Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor e, confiantes, a Vós nos consagramos.

Sagrada Família de Nazaré, tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas.

Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado, seja rapidamente consolado e curado.

Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do carácter sagrado e inviolável da família e da sua beleza no projeto de Deus.

Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém.

Papa Francisco

Permaneçamos nos caminhos do Senhor

O segredo da fé cristã é permanecermos em Jesus, permanecermos ligados, firmes e unidos a Ele, sem jamais desviarmos d’Ele nosso olhar. Podemos nos seduzir por muitas coisas que esse mundo nos apresenta; podemos nos deixar guiar por nossas aflições, dificuldades, problemas e situações da vida. Muitas vezes, olhamos mais para os nossos problemas do que para o Senhor de nossa fé. A partir daí, perdemo-nos, desviamo-nos, andamos na rota, na direção errada da vida.

Se queremos produzir frutos e desejamos que nossa fé seja frutuosa, precisamos permanecer na videira, unidos a Cristo!

Não se afaste do caminho da fé, dos caminhos do Senhor. Não se afaste, sobretudo, por causa das decepções e dificuldades que todos nós enfrentamos ao longo dessa caminhada.

É a desculpa mais “esfarrapada” quando as pessoas dizem que se afastaram da igreja, porque estavam decepcionadas com as pessoas (os sacerdotes, os líderes da comunidade…), porque ninguém as compreendeu, amou-as. É verdade que a comunidade é o lugar do acolhimento, porém o que nos faz permanecer neste ou naquele lugar não são as pessoas limitadas como nós, mas sim o Cristo que nos convidou, levou-nos e amou, de quem nos tornamos servidores.

Às vezes, precisamos refletir com mais seriedade: Eu estou mesmo unido a Cristo? É a Ele a quem sirvo e procuro? Quais são de fato as minhas motivações para servir a comunidade, o Evangelho, de me dizer cristão e proclamar a Palavra de Deus?

É claro que podem ter arranjos, faz bem ter uma comunidade que nos ajuda, mas ninguém vai perseverar até o fim no seguimento do Senhor se a motivação não for Cristo Jesus, acima de todas as coisas. Se a nossa união não for com Ele, se não nos tornarmos Seus discípulos, tenhamos a certeza de que mais cedo ou mais tarde nos perderemos pelo caminho, porque o ramo só é frutuoso se alimentado pela seiva, só irá realmente produzir frutos e tornar-se vigoroso na medida em que se alimentar daquele a quem permanece unido.

Irmãos e irmãs, alimentemo-nos de Cristo e de Suas Palavras, de Seus ensinamentos, pensamentos e de Sua vida. Está é a única maneira de produzirmos frutos! Senão, vamos ficar cuidando apenas de coisas triviais; vamos ficar na igreja, na casa do Senhor, cuidando de problemas, disso e daquilo. É importante, mas, sem nos perdermos do essencial.

Que nossa união com Cristo conduza todos os nossos passos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

5º Domingo da Páscoa

A leitura dos Atos realça o exemplo de Paulo e Barnabé, que após a evangelização visitam as novas comunidades cristãs para confirmar os discípulos na fé. Eles estabelecem lideranças para animar as comunidades, que enfrentavam tribulações por causa da Boa Nova do Reino de Deus.

O salmo é um hino de louvor ao Senhor, bom e compassivo com todas as suas criaturas.

A leitura do Apocalipse descreve o novo céu e a nova terra, o mundo renovado que surge da ressurreição de Jesus, de sua vitória sobre a morte, a dominação e a violência. A presença de Deus no meio da humanidade faz novas todas as coisas.

O texto do evangelho de hoje se insere no capítulo 13 em que Jesus, depois de realizar o gesto profético de lavar os pés dos discípulos na Última Ceia  (13,1-20), anunciou sua entrega (13,21-30). Ao repetir o verbo “glorificar” cinco vezes (13,31-32), apresenta a morte de Jesus como sua glorificação (12,23.27-28; 17,1-5), na qual oferece a vida em plenitude e o dom do Espírito Santo. Ao ser exaltado na cruz pela luta contra tudo o que desumaniza o ser humano, revela a dimensão do amor de Deus, sem medida, pela humanidade (3,16; Rm 5,8). Em sua despedida, Jesus se dirige à pequena e frágil comunidade dos discípulos com ternura especial, deixando o mandamento do amor como herança. Trata-se do amor “ágape”, fundamentado na sua   entrega total. O mandamento do amor fraterno, já presente em Lv 19,18, é levado à perfeição em Cristo que dá a vida (15,13). O apelo a amar como o Mestre, no contexto do lava-pés, supõe uma atitude cotidiana de serviço solidário: Dou-vos um novo mandamento; que vos ameis uns aos outros, como eu vos amei. O amor até a doação da vida (1Jo 3,16-18) é o sinal distintivo dos que continuam o caminho da vida nova indicado por Jesus: Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros.

Como as comunidades cristãs primitivas, enquanto nos amarmos mutuamente com o amor com que Jesus nos amou experimentamos sua presença viva em nosso meio. O amor que recebemos como mandamento novo continuará se multiplicando em gestos de solidariedade.

Só o amor pode transformar a sociedade em que vivemos e a fonte desse amor é o próprio Jesus palavra e pão que alimenta. Que esta celebração reacenda em nós o desejo do amor fraterno e nos renove na alegria de estarmos a serviço do reino de Deus.

Revista de Liturgia

19 de Abril – Dia de Santo Expedito

Expedito, era chefe da Legião Romana numa das províncias romanas da Armênia. Ocupava esse alto posto porque, o imperador Diocleciano, tinha-se mostrado, no começo de seu reinado, favorável aos cristãos, confiando-lhes postos importantes na administração e no exército.

Santo Expedito estava à frente de uma das mais gloriosas legiões, encarregada de guardar as fronteiras orientais contra os ataques dos bárbaros asiáticos.

"Expedito" ficou sendo o nome do chefe, apelido dado por exprimir perfeitamente o traço dominante de seu caráter: a presteza e a prontidão com que agia e se portava então, no cumprimento de seu dever de estado e, também, na defesa da religião que professava. Era assim que os romanos davam freqüentemente a certas pessoas um apelido, que designava um traço de seu caráter.

Desse modo, Expedito designa, para nós, o chefe Legião Romana, martirizado com seus companheiros no dia 19 de abril de 303, sob as ordens do imperador Diocleciano. Seu nome, qualquer que seja a origem de sua significação, é suficiente para ser reconhecido no mundo cristão, pois condiz, com a generosidade e com o ardor de seu caráter, que fizeram desse militar um mártir.

Desde seu martírio, Expedito tem se revelado um santo que continua atraindo devotos em todo o mundo. Além de padroeiro das causas urgentes, Santo Expedito também é conhecido como padroeiro dos militares, dos estudantes e dos viajantes.

Conta-se que, assim que resolveu se converter, uma tentação se manifestou em forma de corvo. O animal gritava "Crás! Crás!", que significa em latim "Amanhã! Amanhã!". O que se esperava era que ele adiasse o batismo, mas Expedito teria pisoteado o corvo e gritado, de volta: "Hodie! Hodie!", ou seja "Hoje! Hoje!". E assim agiu.

Reflexão: No Brasil Santo Expedito é invocado nos negócios, doenças, forças negativas e difículdades da vida. Conhecido como "o santo das causas urgentes". As imagens de Santo Expedito apresentam-no com traje de legionário, vestido de túnica curta e de manto. Em uma mão sustenta uma palma e na outra uma cruz. Seguramente Santo Expedito é um Santo que podemos invocar com toda confiança nos "casos urgentes", sendo numerosas as graças obtidas por intercessão nessas circunstâncias. Mas não devemos esquecer que o melhor culto que podemos tributar-lhe não é somente invocá-lo nos "casos urgentes", e sim imitá-lo na prática generosa da virtude e do cumprimento fiel de todas os deveres do nosso estado.

Oração: Nós Vós pedimos, Senhor, que orienteis, com Vossa graça, todos os nossos pensamentos, palavras e ações, para que eles encontrem em Vós, seu princípio e sejam por intercessão de Santo Expedito levados com coragem, fidelidade e prontidão em tempo próprio e favorável, a bom e feliz fim. Por Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim seja.

Padre Evaldo César de Souza, CSsR

Deus concede firmeza ao nosso coração

A graça de olharmos a Igreja Primitiva é vermos como o Espírito Santo usava cada pessoa com seus dons e talentos, transformava o que cada um tinha em dons, talentos e graças para o Reino de Deus.

Veja que bênção era Barnabé! Um homem muito bom, com o coração generoso, cheio do Espírito Santo e de muita fé. Era um instrumento usado para que a graça de Deus chegasse a muitos corações. O que fazia Barnabé além de pregar, anunciar e proclamar a manifestação do Reino de Deus no meio de nós? Ele não deixava de confirmar os irmãos na fé; sobretudo, para que permanecem fiéis ao Senhor com firmeza de coração.

Como precisamos dessa firmeza de coração, porque este se torna volátil, presa fácil de seduções, e deixa arrefecer pela tristeza, pelo desânimo, cansaço e decepção. Precisamos da firmeza para seguirmos perseverantes, para não desanimarmos nem cairmos na prostração. Mas deixamos de ter essa firmeza, porque, muitas vezes, nosso coração é contaminado e fica minado por forças negativas que nos envolvem, atormentam-nos e batem à nossa porta.

Era na alegria que Barnabé exortava seus irmãos. A alegria é o grande exorcismo de que precisamos para combater a tristeza em nossa vida. Existem situações que, de fato, nos deixam tristes, arrasados, mas não podemos nos entregar às tristezas, ao desânimo e ao desespero por passarmos por situações de conflito e aflições nessa vida.

A Palavra de Deus vem ao nosso encontro para nos levantar, colocar-nos de pé, conceder firmeza ao nosso coração, tantas vezes, vacilante, que duvida, desanima, cansa-se com tanta facilidade. Esse coração precisa de uma dose de  ânimo, uma dose redobrada, efervescente, carismática e mais que redobrada desse dom de Deus, para permanecermos firmes na fé e não entregarmos os pontos, não olharmos para os fracassos, para aquilo que nos derruba.

Deus nos quer de pé e nos dá a graça do Seu Espírito para não desanimarmos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

O bom pastor e as famílias

O Papa Francisco ofereceu à Igreja a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Lætitia” (A alegria do amor), sobre o amor na família, como fruto de duas Assembleias do Sínodo dos Bispos. Diz o Papa: “Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de família permanece vivo nas jovens gerações.

Como resposta a este anseio, o anúncio cristão que diz respeito à família é deveras uma boa notícia”. Interpretações mundanas viram no documento papal uma possível decepção, enquanto todos nós, filhos da Igreja, descobrimos a projeção de um renovado sopro a favor da família. Quando muitos especulavam, quem sabe sonhando colocar na boca da Igreja soluções radicais para os problemas da família, independente dos extremismos correntes, o Santo Padre oferece um verdadeiro hino ao amor na família, a ser entoado pelo coro dos cristãos espalhados pelo mundo inteiro.

Como ler Exortação Apostólica?

Papa Francisco aconselha uma leitura calma da Exortação Apostólica, superando a tendência de uma compreensão apressada e superficial. Ele mesmo acena aos casais a beleza do capítulo a respeito do amor no matrimônio ou o texto sobre a fecundidade do amor. Os capítulos sobre as perspectivas pastorais e o reforço da Educação dos filhos certamente atrairão os agentes de Pastoral Familiar. Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade será a provocação positiva para todos os que buscam um caminho para evangelizar a boa nova da família diante das situações difíceis e desafiadoras de nosso tempo. E toda a Igreja celebrará as conclusões sobre a espiritualidade conjugal e familiar, com a qual se conclui a Exortação Apostólica.

Não há dúvidas de que o Espírito Santo conduza a Igreja, o que se confirma mais uma vez, mostrando, diante de um mundo em crise e repleto de confusões em todos os níveis, que começa agora uma nova e esperançosa etapa de valorização da família, como foi pensada por Deus.

Celebração do Matrimônio

Nas celebrações matrimoniais judaicas e cristãs, canta-se o salmo da família (Sl 127), com o qual o Papa iniciou a Exortação Apostólica e queremos ecoar com alegria: “Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa; teus filhos, como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião o Senhor te abençoe! Possas ver Jerusalém feliz todos os dias de tua vida. E vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!”

É festa para a Igreja quando pode oferecer as boas notícias. E elas estão dentro de nossas casas! Vivemos neste final de semana a Festa do Bom Pastor, na qual resplandecem as atitudes daquele que quer para todos a vida em abundância.

Cabe bem ver as parábolas, chamadas no seu conjunto de Parábola do Bom Pastor (Cf. Jo 10, 1-30) dirigidas às famílias, acolhendo justamente o Evangelho da Família, dirigido a toda a sociedade, que clama, tantas vezes sem consciência clara, por tal novidade.

Bom pastor

Com Jesus, que é a porta das ovelhas, queremos adentrar na casa e no coração de todas as famílias. “Cruzemos o limiar desta casa serena, com sua família sentada ao redor da mesa em dia de festa. No centro, encontramos o casal formado pelo pai e pela mãe com toda a sua história de amor” (Amoris lætitia 9).

Nasça em nós um respeito profundo pela intimidade do lar, com seus segredos, conselhos, liberdade, afeto!

Quem ninguém entre na família como o mercenário ou o salteador, mas seja ela reconhecida como espaço sagrado! É hora de ser radicais, impedindo que entrem em nossas casas os mercenários e ladrões, que roubam nada menos do que a nossa dignidade, para espalhar, na praça pública do mundo, a história e os valores, ainda em desenvolvimento, mas presentes em nossas famílias.

A vida em abundância entra pela porta da casa quando a família acolhe Jesus. Ele é a porta e é aquele que vai à frente das ovelhas, sejam elas o pai, a mãe ou os filhos. O alimento verdadeiro, que sustenta as pessoas da família, tem um nome, que é o próprio Jesus, que é porta, sustento, pastor, aquele que conduz à boa pastagem (Cf. Jo 10, 9). Muito antes de nossas famílias existirem, o Senhor se entregou por elas e confirmou a bênção primordial da família. A força de suas palavras o revela: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher? Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2, 24; Mt 19, 4; Cf. Amoris lætitia 9).

O bom pastor conhece as ovelhas! Aqui ele se torna referência, mais uma vez, para a família. O lar é o lugar do conhecimento profundo.

Quantos pais e mães até se assustam (bendito susto!) quando seus filhos se soltam quando estão em casa, parecendo até agressivos, como gente que trata bem só quem é de fora.

É que em casa os defeitos e as qualidades são tocados com um amor que tudo cobre, tudo suporta e tudo perdoa! Em casa damos uns para os outros a vida, e não firulas ou enfeites, feitos muitas vezes de superficialidade. Benditas sejam as discussões, as lágrimas, e também os abraços, beijos, sorrisos e afetos de quem se sente em casa! E o pastor que é Jesus nos conhece, também porque garantiu estar presente entre aqueles que se reúnem em seu nome (Cf. Mt 18, 20), não só quando rezam, mas em todas as ocasiões.

Família missionária

A família tem também sua dimensão missionária. Certamente muitos de nós temos a experiência de viver em famílias que agregam parentes e conhecidos, atraindo gente que apenas se sente bem naquela casa, reunindo amigos e conhecidos. As casas se tornam grandes, a ajuda a outras pessoas se multiplica, há um gosto especial em estar juntos! Desejamos que nossas famílias olhem para as outras, atraiam, para contribuírem de seu modo a fim de que venha a existir um só rebanho e um só pastor.

O Papa Francisco põe em nossa boca uma belíssima oração, dirigida à Sagrada Família, que oferecemos agora a todas as famílias:

Oração

“Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor. Confiantes, a vós nos consagramos, Sagrada Família de Nazaré. Tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração. Autênticas escolhas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!

Você é candidato ao céu!

Mesmo quando não somos fiéis, como diz a Palavra de Deus, o Senhor permanece fiel. Quem teria direito de se revoltar contra nós seria somente Ele, mas não o faz, porque nos assumiu como filhos. O Pai, por amor ao seu Filho, por amor ao que Jesus fez, nos assumiu como filhos. Ele se lembra, sempre, sempre desta aliança.

A Palavra de Deus é sempre maravilhosa, como esta que vamos ver agora.
”Bendito seja Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Em sua grande misericórdia, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Ele nos fez nascer de novo, para uma esperança viva, para uma herança incorruptível, que não estraga, que não se mancha nem murcha, e que é reservada para vós nos céus” (I Pe 1, 3).

Ele nos fez renovados pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível. As heranças – que nós pais queremos deixar a nossos filhos – se corrompem todas, mas aquela que o Senhor reservou para nós é incorruptível. Veja: Pedro está dizendo, em sua carta, que fomos guardados para a salvação que já está pronta. Os primeiros cristãos fizeram tudo o que fizeram, viveram tudo o que viveram porque estavam na expectativa da volta do Senhor. E nós também precisamos viver assim.

Conspirações contra a Igreja

Quando o mistério da iniquidade for tão ousado em tocar naquela que é a esposa de Cristo, e a esposa de Cristo é a Igreja, o fim estará próximo. Vemos já hoje a conspiração que estão fazendo contra a Igreja; mas, meus irmãos, isso é só o começo. Muitos católicos, sem conhecimento da doutrina, esvaziados de Jesus acreditam naquilo que não é a verdade. Quando Jesus vier, Ele vai desposar a Igreja d’Ele, que não é uma “igreja aérea”. Apesar de ter o peso dos nossos pecados, das nossas fraquezas, é essa Igreja que Jesus vai desposar.

A Igreja irá passar por tudo aquilo que o Senhor passou. É triste dizer isso, mas existem pessoas que se colocam a serviço do inimigo de Deus para jogar “lama” na face da esposa de Cristo. Eu sei que ainda vai acontecer muito mais.

Jesus virá para colher a sua esposa e para mostrar quem é ela. A esposa de Cristo não é uma Igreja conceitual, hierárquica, a Igreja somos nós que temos os pastores sobre nós. Eles receberam do Senhor o chamado para guiar o povo d’Ele, e vieram do nosso meio.

Viver o PHN

A Palavra diz: ”desposar-te-ei com amor”. Este é o amor que o Senhor tem por nós. É por essa razão que não podemos ser tolos, precisamos “cair na real” e deixar as nossas tolices. Devemos lutar para ser cada vez mais irrepreensíveis. Por isso, eu trago aqui a metodologia do “PHN” [Por Hoje Não, por hoje não vou mais pecar] que a Canção Nova tem pregado com todas as suas forças. Se nós fôssemos fortes enfrentaríamos o pecado, mas não o somos; todos nós somos fracos. É hora de tomar esta decisão: “Por hoje não vou mais pecar”!

A frase principal é essa: Não vou mais pecar! Essa é a decisão que devemos tomar. Deus está o levando para tudo isso, este é um momento de decisão. Você sabe das suas fraquezas, do seu ”tendão-de-aquiles”; saiba que o inimigo de Deus conhece o nosso ponto fraco. E justamente pelo fato de ele conhecê-lo é que precisamos dizer sempre: “Por hoje não vou mais pecar!” O antídoto contra o veneno do pecado é o arrependimento; por isso, se cair, rapidamente corra atrás da confissão.

O grande encontro com Jesus

São João já diz: ”Se reconhecemos os nossos pecados, Deus aí está fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade”. Então, meus irmãos: Tomem o soro “antipecado”! Por hoje não! É a força da decisão! Porque é o próprio Senhor quem nos quer desposar! Ele está ansiando por este momento para nos desposar. Passaremos pelo grande encontro com Ele, quando Ele vier nos ares. Quando nós sentirmos a nossa salvação acontecendo, veremos o triunfo do Senhor e diremos: Valeu a pena, meu Senhor! Feliz é você que se decidiu por Jesus! Você é candidato ao céu! Meu filho, sabendo de tudo isso, decida-se! Só vai entrar no céu aquele que lutar até o fim; por isso, decida-se agora! Depois será tarde!

Muitas pessoas acham negativo dizer: ”Por Hoje Não”; e algumas quiseram criar outros temas… Eu tenho o dever de dizer a essas pessoas que “sins” nós temos dado aos montes por aí! Hoje, estou lhe dando uma dica maravilhosa para chegar lá: ser fiel sempre; mas, para isso, hoje é preciso dizer “não” para muitas coisas. Diga “não” para ouvir um “sim” do Senhor depois. Você dirá para Ele que valeu dizer “não” todos os dias!

Você está disposto a viver o PHN?

Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib

Estejamos em sintonia com a voz do Bom Pastor

As ovelhas de Jesus conhecem a voz do Pastor, a voz de Seu Mestre. Sabe, meus irmãos, no mundo em que vivemos, existem muitas vozes clamando dentro de nós, batendo ao nosso ouvido e em nosso coração, querendo nos seduzir para lá e para cá, levar-nos pelas veredas e estradas dessa vida e, muitas vezes, para paisagens e passagens que não são do Senhor.

Somos, muitas vezes, iludidos, enganados até por nossas convicções tantas vezes não segmentadas, alimentadas, orientadas e iluminadas. Por isso, precisamos, mais do que nunca, manter a sintonia com o coração de Deus, pois assim nosso coração baterá forte por Ele e reconheceremos Sua voz que nos comanda.

Quando uma pessoa está apaixonada, o coração dela está em sintonia com a pessoa que ela ama; ela escuta a voz da pessoa amada até quando está dormindo, quando está longe ou quando está no meio de uma multidão, porque aquela voz está gravada em seus ouvidos e coração. Assim é também quando nosso amor pelo Senhor é autêntico, verdadeiro, profundo e purificado pela verdade.

Escutamos a voz do Senhor quando estamos dormindo, quando acordamos, quando estamos perdidos pelas sendas deste mundo. A voz de Deus clama e está em nós, ainda que não seja uma voz de compreensão material e humana. Essa voz é percebida e assimilada pela nossa mente, consciência e espírito, porque Deus fala a nós.

Amados irmãos, é preciso ouvir a voz do Senhor, do Bom Pastor! A criança que deixa de ouvir a voz de seus pais se perde, não sabe o que fazer; ela pode estar longe, no meio de qualquer confusão, mas quando escuta a voz de seu pai, de sua mãe, ela corre, vai atrás, deixa-se conduzir e orientar-se pela voz daquele que o chama.

Precisamos estar em sintonia com Deus. É preciso deixar que o nosso coração tenha essa docilidade para escutarmos a voz do Senhor. Ele cuida de Suas ovelhas, dá uma atenção única e especial às ovelhas que estão em Seu redil e não permite que elas se percam. Se, por algum motivo, nos perdermos por alguma circunstância da vida, a voz do Bom Pastor há de nos salvar, resgatar e conduzir pelas estradas da vida. Não percamos a sintonia com a voz do Bom Pastor!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

4º Domingo da Páscoa

A leitura dos Atos mostra que Paulo e sua equipe missionária, enraizados na Boa Nova de Jesus, formam comunidades que incluem todos os povos de modo especial os gentios.

O salmista convida a louvar o Senhor, que é bom, e a reconhecer que somos seu povo e seu rebanho.

Na leitura do Apocalipse, os perseguidos por causa da Palavra e do testemunho (6,9) são os vencedores, como o Cordeiro imolado são conduzidos às fontes da água da vida.

O evangelho apresenta o ensinamento de Jesus no contexto da festa da Dedicação do Templo, Hanukká, em hebraico (10,22). Enquanto Jesus caminhava pelo Templo (10,23) revela-se como o Enviado e o Consagrado do Pai (10,36), alusão ao novo santuário, à nova forma de encontro com Deus, inaugurada com sua morte e ressurreição (2,21-22). A prática de Jesus manifesta a compaixão de Deus pelo povo, que era como ovelhas sem pastor (Mc 6,34).Diferente dos “maus pastores” (10,12-13; cf. Jr 23,1-2; Ez 34), Jesus é o bom Pastor que estabelece uma relação de comunhão recíproca com suas ovelhas: Minhas ovelhas ouvem minha voz, eu as conheço e elas me seguem. A escuta da palavra leva ao reconhecimento de Jesus como o Messias Servo, que dá a vida por amor (cf. Is 40,11; 53,12) para que todos tenham vida eterna. O mundo, as adversidades não podem arrebatar as ovelhas da mão de Jesus, pois foram confiadas ao seu cuidado pelo Pai (cf. 18,9). A comunhão perfeita com o Pai é o fundamento do vínculo permanente que une Jesus e os seus. Assim, Jesus testemunha: Eu e o Pai somos um, afirmação considerada blasfêmia pelas autoridades religiosas ligadas ao Templo, motivo de  apedrejamento (10,30-33; cf. Lv 24,16). No fim da missão, que realiza na unidade com o Pai, Jesus reza confiante: Que todos sejam um. Como tu, Pai, estás em mim e eu em ti (17,21).

A cumplicidade entre o Pastor es ovelhas, imagem da íntima comunhão entre Jesus e a comunidade Cristã, indica como deve ser exercida a liderança em  nossas comunidades. O Papa Francisco tem insistido com palavras e com seu testemunho sobre a proximidade que deve prevalecer entre os pastores e o  povo a eles confiado, traduzido pela “sentir o cheiro da ovelha”.

Neste domingo do Bom Pastor, escutemos com especial atenção a sua voz, na Palavra proclamada na assembleia litúrgica. Sentando à mesa com ele, alegremo-nos com a sua presença, agradeçamos por sua misericórdia e compaixão para com os pobres, com os doentes e excluídos.

Revista de Liturgia

3º Domingo da Páscoa

Na leitura dos Atos, os apóstolos são perseguidos e açoitados por causa do testemunho do nome de Jesus. Obedientes a Deus, eles  continuam a ensinar e anunciar a Boa Nova de que Jesus é o Cristo (5,42).

O salmista celebra a experiência da salvação.

A leitura do Apocalipse acentua que Jesus, o Cordeiro imolado, é digno de receber poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória, louvor; o culto cósmico, louvor de todas as criaturas do céu e da terra.

O relato da manifestação de Jesus aos discípulos, às margens do mar de Tiberíades ou lago de Genesaré (Lc 5,1), está inserido nas narrativas pós-pascais. Em Lc 5,1-11 há um texto semelhante, colocado no início do ministério na Galileia. A pesca com rede era realizada à noite (Lc 5,5), mas naquela noite não pescaram nada. Ao amanhecer, a presença do Ressuscitado e a confiança em sua palavra encoraja a lançar a rede. A “pesca prodigiosa” revela que o êxito da missão decorre da conformidade com o projeto do Pai, manifestado em Cristo. O discípulo amado, como representante da  comunidade, reconhece a presença do Senhor (cf. 20,8). Os peixes representam aqueles que encontrarão o Senhor através do trabalho missionário dos discípulos (10,16). A refeição (21,9.12-13) com Jesus que oferece a vida por amor (13,1) ilumina os olhos e o coração para reconhecer o Senhor, o Ressuscitado como em Mc 16,14; Lc 24,30.42-43. Pão e peixe são os alimentos abençoados por Jesus também no sinal da multiplicação (6,1-15). Os gestos de Jesus, ao tomar e dar o alimento, lembram de modo especial sua presença na eucaristia (palavra derivada do grego eucharisteo, dar graças). Pedro, após ter negado que conhecia Jesus e fazia parte do grupo de seguidores (18,17-27), reafirma seu amor no caminho do seguimento até a entrega  da vida no martírio.

O relato tem uma dimensão Eucaristia, reunião da comunidade com o Ressuscitado, comendo e bebendo em ação de graças, fazendo memória da sua páscoa: passagem da morte para a vida, da fome para a abundância, da noite para o dia. Eis o sentido da missa que reúne a comunidade cristã a cada domingo.

Nesta eucaristia, ouvindo a palavra de Jesus, sentando à mesa com ele, comendo e bebendo em memória da sua páscoa, retomemos nossa adesão a ele, nosso compromisso com o caminho que ele trilhou e nos propõe.

Revista de Liturgia

Papa alerta sobre três perigos nas famílias

Amoris Laetitia (A alegria do amor) é o título da Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco. O documento, que tem nove capítulos, reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a Família realizados em 2014 e 2015.

Neste artigo, destacamos três alertas que nos é apresentado, na Amoris Laetitia, sobre os perigos nas famílias.

Individualismo

O individualismo exagerado desvirtua os laços familiares e acaba por considerar cada membro da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos assumidos com caráter absoluto.

As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada da posse e fruição geram, no seio das famílias, dinâmicas de impaciência e agressividade.

Independência

A liberdade de escolher permite projetar a própria vida e cultivar o melhor de si mesmo, mas, se não se tiver objetivos nobres e disciplina pessoal, degenera numa incapacidade de se dar generosamente.

Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, onde uma pessoa vai quando parecer conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias.

Amor provisório

Refiro-me à rapidez com que as pessoas passam duma relação afetiva para outra. Creem que o amor, como acontece nas redes sociais, possa-se conectar ou desconectar ao gosto do consumidor, inclusive bloquear rapidamente.

Penso também no medo que desperta a perspectiva de um compromisso permanente, na obsessão pelo tempo livre, nas relações que medem custos e benefícios e mantêm-se apenas se forem um meio para remediar a solidão, ter proteção ou receber algum serviço.

Faz impressão ver que as rupturas ocorrem, frequentemente, entre adultos já de meia-idade, que buscam uma espécie de « autonomia » e rejeitam o ideal de envelhecer juntos cuidando-se e apoiando-se.

Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque nos privam de possibilidades para o futuro.

Quais são os efeitos da Misericórdia?

A Igreja Católica prepara um percurso de grande importância: a celebração do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco. Trata-se de um momento especial, celebrado no âmbito das comunidades de fé, que deve ecoar em todo o mundo, para vencer as muitas violências – física e moral, a corrupção e também a permissividade que contracena com a rigidez de grupos, alimentando fundamentalismos religiosos, políticos e culturais. A vivência desse tempo é oportunidade para tratar feridas que atingem a sociedade como um todo, inclusive a própria Igreja. O remédio para essas enfermidades é a prática da misericórdia.

A misericórdia não é sinal de fraqueza, é qualidade da onipotência divina

A audaciosa convocação do Ano Santo da Misericórdia comprova a intuição singular do Papa Francisco no exercício de sua missão. É pelo caminho da misericórdia que a humanidade alcançará as mudanças e respostas que a contemporaneidade espera, com urgência. É remédio incidente. Pode ocorrer de se pensar, equivocadamente, que agir de modo misericordioso se trata de fraqueza e conivência. Mas, assinala o Papa Francisco, reportando-se a palavras de Santo Tomás de Aquino, que a misericórdia não é sinal de fraqueza, é qualidade da onipotência divina.

Efeitos da misericórdia

O início do Ano Santo da Misericórdia será marcado pela abertura da Porta Santa em Roma, pelo Papa, no dia 8 de dezembro. Nas dioceses do mundo inteiro, no domingo seguinte, dia 13. Essa Porta será aberta para que qualquer pessoa possa entrar e experimentar o amor de Deus que perdoa, consola e dá esperança. Isso significa que a vivência da misericórdia permite regeneração e nova compreensão da vida, um olhar compassivo sobre a humanidade, na direção de cada pessoa. Torna efetiva a possibilidade de se alcançar novos sentimentos e um jeito de viver capazes de desenhar cenários na contramão da violência, da corrupção, da luta insana pelo poder e pelo lucro.

A experiência da misericórdia alimenta a esperança. Permite a compreensão lúcida da fraternidade e da solidariedade como pilares indispensáveis da sociedade. Bases que devem substituir a lógica perversa da economia que gera ganância, raiz de um “desenvolvimento” que recai como peso sobre os ombros de todos, particularmente dos pobres e indefesos. Para encontrar um rumo novo, todos são convocados a compreender que Deus é misericordioso, fonte da misericórdia. E Jesus Cristo é o rosto dessa misericórdia do Pai porque n’Ele, Jesus, a misericórdia se tornou viva, visível e chegou ao seu ápice. Esse é o mistério da fé cristã.

Ato último e supremo pelo qual Deus vem ao encontro de todos

Ser cristão é, portanto, contemplar o mistério da misericórdia, revelado por Jesus Cristo, fonte da alegria, da serenidade e da paz. Uma interpelação incidente, pois permite reconhecer que a misericórdia é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao encontro de todos. Pertinente é a indicação do Papa Francisco, quando sublinha que “a misericórdia é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação de nosso pecado”.

Critério para reconhecer os verdadeiros filhos de Deus

Coluna mestra de sustentação da Igreja, a experiência da misericórdia é indispensável para conseguir respostas novas e transformadoras, diante dos desafios da atualidade. Sem o remédio da misericórdia, crescerão os fundamentalismos, não se controlará a intolerância, haverá sempre mais polarização de grupos políticos e religiosos, um contínuo desgaste da cultura da vida e da paz. Investir na misericórdia começa pela competência indispensável de perdoar, como Jesus indicou a Pedro, ao responder a sua pergunta a respeito de quantas vezes deve-se perdoar. O perdão é núcleo central do Evangelho e da autenticidade da fé cristã. Por isso, Jesus mostra que a misericórdia não é apenas o agir de Deus Pai, mas é o verdadeiro critério para reconhecer quem são os verdadeiros filhos de Deus.

O Ano da Misericórdia, experiência de fé na Igreja, com incidência na vida das famílias e comunidades, marcado por testemunhos, significativos gestos de reconciliação e perdão, é necessário para se alcançar nova etapa no cuidado das fraquezas e dificuldades dos irmãos. Um convite para que se busque a sabedoria da misericórdia. Em lugar de violência e disputas, que surja um tempo novo, pela força da misericórdia e da compaixão.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte

Sejamos instrumento da Misericórdia Divina para todos

Neste domingo de bênçãos e graças, celebramos a Misericórdia Divina, recebemos de Deus a misericórdia, dom do Espírito Santo que é derramado em nossos corações. É Ele quem opera isso em nós, que nos perdoa, lava-nos de nossos pecados e dá-nos a graça de perdoarmos uns aos outros pelas falhas e pecados.

O Espírito Santo é derramado como dom primeiro para os apóstolos, que exercem, em nome de Deus, na autoridade apostólica, o sacramento da penitência. Por meio desse sacramento, todos podem ser lavados e redimidos dos pecados de forma objetiva.

A Igreja não perdoa os pecados, entretanto, ela é o canal, o instrumento pelo qual o perdão de Deus chega aos nossos corações. O padre não pode perdoar os nossos pecados, porque, somente Deus pode fazê-lo, mas o sacerdote é o instrumento escolhido e usado pelo Senhor. O ministro, o sacerdote, o bispo, todo aquele que recebeu a ordenação com esse poder, com essa delegação, age pela força do Espírito Santo para perdoar os pecados.

Uma vez que nossos pecados são perdoados por Deus e que somos lavados de nossos pecados, devemos exercer o mesmo perdão para com os nossos irmãos e irmãs. Precisamos ser instrumento da Misericórdia Divina para com todos os pecadores. Primeiro, tendo misericórdia e paciência com os nossos próprios limites e fraquezas; depois, exercendo a misericórdia nos campos da vida, onde estamos presentes.

Nossa casa e família precisam ser o primeiro lugar para vivermos o perdão e a misericórdia. Não se renova uma família se ela vive trabalhando, rodeada de mágoas, ressentimentos, desentendimentos e situações que não deram certo. Não se trabalha em cima de mágoas, mas de perdão, reconciliação, misericórdia, renovação e  superação.

“Ah, mas eu não dou conta!”. Pode ser que humanamente não tenhamos forças para dar conta de praticar o perdão necessário, mas o mesmo Deus que nos perdoa de tantos pecados nos dá força, graça e unção para sermos perdão e misericórdia nos campos de trabalho onde nos fazemos presentes nesta vida.

Neste domingo santo da Misericórdia Divina, sejamos canal da misericórdia de Deus onde quer que estejamos!

Deus abençoe você!

Padre Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova

2º Domingo da Páscoa

No primeiro dia da semana, os discípulos reunidos se enchem de alegria por verem o Senhor como ele havia prometido (14,19; 16,16-24). A paz que Jesus oferece é enfatizada (20,19.21.26), por ser dom de sua morte e ressurreição. Ela, de modo diverso do mundo (14,27), proporciona o slalom que vem de Deus que inclui a concórdia entre os povos (Ef 2,11-22). O Ressuscitado, reconhecido com os sinais da paixão nas mãos e no lado, liberta do medo os que continuam provados pelas perseguições e mortes (16,2; Hb 2,18). O Espírito Santo, dádiva da Páscoa de Jesus, relembra o sopro de Deus que tornou o homem ser vivente (Gn 2,7). Os discípulos, fortalecidos pelo Espírito do Ressuscitado, continuam o ministério de misericórdia e conciliação. Oito dias depois abre uma semana nova, mas também o tempo do “crer” dos que não fizeram a experiência direta das aparições do Senhor. A aclamação litúrgica: Meu Senhor e meu Deus é a profissão de fé da comunidade em Jesus, exaltado como Senhor glorioso por sua entrega plena na cruz. Felizes aqueles que não viram e creram, ou seja, todos os que creem pela palavra anunciada e testemunhada pelos discípulos. Muitos sinais realizados por Jesus foram escritos para levar a crer em Jesus, o Cristo, o Filho de Deus, e a viver em seu nome.

Na leitura dos Atos, a comunidade crente se reúne no Pórtico de Salomão (3,11), para escutar o ensinamento dos apóstolos (2,42) e testemunhar os sinais e prodígios que eles realizavam em nome de Jesus.

Como salmo, agradecemos ao Pai pela sua misericórdia eterna manifestada em Cristo, a pedra rejeitada que se tornou a pedra principal.

Na leitura do Apocalipse, as comunidades perseveram nas tribulações com a força que vem da ressurreição de Jesus, celebrada de modo especial no Dia do Senhor, o Domingo.

Neste “Dia do Senhor”, a força da ressurreição é fonte de testemunho e de alegria, de paz e perdão. É esta força que gera as novas comunidades chamadas a prolongar a obra de Jesus. Ao fazer memória deste evento fundamental da nossa fé, também em nós se renova a alegria e o fervor na missão.

Escutemos a Palavra do crucificado-ressuscitado, deixando que ela toque nosso coração e nos anime a assumir com renovado ardor a missão que nos é confiada a cada dia.

Revista de Liturgia