
Por meio da Eucaristia e da oração vamos vencer o mal. Tem dia que choraremos porque caímos, mas vamos vencendo. É o senhor que nos dá a vitória.

Como é importante rezar e dobrar os joelhos diante de Deus. Como é importante a oração em família e pela família. Faça uma avaliação de tudo o que há de mal em você.

Nós precisamos pedir essa restauração, de toda herança trazida desde a infância. Precisamos descobrir onde está o mal em nossa vida, onde está essa porta de entrada que faz com que o demônio entre em nossa vida. Mas Deus tem o poder de nos curar. Precisamos permitir que o sangue de Jesus nos lave.

Para ser liberto de todo e qualquer mal é preciso evitar a mentira, perdoar de coração o próximo, não ter ressentimento no coração e não se envolver com coisas ocultas.

Padre Vagner Baia
Sacerdote da Comunidade Canção Nova