Como viver bem as fases do luto?

Todas as pessoas, quando sofrem alguma grande perda na vida (seja a morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença grave, um processo de falência ou a traição de uma pessoa muito próxima, uma separação, uma punição criminal etc.), passam em maior ou menor intensidade por aquilo que chamamos de processo de luto.

Para lidar com essa situação, a falecida psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross pesquisou sobre esse tema e descreveu cinco fases do processo de luto.

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas. Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.
São elas:

1) A negação – Surge na primeira fase do luto. É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.

A negação é uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema, tentando encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade, seja da morte de um ente querido ou uma perda. É comum que a pessoa também não queira falar sobre o assunto.

Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação) e não consegue aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

2) Raiva - A raiva surge depois da negação. Mesmo assim, apesar da perda já consumada, negamo-nos a acreditar nela. É quando surge o pensamento: “Por que comigo?”. É comum que surjam, nesta fase, sentimentos de inveja e raiva, quando qualquer palavra de conforto nos parece falsa, custando acreditar na sua veracidade.

Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo o mundo, os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa sente-se inconformada e vê a situação como uma injustiça.
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

3) Negociação – A negociação surge quando o indivíduo começa a encarar a hipótese da perda e, diante disso, tenta negociar para que esta não seja verdade. Ele busca fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como eram antes. Essa negociação, geralmente, acontece dentro do próprio indivíduo ou, às vezes, voltada para a religiosidade.

As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

• “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)
• “Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.

4) Depressão - A depressão surge quando o indivíduo toma consciência de que a perda é inevitável e incontornável. Ele sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu e percebe que não há como escapar da perda. Toma consciência de que nunca mais verá aquela pessoa (ou coisa); e com o desaparecimento dela, todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.

Nessa fase ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento. A pessoa retira-se para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

5) Aceitação – Última fase do luto. É quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero ou negação. Nesta fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. É um período que depende muito da capacidade da pessoa de mudar a perspectiva e preencher o vazio. Voltando-se para a religiosidade, para a fé ou com a ajuda de um profissional num processo de psicoterapia.

Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

• Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isso.”
• “Posso aprender com isso e melhorar.”

A pessoa buscar ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue planejar estratégias para lidar com a questão.

É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que, comumente, que a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais. A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”

O papel de um psicólogo num processo de luto:

O papel de um psicólogo num processo de luto pode ser muito útil para ajudar o indivíduo a identificar o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivência de sentimentos e pensamentos que o indivíduo tenta evitar. A tarefa do psicólogo é permitir que o paciente vivencie o luto. Entendendo que superar não é esquecer nem fingir que nada aconteceu, significa aceitar e continuar a viver, retomar sua rotina, seu trabalho, voltar-se para seus amigos e demais familiares.

Nesse processo, a vivência da fé, para aqueles que creem, é de fundamental importância, pois nos ajuda a entender que o sofrimento faz parte da condição humana, e a morte e as perdas acontecem para todos.

Jesus veio para nos ensinar que estará sempre junto de nós em todos os momentos, ajudando-nos a carregar a cruz de cada dia, lembrando-nos sempre de que tudo nesta vida é passageiro e que Sua morte na cruz nos dá, todos os dias, a graça de, juntos com Ele, vivermos por toda a eternidade.

Judith Dipp

Cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura

Fechar-se à ação do Espírito é fechar à graça de Deus

Estêvão, homem de fé, cheio do Espírito Santo e da graça de Deus, pregou e apregoou o Reino de Deus com coragem e com a força vinda do alto. Por onde andava, Estêvão levava a Palavra de Jesus de forma audaciosa, por isso ele começou a incomodar; sua presença causava incômodo àqueles que se opunham à Palavra de Deus, à Palavra de Cristo, à mensagem que essa Palavra trazia aos corações.

Mas mesmo aqueles que resistiram à pregação da Palavra, a eles Estêvão foi pregar e anunciar dizendo-lhes: “Homens de cabeça dura!”. Sabemos que, quando a nossa cabeça é dura, fechada e colocamos certas coisas na cabeça, parece que nem Deus as tira, porque nos fechamos tanto e o novo de Deus não entra em nós.

Estêvão está pregando para os homens religiosos da sua época, para aquele grupo de judeus que não se abriram à graça de Deus. Hoje é preciso pregar para nós cristãos, seguidores de Cristo, que, mesmo conhecendo Jesus, ainda estamos de cabeça dura, não somos capazes de abrir o coração e ficamos, muitas vezes, insensíveis às realidades de Deus, à graça de Deus e à ação d’Ele no meio de nós.

O que os homens daquela época fizeram foi resistir à ação do Espírito Santo na vida deles. E nos dias de hoje, mesmo conhecendo Jesus e Sua Palavra, nós também, muitas vezes, resistimos, colocamos dificuldades e não abrimos inteiramente o coração para que o Espírito aja, fale em nós e nos use para sermos instrumentos da graça de Deus.

Não existe tragédia maior para um cristão, para um homem e para uma mulher de Deus, do que resistir à ação do Espírito, do que não permitir que o Paráclito traga o novo, que Ele nos conduza para o novo, que nos inspire sempre o novo de Deus.

É preciso abrir a cabeça, ampliar os horizontes e escutar o sopro do Espírito, que faz novas todas as coisas. É preciso quebrar a insensibilidade do nosso coração, muitas vezes, fechado às graças, ao sopro e àquilo que é a condução de Deus para os dias de hoje.

Deus tem algo novo a fazer na sua vida, na sua casa, na sua família e nos seus; por isso não resista à ação do Senhor, não coloque obstáculo para a ação de Deus, não ponha dificuldades para que a graça de Deus seja atuante na sua casa.

A maior barreira para a graça de Deus acontecer em nós não está no exterior, no mundo lá fora, nem nas pessoas ou circunstâncias; essas barreiras estão justamente dentro de nós, quando fechamos a cabeça e não abrimos o coração para que o Espírito aja em nós e por meio de nós!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

3º Domingo da Páscoa

No Evangelho de Lucas (24,35-48), temos uma narrativa que ajuda a compreender a identidade de Jesus Ressuscitado. Ela está situada após o episódio da caminhada dos dois discípulos para Emaús, donde voltam correndo para anunciar à comunidade reunida o encontro com o Senhor vivo.
A própria ressurreição dá a identidade nova de Jesus, que foi difícil de ser assimilada pela comunidade de discípulos. Podem-se perceber dois momentos dessa perícope: os versículos 35-43 tratam da identidade corporal ou visível de Jesus; já em 44-48 temos o sentido da identidade plena de Cristo, a partir da sua ressurreição.
Jesus mesmo é quem se revela. Aliás, as aparições do Ressuscitado não podem ser provocadas, mas elas acontecem sempre por iniciativa d’Ele. Há uma ênfase em mostrar que Jesus não é um fantasma, como eles pensavam, já que Ele apareceu inesperadamente. E não esqueçamos que há pouco o tinham visto morto e sepultado, o que torna mais difícil crer que esteja vivo e presente ali entre eles.
Com a finalidade de esclarecer que não é um fantasma, Jesus mostra as marcas da cruz nas mãos e nos pés, o que ainda não diminuiu as dúvidas. Pediu, então, algo para comer. E comeu um pedaço de peixe assado que lhe deram. Um fantasma não poderia comer.
Vamos agora ao segundo momento da perícope, onde Jesus revela-se como cumprimento das Escrituras (Escrituras são o que nós designamos Antigo Testamento). O que se quer mostrar aqui é que o Mistério Pascal de Cristo é ponto alto para onde se conduz a história do Povo de Deus. Agora, pelo anúncio da morte e Ressurreição de Cristo e pela fé em seu nome, acontecem a conversão e o perdão dos pecados. Um elemento ainda: a destinação da salvação é universal, para todas as nações, a começar por Jerusalém.
O discurso de Pedro, relatado nos Atos dos Apóstolos, insere-se na mesma perspectiva. Lembremos que Lucas é o autor também desse livro.
Pedro mostra que quem agiu na Ressurreição de Jesus é o Deus de Israel, e que sua morte e Ressurreição são cumprimento das profecias antigas. Pedro atenua a culpa do povo, alegando a ignorância com a qual agiam. E aproveita para o principal: chamar à conversão, donde resultará o perdão dos pecados. Percebamos que a conclusão é semelhante à do Evangelho de hoje: todos são chamados à conversão.
O Salmo 4 é cantado em perspectiva cristológica: “compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo” (v. 4). Em alusão à Ressurreição de Cristo, pede-se no refrão que o Senhor faça brilhar sobre nós o esplendor de sua face.
A segunda leitura, da Primeira Carta de João, exorta a comunidade a corresponder ao amor de Deus em Cristo. Mostra Cristo como Defensor nosso junto do Pai. Ele que libertou-nos do pecado por sua morte, intercede por nós ao Pai. O autor recorda que conhecer Deus – que é praticamente sinônimo de “amar a Deus” – desemboca em viver os mandamentos de Deus. A verdade está em quem guarda a palavra de Deus e, vivendo-a, realiza em si o amor.

Diocese de Limeira

2º Domingo da Páscoa

No primeiro dia da semana, logo após o pôr-do-sol, a comunidade dos discípulos estava reunida num ambiente bem protegido, por medo das autoridades dos judeus. No ar, pairavam temor e insegurança. Talvez a notícia de Maria Madalena tivesse chegado aos seus ouvidos, mas assim mesmo, estavam atemorizados.

Somente a presença de Jesus poderia restituir alegria e garantir segurança. Superando os limites do espaço, o Ressuscitado coloca-se no meio deles, desejando a todos a paz e mostrando-lhes os sinais de seu amor e de sua vitória.

No reencontro, o temor cede lugar à alegria. Superado o medo, o Senhor o saúda novamente, enviando-os à missão. Sua paz os acompanhará no presente e no futuro, em meio às provações do mundo. Para que dêem continuidade à sua missão, Jesus confere aos seus escolhidos o alento de vida, o seu Espírito, que os capacita para a missão.

O resultado será constituir comunidades libertas e reconciliadoras, como testemunhas vivas do amor gratuito e generoso do Pai. Todavia, haverá os que manifestarão sua adesão a Jesus e outros que se refugiarão numa atitude de hostilidade.

Tomé, que era um dos doze, não participa do encontro comunitário com o Ressuscitado. Ele ouve o testemunho unânime de todos: “Vimos o Senhor!”. Mas não acolhe o testemunho como prova suficiente para acreditar que Jesus esteja vivo. Ao contrário, exige prova individual e extraordinária.

Alguém poderia ver nisto uma atitude de teimosia. Ocorre que o encontro com o Ressuscitado, que fundamenta a fé, realiza-se mediante a experiência do amor na comunidade. Tomé estava ausente! Entretanto, oito dias depois, a comunidade volta a se reunir e, agora, Tomé está presente.

O Senhor reaparece para a alegria da comunidade e em seguida, dirige-se a Tomé revelando-lhe seu amor nos sinais que traz nas mãos e no lado. O discípulo, sem apelativos, reconhece o Ressuscitado e aceita-O, expressando sua adesão total: “Meu Senhor e Meu Deus!”. É, porém, censurado por não crer no testemunho da comunidade e exigir uma experiência individual.

Na verdade, Tomé invertera a ordem, sem escutar os discípulos e sem perceber a nova realidade criada pelo Espírito, queria encontra-se com o Jesus que conhecera na caminhada. Todavia, encontra-se com o Senhor na experiência vivenciada pela comunidade de fé. Tomé reconhece em Jesus o servo glorificado, acredita e proclama: “Meu Senhor, e meu Deus”. Porém, felizes serão os discípulos que acreditarão, sem terem visto (Evangelho).

A experiência de amor da comunidade de fé no Senhor ressuscitado manifesta-se no espírito de comunhão fraterna e na partilha dos bens. “Ninguém considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo era posto em comum”. Além disso, “Entre eles ninguém passava necessidade”.

O encontro com o Ressuscitado requer ruptura com as práticas egoístas e concentradoras, que geram a exclusão, a fome e todo tipo de necessidades. A comunidade alicerçada no amor fraterno e na partilha dos bens, constitui-se em testemunho palpável da presença do Ressuscitado entre os seus discípulos ao longo dos tempos (primeira leitura).

João sublinha que, pela fé em Cristo, os batizados tornam-se filhos de Deus e, portanto, irmãos uns dos outros. Não se pode querer amar a Deus, sem amar aqueles de quem ele é Pai. O sinal que atesta a caridade fraterna (o amor aos irmãos) é a observância dos mandamentos de Deus (segunda leitura).

Diocese de Limeira

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

O Evangelho da Ressurreição de Jesus Cristo (Cf. Mc 16, 1-7) começa referindo o caminho das mulheres para o sepulcro, ao alvorecer do dia depois do sábado. Querem honrar o corpo do Senhor e vão ao túmulo, mas encontram-no aberto e vazio. Um anjo majestoso diz-lhes: “Não vos assusteis!” (Mc 16,6). E ordena-lhes que levem esta notícia aos discípulos: “Ele não está aqui… Ele irá à vossa frente na Galileia”. As mulheres se assustam, mas confiam. “Não temais”: essa é a voz que encoraja a abrir o coração para abrir para receber este anúncio.

Depois da morte do Mestre, os discípulos tinham-se dispersados; tudo parecia ter acabado: desabadas asa certezas, apagadas as esperanças. Mas agora, aquele anúncio das mulheres, embora incrível, chegava como um raio de luz na escuridão. A notícia espalha-se: Jesus ressuscitou, como predissera. E de igual modo a ordem de partir para a Galileia; duas vezes a ouviram as mulheres, primeiro do anjo, depois do próprio Jesus: “Partam para a Galileia. Lá Me verão”. “Não temais” e “ide para a Galileia”.

A Galileia é o lugar da primeira chamada, onde tudo começara! Trata-se de voltar lá, voltar ao lugar da primeira chamada. Jesus passara pela margem do lago, enquanto os pescadores estavam consertar as redes. Chamara-os “e eles, deixando tudo, seguiram-No” (Cf. Mt 4, 18-22).

“Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado” (1Cor 5,7): ressoa hoje esta exclamação de Paulo que ouvimos na segunda leitura, tirada , da primeira Carta aos Coríntios. É um teto que remonta apenas há uns vinte anos depois da morte e Ressurreição de Jesus e no entanto – como é típico de certas expressões paulinas – já encerra, numa síntese admirável, a plena consciência da novidade cristã. Aqui, o símbolo central da história da salvação – o cordeiro pascal – é identificado em Jesus, chamado precisamente “o nosso cordeiro pascal”.

A Páscoa hebraica, memorial da libertação da escravidão do Egito, previa anualmente o rito da imolação do cordeiro, um cordeiro por família, segundo a prescrição de Moisés. Na sua paixão e morte, Jesus revela-e como o Cordeiro de Deus “imolado” na cruz para tirar os pecados do mundo. Foi morto precisamente na hora em que era costume imolar os cordeiros no Templo de Jerusalém. O sentido deste seu sacrifício tinha-o antecipado Ele mesmo durante a Última Ceia, substituindo-Se – sob os sinais do pão e do vinho – aos alimentos rituais da refeição na Páscoa hebraica. Podemos assim afirmar com verdade que Jesus levou a cumprimento a tradição da antiga Páscoa e transformou-a na sua Páscoa.

A partir deste novo significado da festa pascal, compreende-se também a interpretação dos “ázimos” dada por Paulo. O Apóstolo refere-se a um antigo costume hebraico, segundo o qual, por ocasião da Páscoa, era preciso eliminar de casa todo e qualquer resto de pão fermentado. Por um lado, isto constituía uma recordação do que tinha acontecido aos seus antepassados no momento da fuga do Egito: saindo à pressa do país, tinham levado consigo apenas fogaças não fermentadas. Mas, por outro, “os ázimos” eram símbolo de purificação: eliminar o que era velho para dar espaço ao novo.

Agora, explica Paulo, também esta antiga tradição adquire um sentido novo, precisamente a partir do no “êxodo” que é a passagem de Jesus da morte à vida eterna. E dado que Cristo, como verdadeiro Cordeiro, sacrificou-Se por nós, também nós, seus discípulos – graças a Ele e por meio d’Ele -, podemos e devemos ser “nova massa”, “pães ázimos”, livres de qualquer resíduo do velho fermento do pecado: nada de malicia ou perversidade no nosso coração (Cf. Papa Bento XVI, homilia no dia da Páscoa, 2009)

Diocese de Limeira

Eucaristia, alimento e remédio

São Paulo mostrou seu desapontamento ao verificar que, apesar da Celebração Eucarística, havia ainda, na comunidade de Corinto, “muitos fracos e enfermos e um bom número de mortos” (1Cor 11,30). As primeiras gerações cristãs acreditavam na cura pela Eucaristia.

Por exemplo, São Cirilo de Alexandria (370-444) disse: “Se apenas o contato com a sua santa carne restituía a vida à matéria já deteriorada, quão grande proveito não haveríamos de tirar da Eucaristia vivificante, quando a recebemos, visto que não é possível que a Vida não faça viver aqueles aos quais ela se infunde”.

São João Crisóstomo (344-407), o grande Patriarca de Constantinopla, convidava os fiéis a “aproximar-se da Eucaristia com fé”, “cada qual com as suas doenças”; e São Efrém (306-372), doutor da Igreja, exclamava: “Glória ao remédio da vida!”. Na verdade, dizia: “Cristo corta uma parte do seu próprio corpo; aplica-a à ferida e cura, como a sua carne e o seu sangue, as chagas”.

O Papa Leão XIII disse que na Eucaristia “estão concentradas, com singular riqueza e variedade de milagres, todas as realidades sobrenaturais” (Carta encicl. Mirae Caritatis).

O Concílio de Trento (1565-1583) afirmou: “A Eucaristia é o remédio pelo qual somos livres das falhas cotidianas e preservados dos pecados mortais.” É o próprio Jesus combatendo em nós contra a “concupiscência da carne e a soberba da vida”.

Sabemos que a penitência apaga em nós o pecado, mas a tendência ao pecado continua em nós; a Eucaristia contrabalança essa inclinação ao mal e impede que o demônio se apodere de nossa alma.

Pela Eucaristia, unimo-nos com o Santo dos santos e somos n’Ele transformados. Assim como o ferro vai assumindo sua cor no fogo, pela comunhão vamos assumindo a “imagem e semelhança” do Senhor. Santo Agostinho explicava que o alimento eucarístico é diferente dos outros; o alimento comum se transforma em nosso corpo; mas, na Eucaristia, nós somos transformados pelo Corpo de Cristo.

A Eucaristia é o alimento espiritual de nossa caminhada para Deus, assim como foi o maná, que alimentou o povo de Deus por quarenta anos, a caminho da Terra Prometida. (Ex 8,2-16). Esse maná era apenas uma figura do verdadeiro “pão vivo descido do céu”, que quem comer “viverá eternamente” (Jo 6,51).

No discurso sobre a Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, Jesus deixou claro: “Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós” (v. 53).

Papa João Paulo II disse: “Não se trata de alimento em sentido metafórico, mas “a minha carne é, em verdade, uma comida, e o meu sangue é, em verdade, uma bebida” (Jo 6, 55)”.

Por meio da comunhão do Seu Corpo e Sangue, Cristo comunica-nos também o Seu Santo Espírito. Escreve S. Efrém: “Chamou o pão seu corpo vivo, encheu-o de Si próprio e do seu Espírito. […] E aquele que o come com fé, come Fogo e Espírito. […] Tomai e comei-o todos; e, com ele, comei o Espírito Santo. De fato, é verdadeiramente o meu corpo, e quem o come viverá eternamente”. (Homilia IV para a Semana Santa)

Uma das Orações Eucarísticas leva o celebrante a rezar: “Fazei que, alimentando-nos do Corpo e Sangue do Vosso Filho, cheios do Seu Espírito Santo, sejamos em Cristo um só corpo e um só espírito. (Or. Euc. III). Assim, pelo dom do Seu Corpo e Sangue, Cristo aumenta em nós o dom do Seu Santo Espírito, já infundido em nós no batismo e recebido como “selo” no sacramento da confirmação.

Assim como o corpo não pode ter vida sem comida nem bebida, da mesma forma a alma não tem a vida eterna sem a Eucaristia, sem o Corpo ressuscitado de Jesus.

No discurso de Cristo há uma promessa maravilhosa: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em Mim e eu nele” (56).

Jesus, na Última Ceia, insistiu com os discípulos: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tão pouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, essa dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,1-5).

No fim, Jesus completa dizendo:“Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos” .

Para que pudéssemos, então, “permanecer n’Ele”, Jesus nos deixou a Eucaristia, o maior de todos os milagres do Seu amor por nós. O Seu próprio Ser nos é dado. É o próprio Jesus ressuscitado que vem a cada um de nós.

Seu Corpo se funde ao nosso, Sua Alma se une à nossa, Seu Sangue se mistura com o nosso e Sua Divindade se junta à nossa humanidade. Não pode haver união mais íntima e mais intensa na face da terra. É o amado (Jesus) que vai em busca da sua amada (nossa alma) para unir-se a ela. O amor exige a união. E nessa união Ele nos santifica.

São Cirilo de Jerusalém disse que, após a comunhão, somos “Cristóforos”, portadores de Cristo.

“Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11,28). A maneira mais fácil de acolher esse convite amoroso do Senhor é na Eucaristia.

Antes de realizar o milagre da multiplicação dos pães, figura da Eucaristia, Jesus disse aos apóstolos, olhando a multidão: “Não os quero despedir em jejum para que não desfaleçam no caminho” (Mt 15,32). Aquela multidão faminta O seguia há três dias pelo deserto. Agora, Ele “multiplica” o Seu próprio Corpo para que não desfaleçamos na caminhada dura desta vida até a Casa do Pai. Temos mais necessidade do Pão do céu do que do pão da terra.

Para estar ao nosso lado e ser nosso remédio e alimento, o Senhor deu-se todo a nós, sem reservas; é por isso que nós também temos de nos dar a Ele, também sem reservas, no estado de vida em que estivermos, vivendo segundo Sua vontade. O amor exige reciprocidade, senão fica inerte.

Na Eucaristia, Ele é nosso, como dizia Santa Terezinha: “Agora, Jesus, o Senhor é meu!”. No discurso eucarístico, Ele deixou claro como os Seus discípulos “permaneceriam n’Ele” para poder dar muitos frutos. E  fez questão de enfatizar a importância dessa união conosco na Eucaristia:

“Assim como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo pelo Pai, também aquele que come a minha carne viverá por mim” (Jo 6,57).

É essencial entender esse “viverá por mim”. Isso quer dizer que, com a Sua presença em nós, Jesus “agirá” em nós, Ele será a nossa força e a nossa paz; Ele será tudo em nós!  A nossa miséria será trocada pela Sua força.  É aquilo que São Paulo experimentou: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). São Paulo disse: “Jesus Cristo, vossa vida” (Cl 3, 4).

Pela Eucaristia Jesus toma posse de nós, torna-nos propriedade d’Ele; devemos, então, entregar-Lhe totalmente a nossa vida, sejamos casados ou celibatários, leigos ou clérigos. Assim acontecerá em nós uma nova Encarnação do Verbo que continuará a dar glória ao Pai como quando vivia entre nós.

A menor ação de Jesus era divina, porque era ação do Verbo que governava Suas duas naturezas, a humana e a divina. A natureza humana de Cristo era submissa ao Verbo. Assim também deve ser com quem comunga: a vontade humana deve ser serva da vontade do Senhor, guiado pelo Espírito Santo.

Vivendo em nós pela Eucaristia, Jesus nos enche com os Seus desejos e pensamentos, com Suas palavras etc. Ele torna-se em nós uma personalidade divina. Nosso Senhor faz Suas as nossas obras e os nossos atos, de modo que eles se tornam divinos, imprimindo-lhes um mérito de valor também divino. Assim, nossas obras humanas sem valor tornam-se revestidas dos méritos de Cristo. E quanto maior for a nossa união com Ele, tanto mais valor terão nossas obras e tanto maior será a glória que reverterá para nós.

Jesus disse: “Eu sou o Pão da Vida” (Jo 6, 35); isto é, Ele, na Eucaristia, é “sustento e remédio” para nossa vida.

Quem comunga vive “por Jesus” e com Sua força. Por isso, a piedade sem a comunhão é fraca. Com a Eucaristia, Jesus carrega o nosso fardo pesado; então podemos dizer com São Paulo “Tudo posso Naquele que me sustenta” (Fil 4,13). Quer dizer, é Ele a nossa força e Ele age em nós dando-nos a graça de fazermos coisas boas e santas; é Ele quem “realiza em nós o querer e o fazer” (Fil 2, 13). São Paulo disse aos filipenses: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo” (Fil 2,5); para isso é preciso alimentar-se de Jesus; assim teremos os Seus sentimentos e desejos.

Recebemos a Vida no batismo e a recuperamos pela penitência (confissão) após os pecados. Não bastam a oração e a piedade para enfrentarmos as lutas que o inferno nos prepara, é preciso mais, é preciso a Eucaristia.

Quantos são os que se lembram de que Ele está vivo, ressuscitado verdadeiramente em nossos sacrários? Ali, “prisioneiro dos nossos sacrários”, Ele nos espera com as mãos cheias de graças. O Papa Bento XVI, em sua primeira encíclica, disse que “Deus nos amou primeiro” e que amar a Deus e aos irmãos já não é apenas um mandamento, mas uma necessária retribuição de amor de nossa parte.

Prof. Felipe Aquino

Doutor em engenharia mecânica, pregador e escritor

O Senhor nos ensina a vencer no sofrimento

Porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus. E, tomando o cálice, e havendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós; porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim.

Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós. Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isto.” (Lucas 22,14-24)

Você pode enganar os outros, mas não pode enganar a si mesmo. Muitas vezes, a tentação pode fazer com que você não acredite no Senhor, mas creia que Ele é seu amigo. Seja você santo ou pecador, Jesus quer lhe dar o abraço de misericórdia e lhe dizer: “Não importa a traição que tenha acontecido, eu estou de bem com você!”.

Não importa o tamanho do seu pecado, o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo está lavando você e livrando-o de todo o mal. Se você veio recorrer a Jesus de coração sincero, Ele mesmo lavará o seu coração.

Quando Judas traiu o Mestre, o fez com um beijo. Jesus olhou para Judas e lhe disse: “Amigo, com um beijo vais trair o Filho de Deus”. Não desista do projeto do Senhor para sua vida, da missão que Ele lhe deu. Acredite no seu casamento, invista no seu matrimônio independente das dificuldades.

Jesus será sua força para você acreditar nas pessoas que não merecem seu crédito. Jesus acreditou até o último momento naquele que o traiu. Não foi pequena a traição de Judas; ao contrário, foi tão grave, que ele sentiu remorso e se matou.

Confie no Senhor para valer. Não tenha medo d’Ele. Na hora da dificuldade, com toda força e disposição, entregue-se nas mãos de Deus. A vida é feita de altos e baixos; se você estiver no fundo do poço, com Jesus vai encontrar impulso para se levantar.

Desde o início, Judas estava corrompido e tirou proveito de todas as situações. E você, tem seguido Jesus ou dado os passos de Judas? O discípulo não aguentou a dor da traição, não suportou o sofrimento e pulou fora.

Celebremos a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e esperemos a Ressurreição d’Ele. Quem vai para a cruz com Jesus, com Ele ressuscita. A vida é uma escola; não entre nela para ser aprovado e, sim, para aprender.

Deus pega o que está acontecendo com você e realiza uma grande bênção. Quem sofre tendo o Senhor ao seu lado tem a Sua força. Ele está ao seu lado e vai levantá-lo.

Quando passo por um perrengue na vida, quando a minha dor é muito grande, procuro por pessoas que passaram pelo mesmo sofrimento e elas me consolam.

Não se prostre diante do sofrimento. A cruz está no alto e você precisa estar de cabeça erguida para enfrentar o calvário. Não tenha medo, pois, na hora que sua força acabar, Deus lhe dará ainda mais disposição. Mas quem não se inspira em Deus não sabe se consolar.

O Senhor não o consola com tapinha nas costas, Ele não tira a sua dor, mas lhe dá nova força, uma graça maior que o sofrimento. Em Jesus você é um vencedor. Ele libertou você e o salvou.

Para falar de Deus, você, primeiro, tem de falar com Ele. Pergunte a Jesus: “O que queres me dizer? Como devo reagir diante desta situação?”. Converse com o Senhor, ouça o que Ele tem a lhe dizer.

Márcio Mendes

Missionário da Comunidade Canção Nova

Reze a Coroa de Nossa Senhora das Dores

A oração da Coroa de Nossa Senhora das Dores teve início na Itália, em 1617, por iniciativa da Ordem dos Servos de Maria, assim como a Missa de Nossa Senhora das Dores, que hoje é celebrada em toda a Igreja no dia 15 de setembro. Essa oração é um dos frutos do carisma mariano da Ordem, cultivado desde 1233, ano de sua fundação. Ela surgiu inicialmente como alimento da piedade mariana dos leigos reunidos em grupos chamados Ordem Terceira.

A Coroa das Dores sempre teve a aprovação dos Papas.

Introdução

D- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
R- Amém!
D- Nós vos louvamos, Senhor, e vos bendizemos!
R- Porque associastes a Virgem Maria à obra da salvação.
D- Nós contemplamos vossas Dores, ó mãe de Deus!
R- E vos seguimos no caminho da fé!

Primeira Dor – Profecia de Simeão
Simeão os abençoou e disse a Maria: “Eis que este menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te transpassará a alma” (Lc 2,34-35).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Segunda Dor – Fuga para o Egito
O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta, toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise. Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se, José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito” (Mt 2,13-14).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Terceira Dor – Maria procura Jesus em Jerusalém
“Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem. Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia e o procuraram entre parentes e conhecidos. E, não o achando, voltaram a Jerusalém à procura dele” (Lc 2,43b-45).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Quarta Dor – Jesus encontra a Sua Mãe no caminho do Calvário
“Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e o lamentavam” (Lc 23,26-27).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Quinta Dor – Maria ao pé da Cruz de Jesus
“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis aí o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua Mãe!” (Jo 19,15-27a).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Sexta Dor – Maria recebe Jesus descido da cruz
“Chegada a tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a véspera de sábado, veio José de Arimateia, entrou decidido na casa de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a José, que retirou o corpo da cruz” (Mc 15,42).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Sétima Dor – Maria deposita Jesus no Sepulcro
“Os discípulos tiraram o corpo de Jesus e envolveram em faixas de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus. Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que puseram Jesus” (Jo 19,40-42a).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Oração
Ó Deus, por Vosso admirável desígnio, dispusestes prolongar a Paixão do Vosso Filho, também nas infinitas cruzes da humanidade. Nós Vos pedimos: assim com quisestes que ao pé da cruz do Vosso Filho estivesse Sua Mãe, da mesma forma, à imitação da Virgem Maria, possamos estar sempre ao lado dos nossos irmãos que sofrem, levando amor e consolo.

Por Cristo, nosso Senhor. Amém.

A espiritualidade da Quinta-feira Santa

Aqui começa o Tríduo Pascal, a preparação para a grande celebração da Páscoa, a vitória de Jesus Cristo sobre a morte, o pecado, o sofrimento e o inferno

Este é o dia em que a Igreja celebra a instituição dos grandes sacramentos da ordem e da Eucaristia. Jesus é o grande e eterno Sacerdote, mas quis precisar de ministros sagrados, retirados do meio do povo, para levar ao mundo a salvação que Ele conquistou com a Sua Morte e Ressurreição.

Jesus desejou ardentemente celebrar aquela hora: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa antes de sofrer.” (Lc 22,15).

Na celebração da Páscoa, após instituir o sacramento da Eucaristia, ele disse aos discípulos: “Fazei isto em memória de Mim”. Com essas palavras, Ele instituiu o sacerdócio cristão: “Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” (cf. Lc 22,17-19)

Na noite em que foi traído, mais Ele nos amou, pois bebeu o cálice da Paixão até a última e amarga gota. São João disse que “antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.” (Jo 13,1)

Depois que Jesus passou por toda a terrível Paixão e Morte de Cruz, ninguém mais tem o direito de duvidar do amor de Deus por cada pessoa.

Aos mesmos discípulos ele vai dizer, depois, no Domingo da Ressurreição: “Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23). Estava, assim, instituída também a sagrada confissão, o sacramento da penitência; o perdão dos pecados dos homens que Ele tinha acabado de conquistar com o Seu Sangue.

Na noite da Ceia Pascal, o Senhor lavou os pés dos discípulos, fez esse gesto marcante, que era realizado pelos servos, para mostrar que, no Seu Reino, “o último será o primeiro”, e que o cristão deve ter como meta servir e não ser servido. Quem não vive para servir não serve para viver; quem não vive para servir não é feliz, porque a autêntica felicidade o tempo não apaga, as crises não destroem e o vento não leva; ela nasce do serviço ao outro, desinteressadamente.

Nessa mesma noite, Jesus fez várias promessas importantíssimas à Igreja que instituiu sobre Pedro e os apóstolos. Prometeu-lhes o Espírito Santo, e a garantia de que ela seria guiada por Ele a “toda a verdade”. Sem isso, a Igreja não poderia guardar intacto o “depósito da fé”, que São Paulo chamou de “sã doutrina”. Sem a assistência permanente do Espírito Santo, desde Pentecostes, ela não poderia ter chegado até hoje e não poderia cumprir sua missão de levar a salvação a todos os homens de todas as nações.
”E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.” (Jo 14, 16-17).

Que promessa maravilhosa! O Espírito da Verdade permanecerá convosco e em vós. Como pode alguém ter a coragem de dizer que, um dia, a Igreja errou o caminho? Seria preciso que o Espírito da Verdade a tivesse abandonado.

”Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.” (Jo 14, 25-26)

Na Última Ceia, o Senhor deixou à Igreja essa grande promessa: O Espírito Santo “ensinar-vos-á todas as coisas”. É por isso que São Paulo disse a Timóteo que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm 3, 15). Quem desafiar a verdade de doutrina e de fé, ensinada pela Igreja, vai escorregar pelas trevas do erro.

E, na mesma Santa Ceia, o Senhor lhes diz: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16, 12-13)

Jesus sabia que aqueles homens simples não tinham condições de compreender toda a teologia cristã; mas lhes assegura que o Paráclito lhes ensinaria tudo, ao longo do tempo, até os nossos dias de hoje. E o Sagrado Magistério dirigido pelo Papa continua assistido pelo Espírito de Jesus.

São essas promessas, feitas à Igreja na Santa Ceia, que dão a ela a estabilidade e a infalibilidade em matéria de fé e costumes. Portanto, não só o Senhor instituiu os sacramentos da Eucaristia e da ordem, na Santa Ceia, mas colocou as bases para a firmeza permanente da Sua Igreja. Assim, Ele concluiu a obra que o Pai Lhe confiou, antes de consumar Sua missão na cruz.


Felipe Aquino

Programação da Semana Santa – 2015


Quinta-Feira – 02/04/2015

06h30min: Oficio das Leituras.
08h00: Missa dos Santos Óleos na Catedral.
16h00: Missa da Ceia do Senhor (Lava-Pés).
17h30min às 22h30min: Adoração ao Santíssimo.

Sexta-Feira – 03/04/2015

07h00: Via-Sacra.
15h00: Celebração da Paixão do Senhor.
19h00: Ensaio para o Sábado Santo.

Sábado – 04/04/2015

09h00: As Dores de Maria.
19h00: Vigília Pascal – Sábado Santo.

Domingo da Ressurreição – 05/04/2015


Missas: 7h, 9h, 12h, 17h e 19h.