Sejamos mensageiros da Palavra do Senhor

Celebramos, hoje, os apóstolos São Simão e São Judas Tadeu, santos que faziam parte da companhia dos doze, eram os apóstolos escolhidos entre tantos discípulos que Jesus tinha atrás de si.

Qual é o papel dos apóstolos? O apostolado é, acima de tudo, o seguimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. E segui-Lo significa aprender com Ele o Seu modo de vida. O que aprendemos e ouvimos levamos aos outros quando somos enviados em missão. Por isso, os apóstolos são aqueles que escutam Jesus; e uma vez que O escutam, são também curados de suas doenças e enfermidades.

É nosso papel escutar a Palavra de Deus, pois, ao escutá-la, será para nós uma fonte de cura, libertação e restauração.

Que beleza escutarmos a Palavra de Deus, que vem da boca dos apóstolos, daqueles que são realmente os enviados do Senhor! Cada bispo, em sua igreja, tem a missão de ser esse apóstolo, o sucessor dos apóstolos, mas isso não tira de nenhum de nós a nossa missão e responsabilidade no apostolado cristão.

O apostolado cristão acontece quando anunciamos a Palavra de Deus e as pessoas vêm ao nosso encontro para serem tocadas na alma, no coração. E uma vez que a alma e o coração são tocados por essa mesma Palavra do Senhor, a alma se liberta até mesmo de doenças físicas.

Muitas vezes, estamos aprisionados naquilo que estamos sofrendo, mas basta apenas uma Palavra do Senhor para ficarmos livres e libertos. Escutemos os apóstolos, escutemos a Palavra do Senhor, mas sejamos também mensageiros dessa mesma Palavra, porque ela afugenta os demônios, liberta os cativos e cura os doentes.

A missão dos apóstolos é levar a Palavra de Deus a todos os cantos da terra! A nossa missão, o nosso apostolado é anunciar a Palavra onde estivermos; ela trará mais alegria, mais ânimo, libertação e restauração para os corações que a escutarem!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

Como lidar com os traumas do passado no presente

Cada ser humano é único, com incontáveis possibilidades de vivenciar as mais diversas situações. Desde nossas primeiras memórias da infância, vamos acumulando as experiências mais marcantes ao longo da vida; geralmente, as que provocaram maior emoção.

Uma festa de aniversário, aquele passeio esperado, uma viagem, os tombos de bicicleta, as brincadeiras com os primos, um presente especial. São lembranças doces que remetem a um tempo em que o olhar infantil estava mais desperto para os detalhes e encantos do novo, do belo.

Entretanto, nem só de boas lembranças nossa memória está recheada. Muito falamos sobre eventos traumáticos vivenciados em diversas fases do desenvolvimento infantil, mas há também os ocorridos durante a crítica passagem pela adolescência e os que enfrentamos na fase adulta.

Como se fosse hoje
Esse outro lado da moeda tende a ser mais difícil de se elaborar. Causa dor lembrar-se do sofrimento de uma violência física ou emocional, um abuso sexual, a perda de alguém querido, bem como os sentimentos de desamparo, solidão e desespero. Alguns, inclusive, afirmam lembrar-se com tanta nitidez os detalhes do trauma, que poderiam relatar tudo “como se fosse hoje”. Quando dizem essa frase, estão falando a verdade.

Certas pessoas carregam o fardo de dores que acabam pesando mais conforme o passar do tempo. A lembrança passa a ser como um bicho de estimação, algo a ser rememorado para não cair no esquecimento ou para alimentar algum sentimento de vitimização. Outros, pelo contrário, tentam esquecer, a todo custo, os eventos traumáticos que aparecem como flashes indesejados em alguns momentos. Às vezes, colocam uma manta por cima do passado e tentam viver como se essa dor não existisse. É possível até que alguns busquem refúgio em drogas e bebidas, com o desejo de encontrar um conforto momentâneo.

Sujeiras da alma
Primeiramente, é importante entrar em contato com a situação incômoda de forma aberta e transparente. Falar sobre o assunto pode ajudar na elaboração do que aconteceu, principalmente se o evento foi na infância ou adolescência. O adulto que você é hoje pode amparar e consolar a criança que você foi e que não tinha recursos internos para lidar com a situação naquela época. Acolha a dor, reconheça o sofrimento e, se vier uma emoção, abra-se ao pranto que poderá lavar as sujeiras da alma.

Esse pode ser um processo doloroso e longo. Entretanto, estamos falando da qualidade de sua vida, da liberdade que você merece experimentar ao tirar esse peso das costas, que deixa seus passos lentos.

Terrenos escuros e frios
Conforme você for caminhando nesses terrenos escuros e frios, poderá lançar uma luz de compreensão, um sopro quente de perdão que, aos poucos, vão trazer novos significados para a sua história. Se algum passo for muito difícil, tenha paciência consigo, mas não pare! Peça a Deus a graça necessária para enfrentar essas dores, conte com a ajuda de outras pessoas ou profissionais que possam auxiliá-lo nesse processo.

No final, pode acontecer de você descobrir que o perdão – ao outro e a si – é possível e o deixa livre para viver sem o rancor e o ódio. Talvez você encontre uma força interior que não imaginava possuir, e um olhar sereno pode aparecer no seu rosto, junto com um sorriso mais aberto. Valerá a pena conhecer uma nova forma de visitar seu passado e lidar com as dores que pareciam eternas.

Milena Carbonari

Nosso sofrimento nos une a Cristo

São Paulo nos imerge na fé e na esperança do Reino definitivo sem nos tirar os pés do chão e da realidade do mundo em que vivemos. Não podemos negar que muitos são os sofrimentos do tempo presente, da vida momentânea que levamos; ao contrário, são diversos e, às vezes, em um grau de intensidade enorme.

Quantas dores, quantas situações de lamúria nós passamos! Há pessoas que parecem sofrer a vida inteira por situações que lhes causam dor e as deixam sem ânimo, sem perspectiva e esperança. A dor é demais; dói no físico, no corpo, na alma e no espírito.

Olhando de forma proporcional, a Palavra de Deus está nos dizendo que não há como compararmos os sofrimentos do tempo presente com a glória divina, com aquilo que o Senhor nos prepara. De fato, o prêmio, o presente eterno que Ele preparou para os justos é algo incalculável. Os olhos humanos não são capazes de ver nem a mentalidade humana de compreender a excelência que o amor do Pai preparou para os Seus eleitos amados, escolhidos e perseverantes no Seu Reino.

O sofrimento bem vivido produz santidade. Nenhum sentimento é perdido quando vivido na intensidade do Reino de Deus. Em reparação aos nossos pecados e os da humanidade, em oferecimento por todos os que sofrem como nós ou mais do que nós, não podemos desperdiçar os sofrimentos nem os transformar em um inferno para nossa alma e nosso coração.

O sofrimento nos coloca mais perto de Deus e do céu; ele nos une a Cristo crucificado, que deu Sua vida para a remissão dos pecados de muitos!

Todo sofrimento vivido em Deus é redentor, é salvífico e purifica a alma. Ninguém precisa procurar sofrimento, pois eles já existem, vêm nesta ou naquela circunstância. Uma hora sofremos menos outra mais, mas há pessoas, não podemos negar, que parecem passar a vida toda sofrendo com perdas, com situações complicadas e difíceis.

O mais belo é ver a pessoa passar pelo sofrimento e sorrir, porque se sente mais perto de Deus. É lamentável quem sofre e só encontra no sofrimento razão para murmurar e reclamar. O sofrimento nos salva se vivido com dignidade. A murmuração, a reclamação e o azedume nos afastam até do consolo divino.

Que Deus nos dê dignidade para sabermos superar os sofrimentos de cada dia!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

30º Domingo do Tempo Comum

Jesus, acompanhado de seus discípulos e de mais pessoas, está saindo de Jericó, quase chegando a Jerusalém. Bartimeu, um mendigo cego sentado à beira do caminho, ao ouvir que era Jesus de Nazaré começou a gritar: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim. Ele não podia peregrinar a Jerusalém, porque os cegos eram impedidos de entrar no templo. Assim, enquanto muitos o repreendiam para que se calasse, ele clamava ainda mais pela compaixão de Jesus. A atitude de Jesus, que “para” e escuta o clamor do oprimido, faz o grupo parar e chamar o cego. Bartimeu adere plenamente ao chamado: Deixou o manto, deu um pulo e foi até Jesus. O manto representava sua segurança; provavelmente era estendido para receber esmolas. Segundo Ex 22,25-26, o manto era o que o pobre tinha para cobrir seu corpo. A pergunta de Jesus “o que queres que eu te faça?” conduz o cego à resposta que consiste na profissão de fé em Jesus, invocado agora como meu Mestre “Rabbuni”. Esse tratamento solene é dirigido ao Ressuscitado por Maria de Magdala (Jo 20,16). Que eu possa ver novamente é a súplica confiante de Bartimeu. O caminho de fé trilhado com Jesus proporciona a cura: Tua fé te salvou (a mesma expressão dita à mulher que toca o manto de Jesus, cf. 5,34). O cego Bartimeu voltou a enxergar e seguia Jesus no caminho, diferente do cego de Betsaida (8,22-26). Ele representa os discípulos que superam a ideia de um Messias poderoso, “Filho de Davi”, iluminados pelo encontro com o Mestre Jesus no caminho do serviço, desde a Galileia até Jerusalém. A 1ª leitura anuncia a alegria da salvação com a volta dos exilados. O salmo celebra a esperança do povo ao voltar do exílio. Na 2ª leitura, Jesus pode ser chamado de Filho de Deus e sacerdote segundo Melquisedec.

A palavra na vida O cego Bartimeu é modelo do discípulo autêntico que, iluminado pela palavra, converte-se e deixa tudo para segui-lo no caminho da escuta dos que sofrem. Eloquente profissão de fé no Mestre, semelhante à de Maria Madalena na manhã da ressurreição: Rabbuni! É o testemunho vindo da margem da vida, como tantas vezes presenciamos em nossas comunidades, que deve nos inspirar e nos livrar da armadilha de qualquer tipo de ambição.

A palavra na celebração Na eucaristia, o Cristo vem até nós respondendo à nossa fé, dando-nos coragem de gritar “Filho de Davi, tem compaixão de mim”(10,47). E nós o fazemos com toda a confiança do coração: “Senhor, tende piedade de nós”. “Cordeiro de Deus”. 

Revista de Liturgia

Como devo reagir à oração não respondida?

Orar é dialogar com Deus. Na intimidade da oração, o coração rasga o véu do medo e abandona-se nas mãos do Pai. Diante das demandas da vida, muitas são as coisas a serem apresentadas. Muitos outros tantos são as necessidades que afligem a alma e roubam a paz. Contudo, nem sempre nossos pedidos são atendidos. Diante dessa realidade, uma pergunta ecoa no coração: Como o cristão deve reagir à oração não respondida?

Os pais sabem muito bem que nem todos os pedidos de seus filhos podem ser atendidos. Muitos são os motivos que estão por trás de um desejo não realizado. Talvez, a criança precise crescer um pouco mais para que tal necessidade seja atendida; ou ainda, tal pedido possa ser perigoso e colocar em risco a vida dela. Muitos pais sabem que alguns pedidos que seus filhos lhes fazem é apenas capricho disfarçado de necessidade extrema.

Alguns pedidos dirigidos a Deus visam apenas preencher nosso ego
Deus é Pai e sabe que nem todos os nossos pedidos poderiam ser atendidos no tempo e na ocasião que desejamos. Por amor, Ele intervêm diante de nossas necessidades e concede-nos apenas aquilo de que precisamos. Alguns pedidos dirigidos a Deus visam apenas preencher nosso ego, mas maquiamos a realidade de tal maneira que parece uma necessidade urgente.

Vivemos tempos no qual nos desacostumamos a viver com o essencial, e essa realidade, muitas vezes, é refletida em nossa vida de oração. Muitos não suportam mais viver com o essencial e precisam do periférico. Se não adquirirmos a sabedoria divina, vamos, a cada nova oração, disfarçar o periférico de essencial.

O que hoje não compreendemos amanhã pode ser tão claro como a luz do dia
Deus não se deixa enganar e concede-nos apenas aquilo de que temos necessidade. Ele conhece o conteúdo de uma intenção na sua verdadeira essência. Mesmo que algum pedido seja justo e necessário, os projetos do Senhor para cada um de nós vai se revelando nos acontecimentos da vida. O que hoje não compreendemos, amanhã pode ser tão claro como a luz do dia.

Deus responde todas as nossas orações, mesmo que Sua resposta seja ‘não’
Mesmo que algum pedido não tenha sido atendido, não desanimemos. O Senhor responde todas as nossas orações, mesmo que a resposta seja ‘não’. Talvez o fato de não termos recebido a graça hoje seja pelo fato de que Deus esteja preparando o melhor para o futuro. Renovemos nossa confiança no Senhor e busquemos o essencial. Tenhamos a coragem de olhar para as nossas necessidades espirituais e humanas e ver se não estamos nos comportando como crianças mimadas, que de tudo tem necessidade, mas lhe falta maturidade suficiente para discernir a realidade das intenções.

Fortaleçamos nossa alma na luz do Espírito Santo de Deus rezando:
“Divino Espírito, que com sua luz de amor concedei a sabedoria necessária aos corações vacilantes, concedei-me a graça da sabedoria diante das necessidades, e que minha oração, elevada ao Pai, seja sempre guiada por aquilo que realmente necessito. Afastai-me do desejo desenfreado de satisfazer meus caprichos pessoais e ajudai-me a buscar na força da oração o essencial na vida. Amém!”

Padre Flávio Sobreiro

O que significa o 666?

O que significa 666? Para não ser enganado, é preciso saber o que os números representavam para os antigos judeus. Por exemplo: os 144 mil eleitos (Apocalipse, cap. 14) é o povo cristão, que não aderiu ao culto imperial, permanecendo fiel a Cristo. 144.000 = 12 x 12 x 1000. O número 12 era símbolo da perfeição e é citado 187 vezes na Bíblia. O número 1000 representava a glória de Deus.

O simbolismo do 666 é claramente interpretado pela Igreja
A mentalidade judia afirmava que o número 7 significava a perfeição e o contato com Deus, e o que estava abaixo era imperfeito, de modo que o número 6 era sinal de imperfeição, de erro. Temos, por exemplo, os 7 Sacramentos, os 7 dons do Espírito Santo, as 7 dores de Virgem Maria e de São José, etc; é um número símbolo de perfeição. O número 6 repetido quer dizer “perfeição da maldade”, e o autor do Apocalipse identifica a besta com o 666, fala desta como de vários personagens ou de alguém que perseguia os cristãos dessa época.

Perseguição ao Cristianismo
É bom lembrar que o Apocalipse foi escrito no fim do séc. I (95 d.C), em grego, e tinha como destinatário as comunidades cristãs da Ásia Menor (Ap 1,4; 2,1-3,22), que falavam o grego. Nessa época, essa região estava sob o domínio do Império Romano e o Cristianismo era duramente perseguido pelo terrível imperador Domiciano (81-96 d.C). Esse imperador se considerava um deus e exigia que todos os seus súditos o adorassem, o que os cristãos jamais aceitaram.

São João, assim escreve o Apocalipse, divinamente inspirado, proclama que, no final, o Cristianismo sairá vencedor. Querendo dizer quem era a besta, sem poder falar claramente para não ser acusado de crime de “lesa majestade” (estava desterrado na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus – cf. Ap. 1,9). De maneira que o apóstolo fez uso da gematria, que consistia em atribuir um número formado pela soma das letras de certo alfabeto para expressar uma verdade conhecida pelos leitores.

Os povos antigos não usavam o sistema arábico (o nosso) para expressar os números, mas sim as próprias letras do alfabeto. Os romanos usavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregos atribuíam números às letras de seus respectivos alfabetos, mas de forma muito mais ampla que os romanos, já que toda letra (grega ou hebraica) possuía um certo valor. Alfabeto Grego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama = 3; Delta = 4; Epsilon = 5; Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo tempo deixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10; Kapa = 20; Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron = 70; Pi = 80; Ro = 100; Sigma = 200; Tau = 300; Upsilon = 400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e Omega = 800. Alfabeto Hebraico: Alef = 1; Bet = 2; Guimel = 3; Dalet = 4; He = 5; Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10; Kaf = 20; Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70; Pe = 80; Tsadi = 90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau = 400.

Origem do 666
São João era de origem hebraica e escreveu o Apocalipse em grego. Se fizermos a gematria da expressão grega “NVRN RSQ” (César Nero), usando o alfabeto hebraico, totalizaremos 666, pois: N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666.

As comunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciam os caracteres hebraicos. São João misturou aí dois idiomas, ou seja, o grego e hebraico por esse fato. Se, acaso, o livro caísse nas mãos das autoridades romanas, que não conheciam o hebraico, não colocaria em risco seus leitores. Nero (†67) foi o primeiro grande perseguidor dos cristãos e, na época em que foi escrito o Apocalipse (anos 90), Domiciano voltava a perseguir os cristãos com mais força e crueldade. Era “um novo Nero”. Essa e outras evidências levaram aos estudiosos a interpretar que a Besta do Apocalipse era o próprio Imperador Romano, perseguidor dos cristãos.

O Ap 17,10-11 reafirma essa interpretação. Esse versículo diz: “São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. A Besta, que existia e não existe mais, é ela própria o oitavo e também um dos sete, mas caminha para a perdição”. Os reis de que trata a citação são os imperadores romanos. Considerando, cronologicamente, os imperadores a partir da vinda de Cristo, até a época da redação do livro do Apocalipse: cinco já caíram – Augusto (31aC-14dC), Tibério (14-37dC), Calígula (37-41dC), Cláudio (41-54dC) e Nero (54-68dC); 1 existe:– Vespasiano (69-79dC); e 1 durará pouco: – Tito (79-81dC: só 2 anos!); a besta é o oitavo Domiciano (81-96dC).

As duas bestas do Apocalipse, quem são?
A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprio imperador de Roma, Domiciano (como foi explicado); o mar é o Mediterrâneo, onde se localizava Roma, a capital do Império. Sua autoridade vem de satanás (v. 2) e as palavras blasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoração ao imperador imposto por Domiciano a todos os povos do Império. A segunda besta, que sai da terra (v.11), classificada como “falso profeta” (Ap 16, 13; 19,20; 20,10), é a ideologia do culto imperial favorecido pelas religiões pagãs. A prostituta (caps. 16-17) significa a Roma pagã e idólatra (v. 9). Os reis das terras que se prostituíram com ela (v. 2) são os povos que adotaram o culto de adoração ao imperador.

De maneira figurada, o 666 pode ser símbolo também de toda força, cultura, pessoa, que combata contra Deus e a sua santa Igreja. São João dizia, no séc. I, que o antiCristo já estava no mundo.

Felipe Aquino

Adão e Eva existiram de verdade?

Os primeiros homens de que fala o Gênesis podem muito bem ter sido rudimentares, como mostram os indícios dos fósseis da pré-história. As ideias religiosas de Adão poderão ter sido puras, mas sob a forma de intuições concretas como dos povos primitivos e das crianças; não se tratava de altos conhecimentos teológicos.

Adão (= Adam, homem) e Eva (=Mãe dos viventes) representam o ser humano criado por Deus. São tão reais quanto é real o gênero humano. Deus se apresentou ao homem nas suas origens, ao homem real e não a um ser fictício. Eles existiram de fato; foram os primeiros seres humanos que receberam de Deus uma alma imortal.

Adão e Eva não são nomes próprios
Por outro lado, Adão e Eva não são nomes próprios como João, Pedro e Maria o são. Então, não necessariamente representam apenas o primeiro casal de humanos, mas os primeiros humanos. São nomes de origem hebraica que significam apenas “homem” e “mulher”. Por isso, a Igreja deixa para o estudo dos cientistas mostrar como os seres humanos surgiram trazidos por Deus; se de apenas um casal (monogenismo) ou de vários casais de um mesmo tronco (poligenismo). O que a Igreja não aceita é que a humanidade tenha surgido, ao mesmo tempo, de vários troncos, em lugares diferentes.

Então o que a Bíblia quer nos ensinar?
O Gênesis, em seus três primeiros capítulos, usa de linguagem figurada para revelar verdades religiosas, não científicas ou históricas. Em resumo, a Bíblia quer nos ensinar apenas o seguinte:

1) Deus criou o ser humano, homem e mulher, podendo ter utilizado a evolução da matéria preexistente até chegar ao grau de complexidade do corpo humano;

2) O Senhor concedeu aos primeiros pais graças espirituais especiais: “justiça original” (harmonia consigo, com a mulher, com a natureza e com Deus), e “estado de santidade” (comunhão profunda com Deus, participação da vida divina), dons preternaturais (não sofrer, morrer, ciência infusa, etc).

3) O Criador indicou aos primeiros pais um modelo de vida figurado pela proibição de comer a fruta da árvore da ciência do bem e do mal. Isso significava que o homem não deveria ser “o árbitro do bem e do mal”, e já que foi elevado à especial comunhão com Deus, deveria comportar-se não simplesmente de acordo com seu bom senso ou suas intuições racionais, mas segundo as normas correspondentes de sua dignidade de filho de Deus;

4) O homem, por soberba e desobediência, disse ‘não’ a esse modelo de vida e ao convite do Criador, perdendo assim o “estado de santidade” e de “justiça original”. Dessa forma, o sofrimento e a morte entraram no mundo por causa do pecado original; isso levou São Paulo a dizer que “o salário do pecado é a morte” (Rom 6, 23).

Não é preciso exagerar a perfeição do estado primitivo da humanidade por causa dos dons preternaturais, e da ” justiça original”. Foi um estado belo, mas do ponto de vista religioso e moral apenas, não sob o aspecto da civilização ou da cultura.

Felipe Aquino

A luz de Cristo chega ao coração que se abre para a verdade

O cego Bartimeu é para nós o protótipo de todos aqueles que vivem à margem da vida, buscando luz para o coração, luz para sua vida, a possibilidade de enxergar o que humanamente não se consegue ver. A nossa compreensão de cegueira não pode ser limitada apenas a uma cegueira física, ainda que esta tenha muito a nos dizer.

O cego não consegue enxergar a luz do dia, o que está a sua frente. Ainda que tenha tato e sensibilidade, a possibilidade de ver não lhe é permitida, a luz não penetra seus olhos, tudo enxerga na penumbra. É preciso buscar uma luz para compreender as realidades que estão ao seu lado. Quando esse cego foi curado, passou a enxergar plenamente, não só a si mesmo, mas tudo o que estava ao seu lado.

Às vezes, olho-me com os dois olhos, enxergo a frente e atrás, mas, muitas vezes, não consigo enxergar o que está dentro de mim, não consigo enxergar as realidades mais sensíveis que estão ao meu lado. E vejo muitas pessoas com deficiência visual, tendo sensibilidade e possibilidade de enxergar muito mais longe do que eu.

A luz do alto, a luz de Cristo, vem a todos os corações que se abrem à verdade. Esse cego do Evangelho desejou muito ver a verdade: ‘Mestre, que eu veja!’ E a fé dele o curou.

A nossa fé precisa nos levar a um passo adiante, para enxergarmos o que não conseguimos, para que a luz de Cristo inebrie mais a nossa mente, o nosso coração e não fiquemos fechados, obcecados com o que já conhecemos, com o que sabemos, pois tudo diante da grandiosidade da luz de Cristo ainda é muito pequeno.

Peçamos: Senhor, que eu veja o que ainda não consigo enxergar; que, sobretudo, eu consiga enxergar as realidades mais profundas do meu próprio coração e da minha própria existência. Senhor, dai-me olhos para ver as necessidades daqueles que estão meu lado, dai-me olhos para enxergar muito além do meu egoísmo, além da minha visão limitada de mundo, de racionamento. Senhor, abrais os meus olhos como abriu os olhos do cego Bartimeu, eu também desejo enxergar com os Teus olhos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo

Sacerdote da Comunidade Canção Nova

22 de outubro – Dia de São João Paulo II

A Igreja Católica celebra hoje, 22 de outubro, a memória litúrgica de João Paulo II, data que marca o dia de início do pontificado de Karol Wojtyla, em 1978.

Karol Józef WoJtyła, eleito Papa a 16 de Outubro de 1978, nasceu em Wadowice (Polónia), a 18 de Maio de 1920. Foi o segundo de dois filhos de Karol Wojtyła e de Emília Kaczorowska, que faleceu em 1929. O seu irmão mais velho, Edmund, médico, morre em 1932, e o seu pai, oficial do Exército, em 1941.

Aos nove anos recebeu a Primeira Comunhão e aos dezoito o sacramento da Confirmação. Terminados os estudos na Escola Superior de Wadowice, inscreveu-se em 1938 na Universidade Jagellónica de Cracóvia.

Depois de as forças ocupantes nazis encerrarem a Universidade em 1939, o jovem Karol trabalhou (1940-1944) numa mina e, posteriormente, na fábrica química Solvay, para poder sustentar-se e evitar a deportação para a Alemanha.

A partir de 1942, sentindo-se chamado ao sacerdócio, frequentou o Curso de Formação do Seminário Maior clandestino de Cracóvia, dirigido pelo Arcebispo local, o Cardeal Adam Stefan Sapieha. Simultaneamente, foi um dos promotores do «Teatro Rapsódico», também este clandestino.

Depois da guerra, continuou os estudos no Seminário Maior de Cracóvia, novamente aberto, e na Faculdade de Teologia da Universidade Jagellónica, até à sua ordenação sacerdotal em Cracóvia a 1 de Novembro de 1946. Depois foi enviado pelo Cardeal Sapieha a Roma, onde obteve o doutoramento em Teologia (1948), com uma tese sobre o conceito da fé nas obras de São João da Cruz. Naquele período - durante as suas férias - exerceu o ministério pastoral entre os emigrantes polacos na França, Bélgica e Holanda.

Em 1948, regressou à Polónia e foi coadjutor, primeiro na paróquia de Niegowić, próxima de Cracóvia, e depois na de São Floriano, na própria cidade. Foi capelão universitário até 1951, quando retomou os seus estudos filosóficos e teológicos. Em 1953 apresentou na Universidade Católica de Lublin uma tese sobre a possibilidade de fundar uma ética cristã a partir do sistema ético de Max Scheler. Mais tarde, tornou-se professor de Teologia Moral e Ética no Seminário Maior de Cracóvia e na Faculdade de Teologia de Lublin.

Em 4 de Julho de 1958, o Papa Pio XII nomeou-o Bispo Auxiliar de Cracóvia e Titular de Ombi. Recebeu a ordenação episcopal em 28 de Setembro de 1958 na Catedral de Wawel (Cracóvia), das mãos do Arcebispo Eugeniusz Baziak.

A 13 de Janeiro de 1964 foi nomeado Arcebispo de Cracóvia pelo Papa Paulo VI, que o criou Cardeal a 26 de Junho de 1967.

Foi eleito Papa em 16 de Outubro de 1978 e, em 22 de Outubro, deu início ao seu ministério de Pastor Universal da Igreja.

Morreu em Roma, no Palácio Apostólico do Vaticano, às 21.37h de sábado 2 de Abril de 2005, vigília do Domingo in Albis e da Divina Misericórdia, por ele instituído. Os funerais solenes na Praça de São Pedro e a sepultura nas Grutas Vaticanas foram celebrados a 8 de Abril.

As informações citadas constam na breve biografia oficial oferecida no Livreto da Celebração da Beatificação de João Paulo II.

Seis anos após seu falecimento, no dia 1° de maio de 2011, sua beatificação foi proclamada pelo Papa Bento XVI.


No dia 27 de abril de 2014, Domingo da Divina Misericórdia, segundo domingo de Páscoa, João Paulo II juntamente com o Papa João XXIII teve sua canonização proclamada pelo Papa Francisco, tendo o papa emérito, Bento XVI, como concelebrante.

Oração do Ano Jubilar da Arquidiocese de Fortaleza

Olá amigos em Cristo, este ano será comemorado o ano Jubilar da Arquidiocese de Fortaleza, envio a todos a oração e o hino Jubilar.



ORAÇÃO DO ANO JUBILAR DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA

Ó Deus Pai, Filho e Espírito Santo,
nós Vos damos graças e Vos bendizemos
por tantas maravilhas que concedestes
à vossa Igreja nesta Arquidiocese de Fortaleza,
nos cem anos de sua ação evangelizadora.
Levados pela Caridade de Cristo,
somos convocados a testemunhar
com Fé, Esperança e Caridade,
na Justiça e na Paz,
o Batismo que nos lavou,
o Sangue que nos deu nova vida,
o Espírito que nos ungiu.
Anunciando a Boa Nova em Novos Tempos,
continuaremos a sair em missão.
Sensíveis aos clamores e necessidades de nossos irmãos,
guiados e iluminados pelo vosso Espírito,
na misericórdia que nos vem de Vós,
queremos responder às urgências
da ação evangelizadora da Igreja no Brasil,
na formação do povo de Deus,
construção do vosso Reino.
Senhora da Assunção, nossa mãe;
São José, nosso padroeiro,
rogai por nós!

Amém!

HINO JUBILAR DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA

Venham, vamos celebrar,
É Júbilo, é festa, é gratidão.
Povo de Deus em Fortaleza:
Somos Igreja, vida em Missão.
Vimos louvar nosso Deus,
Jesus Cristo, o Deus Salvador,
Neste chão bendito e sagrado,
Porque eterno é Seu amor!
Celebrando nosso Centenário,
Iluminados pelo Deus Amor.
Na caridade de Cristo levados,
Bendigamos e louvemos o Senhor!
Boa Nova em Novos Tempos.
Carismas em missão com novo ardor,
Seja a Igreja expressão da Caridade.
Povo de Deus, louvemos o Senhor!
Louvemos o Senhor, pois ele é bom,
Jesus Cristo, Deus nosso irmão.
Com Fé, Esperança e Caridade,
Abençoa São José, nossa Missão!


Pe. Francisco Ivan de Souza
Pároco do Santuário de Fátima

A Mãe três vezes admirável de Schoenstatt

Hoje, 18 de outubro, comemora-se a aliança de amor a Mãe três vezes admirável de Schoenstatt. Fundador da Canção Nova, monsenhor Jonas Abib conta como conheceu essa devoção e o que o levou a construir uma ermida na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista (SP).

Monsenhor Jonas ressalta que, por meio do convite de um provincial ele fez a consagração a Nossa Senhora de Schoenstatt. Essa devoção foi sendo cultivada e foi impossível deixá-la, por ser ela aquela que comanda, ama e está sempre conosco:

“Chegou um rapaz e esteve conosco no no estúdio de gravação. Ele nos deu a capelinha de Nossa Senhora três vezes admirável. Fiquei encantado com aquela capelinha e as feições de Nossa Senhora com o Menino Jesus no colo. Com isso, fomos cada vez mais nos aproximando dela; até o ponto que, a convite do provincial naquela época, eu fiz a consagração. Daí para frente, foi impossível deixar a devoção a Nossa Senhora três vezes admirável de Schoenstatt. Ela é aquela que nos comanda, que nos ama e está sempre conosco”, afirma Fundador.

Por que a construção da ermida de Nossa Senhora de Schoenstatt na Canção Nova:
“Nós sempre tivemos o desejo de ter uma capela de Nossa Senhora três vezes admirável, só que nas conversas para decidirmos tê-la, víamos que era impossível. Só pode haver uma capela na congregação dos padres e das irmãs. Uma sugestão nos foi dada: algo ao ar livre.

Pedimos algum exemplo, porque não imaginávamos como se construiria uma ermida, e entre as capelas que nos foram apresentadas, nós gostamos de uma. Pela graça de Deus, caprichamos e saiu e melhor que o modelo que nos foi apresentado.  Hoje, temos a beleza que é a ermida de Nossa Senhora três vezes admirável de Schoenstatt na Canção Nova”.

A Comunidade Canção Nova tem como título ‘Canção Nova, a Casa de Maria’. Não é à toa que monsenhor Jonas Abib ressalta que tudo passa pelas mãos de Maria: Enfim, na Canção Nova ela entrou e, com muita devoção, aquela que é três vezes admirável como Filha de Deus Pai, a mãe de Deus Filho e a Esposa do Divino Espírito Santo”, afirma monsenhor.

Quem começou este movimento e o que ele propõe?

Tudo começou, em 1914, com o padre José Kentenich, que deu o primeiro passo para o movimento católico apostólico de Schoenstatt, na cidade de Vallendar, na Alemanha. Estavam reunidos em uma capela com um grupo de seminaristas e fizeram com Maria uma aliança de amor. Desde então, onde há o Santuário dedicado a Virgem de Schoenstatt passam milhões de pessoas de mais de 100 países presentes nos cinco continentes que vivem essa espiritualidade que o movimento propõe. Esse compromisso leva as pessoas a fazer esse ato de amor e entrega a Nossa Senhora, toda a vida delas, como as alegrias, os sacríficos e as dores. É um acordo motivado pelo amor, por isso o compromisso se chama Aliança de Amor. Qualquer pessoa pode fazê-lo.

Cardeal Giovanni Lajolo proclamou a mensagem do Santo Padre para todos schoenstattianos que renovaram a sua aliança de amor nos 100 anos dessa comemoração: “Todos os que selam essa aliança, declaram-se dispostos a empenhar-se com todas as suas forças pela causa de Deus e, à luz da fé, configurar juntos o futuro. E fazem-no na certeza de que Maria ajudará para que sejam capazes de viver uma vida cristã no dia a dia”.

Sua organização abrange todos os estados de vida e todas as idades. Estados de vida como sacerdotes, famílias, mulheres e homens, com graus diferentes de pertença ao Movimento, desde os Institutos Seculares, com o contrato jurídico e a vivência dos Conselhos Evangélicos, até os peregrinos que temporariamente visitam o Santuário. Há a participação também dos jovens com dois grupos: Juventude Feminina e Juventude Masculina de Schoenstatt.


Mons. Jonas Abib

Mais um casal de Santos no Céu!

Uma preocupação do Papa são João Paulo II era a canonização de casais santos que muitas vezes não são notados. Nos acostumamos com santos apenas padres ou freiras; mas há muitos santos casados. O Papa falava em mostrar aos casais que o casamento é uma via fértil de santidade dos esposos. Então, ele queria beatificar e canonizar casais que fossem para os esposos exemplos de vida santa e intercessores no céu. A luta dos casais católicos para se manterem fiéis um ao outro por toda a vida, educando os filhos na fé do Cristo e da Igreja, torna-se uma “escola de santidade”, como foi com o casal Luis Martín e Maria Zélia,pais de Santa Teresinha.

São Paulo disse que a mulher santa, santifica seu esposo, e comparou o matrimônio com a união de Cristo e a Igreja. “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou  por ela” (Ef 5,25). É esse amor de um pelo outro, que vai até à entrega da própria vida, que santifica o casal.

Neste domingo (18/10/2015) o Papa Francisco canonizou os pais de Santa Teresinha.
É a primeira vez que um Papa canoniza ao mesmo tempo um marido e sua esposa. Outros casais já foram canonizados, mas em datas diferentes.

Disse o Papa Francisco na homilia de canonização deles que : “Os Santos esposos Luís Martin e Maria Zélia Guérin viveram o serviço cristão na família, construindo dia após dia um ambiente cheio de fé e amor; e, neste clima, germinaram as vocações das filhas, nomeadamente a de Santa Teresinha do Menino Jesus.

O testemunho luminoso destes novos Santos impele-nos a perseverar no caminho dum serviço alegre aos irmãos, confiando na ajuda de Deus e na proteção materna de Maria. Que eles, do Céu, velem sobre nós e nos apoiem com a sua poderosa intercessão”.

Outros casais já foram canonizados, como: Santos Aurélio e Natália; Feliz e Liliosa; Santa Margarida e Malcolm Camore, reis da Escócia; São Luiz IX, rei da França e sua esposa Margarida de Proença; São Tomás More e Santa Jane Colt; Santa Francisca Romana e Lourenço de Ponziani e outros beatos e veneráveis.

O nosso Catecismo, quando fala da canonização dos santos diz:

“Ao canonizar certos fiéis, isto é, ao proclamar solene que esses fiéis praticaram heroicamente as virtudes e viveram na fidelidade à graça de Deus, a Igreja reconhece o poder do Espírito de santidade que está  em si e sustenta a esperança dos fiéis, propondo-os como modelos e intercessores. “Os santos e as santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja.” Com efeito, “a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã  missionário”.(n.828)

Luís e Zélia Martin casaram-se em 1858. Ambos haviam aspirado entrar para a vida religiosa. De caráter contemplativo, mais silencioso, Luís, nascido em Bordéus, França, aos 22 de agosto de 1823 sonhara em ser monge cartuxo. Não foi aceito porque não sabia latim. Voltou a Alençon, onde residia com os pais, e aí montou uma relojoaria. Zélia tentou ser religiosa visitandina, mas a Superiora logo intuiu que a jovem não era chamada à vida religiosa. Ambos foram levados a desistir da vocação religiosa. Após o casamento, permaneceram convivendo como se fossem monges. Um confessor convenceu-os a ter filhos e, assim preparar almas para o céu.

Alençon é, na França, a capital da confecção de rendas; Zélia cursara a Escola de rendeiras e, aos 22 anos, estabelecera-se por conta própria. Ao casar, havia cinco anos que fabricava rendas. O seu negócio prosperava. O negócio de Luís era algo mais do que estagnante. Não demora em desistir da relojoaria e pôr-se a serviço da esposa. Como tantas mulheres modernas, em toda sua vida Zélia acumulara as tarefas de mulher, de mãe e de trabalhadora.(http://therese-de-lisieux.cef.fr/fr/voyagerelique001.htm)

Eles tiveram nove filhos, sete meninas e dois meninos. Zélia intercedia por eles: “Senhor, dá-me muitos filhos, e que eles sejam todos consagrados a ti”. Oração atendida integralmente, pois cinco filhas serão religiosas!

Não havia nada de extraordinário na vida deste casal cristão. Sua vida é simples, decididamente voltada para Deus, que está no centro: missa diária, devoção ao Sagrado Coração de Jesus, participação em alguns movimentos de igreja… Seu amor é profundo. “Estou ansiosa para estar perto de ti, meu querido Luís” – escreve Zélia durante uma viagem. “Eu te amo de todo meu coração e ainda agora sinto redobrar minha afeição pela experiência da privação de tua presença.” Eles se completam harmoniosamente, tomam juntos as decisões importantes referentes ao casamento e ao trabalho. São generosos com os pobres e os infelizes.

Os dois têm um grande desejo de ser santos. Para isso, vivem com fidelidade suas obrigações de estado, exercendo seu trabalho e dando o melhor de si para a educação de seus filhos.

Eles experimentam a provação de perderem dois filhos e duas filhas ainda criancinhas. Uma de suas filhas, Leônia, manifesta um caráter difícil e lhes dá preocupações. Mas isso não altera, em seus pais, a confiança em Deus, que redobram as orações por ela: “Quanto mais percebo sua dificuldade, mais eu me convenço de que o Bom Deus não permitirá que ela permaneça nesse estado. Vou rezar tanto que Ele se abrandará”. Esta oração será atendida pois Leônia será também religiosa visitandina e é considerada, entre as Martin, como a que melhor entendeu e viveu a pequena Via de sua irmã Teresa.

Desde 1864, Zélia começou a sentir os primeiros sintomas do câncer de mama que a levará para Deus em 1877. Ela assume com coragem sua doença e se dedica a seus filhos e a seu trabalho até o fim. Ela fala em viver simplesmente o instante presente, que é onde Deus se revela, dando-nos uma lição de confiança: “Eu me resigno a todos os acontecimentos adversos que me vêm ou que me podem vir. Eu penso: foi Deus quem quis assim! E não penso mais nisso!”. Zélia morre com 46 anos em 28 de agosto de 1877. Teresa tem 4 anos e meio.

Depois de sua morte, Luís se muda para Lisieux, para casa Buissonnets. Ele vendeu todos os seus negócios e dedicou-se inteiramente à educação de suas cinco filhas. Primeiro Paulina, primogênita, depois Maria, entraram no Carmelo. Teresa anuncia-lhe o desejo de ir também. Apesar da dor da separação, Luís apoia totalmente a escolha de sua filha.

Luís Martin tem consciência de todas as graças que recebeu do Senhor. Ele conta a suas filhas que faz esta oração: “Senhor, é demais! Sim, sou muito feliz. Mas não é possível ir ao céu desta maneira. É preciso que eu sofra um pouco por Vós…”. E ele se oferece. Pouco tempo depois ele experimenta a terrível humilhação da doença mental, consequência de uma arteriosclerose. Ele é internado no Bom Salvador em Caen, um hospital onde se tratam os loucos. Mais tarde Teresa compreenderá que Deus permitia esta dolorosa provação para sua glória e de seu pai. Assim, ela pôde escrever: “Os três anos do martírio de meu pai pareceram-me os mais amáveis, os mais frutuosos de toda nossa vida. Eu não os trocaria por todos os êxtases e as revelações dos santos.” (MS A 73rº). Em 29 de julho de 1894, Luís Martin morreu tranquilamente.

Célia disse em uma carta:

“Ao ter filhos, nossas ideias mudaram muito; não vivíamos senão para eles, estando ai a nossa felicidade, e em nenhuma outra parte , fora deles, encontramo-la. Enfim, nada mais nos custava;  o mundo já não nos preocupava. Tal era a minha grande compensação; eu também desejei ter muitos filhos para educa-los para o céu”.

Um dia ela escreveu: “Meu marido é um santo”. Santa Teresinha nasceu quando Célia tinha 41 anos, já doente e fragilizada. Ela disse: “Quando medito… que depositei toda a minha confiança em Deus e que coloquei em suas mãos os cuidados das minhas coisas e as do meu marido, não posso duvidar de que sua divina Providência vela com especial cuidado de meus filhos”.

Os dois iam a Missa todos os dias e rezavam com a família as orações diárias aos pés de uma imagem da Virgem Maria.

Se quiser conhecer melhor a história desse casal santo e de outros casais que também já alcançaram a santidade, indico a leitura deste livro :

Que neste dia especial, inspirados pelo exemplo de Luís Martín e Maria Zélia, peçamos a Deus que nasçam muitos outros casais santos, dispostos a lutar pela vida, por Deus e pela Igreja!

Contemos sempre com estes nossos intercessores no Céu.

São Luís Martin e Santa Maria Zélia Guérin, rogai por nós!


Prof.Felipe Aquino

Depressão infantil: conheça as principais causas

A depressão infantil é um transtorno atual
Tenho notado meu filho mais triste, sozinho, com mau humor, aborrecendo-se frequentemente, hipersensível, chorando facilmente, sentindo-se inútil e com ideias de perseguição. Em alguns momentos, ele sente desejo de sair de casa e pensa até em suicídio. O que é isso?

Pode ser que seu filho esteja desenvolvendo um quadro de depressão ou tal transtorno já esteja instalado, pois os sintomas descritos acima são de depressão. Porém, há outros sintomas que exigem atenção: comportamento agressivo, alteração no sono, mudanças no rendimento escolar, socialização diminuída, mudança de atitude na escola, queixas somáticas, perda da energia habitual e mudanças no apetite são sintomas secundários de depressão infantil.

Os sinais mais sutis se encontram nas reações físicas, principalmente em crianças menores, como queixa de dor no estômago, dor de cabeça ou outras dores físicas infundadas, gerando ausências em sala de aula por alguns minutos e até mesmo faltas devido às queixas.

A depressão está inserida na classificação diagnóstica como um transtorno do humor que abrange fatores não só emocionais, mas também comportamentais, cognitivos, sociais, fisiológicos e até mesmo religiosos. Nem sempre a depressão vem isolada, ela também pode estar associada a outros quadros de desajustes emocionais, variando sua manifestação de pessoa para pessoa.

Pensamentos pessimistas
Nas crianças, é comum que a depressão as leve a desenvolver pensamentos pessimistas, acreditando que “tudo o que puder dar errado dará” por culpa dela. Outro comportamento comum das crianças é a distração. Elas parecem estar vagando em seus pensamentos internos, o que altera diretamente a atenção e a concentração, interferindo em seu rendimento escolar. Em um conceito amplo, podemos dizer que a depressão é uma distorção cognitiva de como a criança passa a ver o mundo, como se ela colocasse um óculos de lentes preta e passasse a ver o mundo dessa forma, sem cor, sem vida e sem sentido.

Transtorno atual
A depressão infantil é um transtorno atual, por isso não há estudos aprofundados, mas sim uma iniciação científica, visto que se trata de algo novo que vem crescendo dia após dia.

Creio que muitos podem se perguntar no momento: O que levaria uma criança a desenvolver o quadro depressivo? Acredito que a evolução tecnológica, a fragilidade dos vínculos interpessoais e até mesmo a dificuldade dos pais de lidar com os filhos e com o mundo têm sido os fatores que mais contribuem para esse transtorno. O mundo tem se tornado agressivo para as crianças, e muitas podem nem mesmo querer crescer, o que gera outro desajuste emocional, ao qual chamamos de síndrome de Peter Pan. As crianças têm medo de enfrentar o mundo, pois este tem se tornado cada vez mais difícil.

Os adultos são a janela do mundo
As exigências, o mercado de trabalho, as realizações, a relação com o poder e a necessidade de tê-lo, geram adultos ansiosos, estressados, frágeis e depressivos, e é assim que as crianças acabam visualizando a vida, pois os adultos são a janela do mundo para as crianças. É o adulto quem apresenta a elas as relações e o mundo. Mas como fazer essa apresentação se o próprio adulto se “esconde” dentro de sua casa? Antes de questionar as crianças e conduzi-las a tratamentos, não seria mais interessante verificar as relações familiares e sociais em que elas estão inseridas? Será que esses adultos, responsáveis, provedores e educadores estão verdadeiramente saudáveis ou ainda não são capazes de reconhecer seus medos e limites?

Se sou exigente, perfeccionista, impetuoso, agressivo, competitivo, dinâmico e ativo no mercado de trabalho, como tenho lidado com meu filho em casa? Exijo dele da mesma forma? Provavelmente sim! E assim torno-me criador de uma criatura que pode não dar conta de sofrer frustrações, de compreender as limitações dos outros, que não aprende a perdoar nem a suportar o mundo, desejando não viver nele e se fechando numa realidade em preto e branco.

Aline Rodrigues

Psicóloga há 10 anos e missionária da Comunidade Canção Nova.