João situa a realeza de
Jesus no relato da Paixão, ressaltando, assim, que ele é o Messias verdadeiro.
Jesus expõe a verdade do Reino de Deus ao qual veio instaurar, diante da
acusação de Pilatos de fazer-se Rei dos Judeus. Sua realeza, centrada no amor
oblativo, difere totalmente dos reinados deste mundo: O meu reino não é deste
mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus servos teriam lutado para que
eu não fosse entregue. Pilatos,
representante do poderoso império romano, continua o interrogatório perguntando
a Jesus: Então, tu és rei? Em sua resposta, Jesus revela a missão confiada pelo
Pai: Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é
da verdade escuta a minha voz. A palavra verdade, aletheia, em grego, mostra
que Jesus exerce a realeza na fidelidade plena à vontade do Pai. Dando a vida
por amor até o fim, ele revela o sentido da verdade e vence definitivamente a
opressão dos reinos deste mundo. Os discípulos, que escutam a mensagem de
Jesus, conhecem a verdade que liberta (8,31) e o caminho que conduz à vida
(14,6). Assim, testemunham e agem conforme a verdade do Reino de Deus,
diferente de Pilatos. Na primeira leitura, o “filho do homem” representa o povo
fiel conduzido pela ação de Deus. Jesus, pela sua Páscoa, manifesta poder e
glória e instaura o Reino que humaniza e jamais será destruído. O salmo celebra
a realeza do Senhor que, vestido de esplendor, mantém o universo inabalável. A
leitura do Apocalipse, escrito no fim do primeiro século, fortalece as
comunidades cristãs perseguidas com o exemplo de Jesus, a testemunha fiel, o
primogênito dentre os mortos, isto é, o Ressuscitado e Senhor da vida, o soberano
dos reis da terra. Ele deu a vida para nos libertar e fazer de nós um reino de
sacerdotes a serviço da vida.
Pelo batismo nos
tornamos como Jesus: sacerdotes, profetas e reis. Se a referência é Ele, nosso
modo de reinar é servir.
Neste domingo, depois
da comunhão, oremos a Deus “que, gloriando-nos de obedecer na terra aos
mandamentos de Cristo, Rei do universo, possamos viver com ele eternamente nos
céus”. Enquanto aguardamos ativamente sua vinda final, nos engajamos no
compromisso de trabalhar, com coragem e esperança, por uma sociedade solidária
e fraterna, vencendo as forças contrárias ao Reino.
Revista de Liturgia
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